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Convidada pela Porto da Pedra para desfile sobre Amazônia, filha de Chico Mendes dá continuidade ao legado do pai

Pela primeira vez na Sapucaí, Angela Mendes representou seu pai em homenagem à luta pela preservação da Amazônia

relogio min de leitura | Escrito por Lara Neves | 27 de fevereiro de 2023 - 08:49
Angela Mendes preside comitê que leva o nome de seu pai, o ambientalista Chico Mendes
Angela Mendes preside comitê que leva o nome de seu pai, o ambientalista Chico Mendes -

Dando continuidade ao legado do ambientalista Chico Mendes, a ativista socioambiental Angela Mendes, filha do acreano, desfilou na campeã Porto da Pedra para representar a luta de pessoas que deram suas vidas pela causa. O SÃO GONÇALO entrevistou Angela para entender sua reação diante do convite da agremiação, sua relação com o carnaval e o prosseguimento ao trabalho de seu pai.

A filha de Chico desfilou ao lado da viúva de Dom Phillips, jornalista assassinado no ano passado, no último carro alegórico do Tigre de São Gonçalo, que homenageava pessoas que deram suas vidas para defender a floresta Amazônica e os povos originários.

"Foi muito gratificante ver que a escola lembrou do nosso nome e fez esse convite. Fiquei muito emocionada e feliz, porque acho incrível o poder que o carnaval tem de usar as massas e ser uma manifestação popular com uma potência muito grande de mobilizar e de visibilizar pautas que são muito importantes", disse Angela, que esteve pela primeira vez na Sapucaí.

A agremiação de São Gonçalo levou para a avenida o enredo "A Invenção da Amazônia: Um delírio do imaginário de Júlio Verne”, baseado no livro “A Jangada: 800 léguas pelo Amazonas” de Verne
A agremiação de São Gonçalo levou para a avenida o enredo "A Invenção da Amazônia: Um delírio do imaginário de Júlio Verne”, baseado no livro “A Jangada: 800 léguas pelo Amazonas” de Verne |  Foto: Layla Mussi
 

Angela nasceu no seringal Cachoeira, em Xapuri, no Acre, e hoje preside o comitê que leva o nome de seu pai, uma organização criada na noite do assassinato de Chico Mendes. A ONG surgiu com duas missões principais: a de mobilizar a sociedade, nacional e internacional, para pressionar as autoridade brasileiras a investigar o assassinato de Chico e de outras lideranças, e a de manter viva a história de luta e o legado do ativista.

Chico Mendes foi um importante símbolo da luta pela preservação da Amazônia. Ele lutou a favor dos seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas. Ele foi assassinado em 22 de dezembro de 1988, em Xapuri, no Acre, mesmo lugar em que nasceu, por donos de terras que se opunham à luta que ele mantinha.

Além de Chico Mendes e Dom Phillips, o Porto da Pedra prestou homenagem ao indigenista Bruno Pereira, assassinado junto com Dom, e à irmã Dorothy Stang, missionária americana e ativista ambiental assassinada em 2005 em Anapu, no Pará.

"Uma coisa é a gente assistir na TV. Outra coisa é a gente estar presente e sentir toda aquela pulsação que vem dos membros dos foliões da comunidade. Foi muito importante para eu entender essa relação visceral que a comunidade tem com a sua escola. E os compositores foram muito felizes. Criaram um enredo belíssimo que traz essa memória da luta dos ativistas ambientais", conta.

A agremiação de São Gonçalo levou para a avenida o enredo "A Invenção da Amazônia: Um delírio do imaginário de Júlio Verne”, baseado no livro “A Jangada: 800 léguas pelo Amazonas” de Verne. A escola propôs, com o desfile, uma espécie de “delírio-enredo” que apresentou as figuras que deram forma ao imaginário amazônico, através do trabalho do carnavalesco Mauro Quintaes e do enredista Diego Araújo.

Na última semana, Angela esteve em São Gonçalo para participar de uma atividade na Área de Proteção Ambiental Estâncias de Pendotiba, em Maria Paula, e para ministrar uma palestra para os alunos do Colégio Municipal Presidente Castelo Branco, no Boaçu, sobre a importância do cuidado da sociobiodiversidade e a história e legado de Chico Mendes.

No final da visita, ela plantou duas mudas de pau-brasil como parte da neutralização das emissões da escola de samba no desfile.

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