Pronto Socorro teria tentado esconder da família caso de bebê que teve dedo amputado
Caso, que aconteceu na última terça (14), só teria sido plenamente esclarecido à família nesta quarta (15)
Familiares da pequena Lara Adriano Oliveira de Souza, bebê de apenas um ano e oito meses que teve parte do dedo amputado por causa de um erro médico no Pronto Socorro Infantil de São Gonçalo, registraram, na tarde desta quinta-feira (16/03), um boletim de ocorrência na 72ª DP (Neves) a respeito do caso. Em conversa com OSG, eles relataram que a unidade demorou a prestar esclarecimentos sobre a situação.
O pai da menina, Tiago Lemos de Souza, explica que até agora tem dificuldades em compreender a situação. "Não tem nem como entender uma coisa dessa. É um dedo. Imagina para cortar com uma tesoura, sem anestesia. Só devem ter conseguido ver depois que a ponta do dedo já tava caindo. E eles não sabem nem onde está essa pontinha do dedo", reclama o autônomo.
A criança foi levada a unidade, no bairro Zé Garoto, para tratar de uma picada de inseto na testa que acabou inflamado. A equipe prescreveu um antibiótico e soro, e resolveu fazer um acesso intravenoso na mão direita da menina para a aplicação. Para evitar que ela removesse o acesso, os enfermeiros enfaixaram a mão da criança.
Na última terça (14/03), ao tentar remover o acesso, uma técnica de enfermagem acabou cortando parte do dedo mindinho da criança com uma tesoura, enquanto tirava a atadura. Ela foi levada ao centro cirúrgico e voltou com a falange superior do dedo amputada.
"Quando ela me mostrou no raio-x, não achei que tinha sido tanta coisa. Achei que tinha sido algo menor, na metade da unha", explica a avó de Lara, Adriana Lemos. Ela ressalta que a unidade não queria desenfaixar a mão da menina para que ela visse como estava a mão da bebê, e que eles só conseguiram, de fato, ver como estava na última quarta (15/03).
"Quando eu cheguei lá, percebi que tinha alguma coisa muito errada, a família toda veio e aí a gente conseguiu que mostrassem o que aconteceu. Pedi para abrir as ataduras. Disseram: 'Não, não pode abrir, vai infeccionar'. Falei 'Quero que abra, tá muito estranho'. Aí disseram que não podia tirar foto, que tem uma lei que proibia de tirar foto. Perguntei onde estava o livro da lei deles, porque eu queria ver na lei onde que diz que eles podem amputar o dedo da minha neta", conta a avó.
A menina permanece internada na unidade, com quadro estável. A família estuda transferir a criança para outro lugar. De acordo com eles, a menina percebeu a amputação assim que acordou e ficou bastante assustada. "Ela ficou procurando: 'Dedo, dedo!'", revelou a avó.
A técnica de enfermagem está afastada. De acordo com relatos de testemunhas, ela teria ficado profundamente desolada quando percebeu a situação. "As médicas disseram que ela ficou muito apavorada quando percebeu o que fez, chorando muito", compartilha Adriana. A profissional, concursada no município há mais de 20, teria pedido perdão à mãe da menina. Uma sindicância foi aberta para apurar detalhes do ocorrido, que também está sendo investigado pela Polícia Civil.