Família que teve casa interditada após desabamentos no Barreto cria vaquinha online para ajudar a realizar obra
Professora, mãe e filho estão fora de suas residências desde janeiro por conta do desabamento, que aconteceu após fortes chuvas na região
Uma professora de 44 anos, sua mãe de 69 e o filho de 6, estão desde janeiro sem poder dormir na residência onde vivem, no Barreto, em Niterói, por conta do desabamento de um muro que acabou interditando o terreno. Como as obras acabaram atrasando e o orçamento investido já estourou, as moradoras resolveram criar uma vaquinha online para ajudar a conseguir os recursos para dar continuidade ao trabalho.
Renata Santiago e sua mãe, Júlia Maria, que também é professora pela rede pública do município, contam que o drama começou no dia 6 de janeiro. Após dois dias de intensas chuvas na região, o muro que divide seu terreno com o da vizinha foi parcialmente derrubado por um deslizamento. Elas precisaram deixar as duas casas que compõem o espaço para ir morar com uma familiar no bairro de Itaipu. Renata, inclusive, precisou rescindir o contrato com a escola onde estava trabalhando, em Itaboraí, pois não iria conseguir se deslocando para lá todos os dias de seu novo endereço temporário.
Ela relembram que a construção já havia apresentado sinais de risco antes. "Há algum tempo o muro vinha dando sinais de que não era seguro e foi criando uma barriga", elas relatam. Nas semanas posteriores ao desabamento de parte dele, elas foram atrás de um engenheiro para iniciar uma obra de reparo. Cerca de um mês depois, fecharam em um projeto orçado em mais de 46 mil reais. "Para não correr risco, resolvemos fechar com o engenheiro com quem fechamos o projeto. Ficou tão caro quanto ficaria com todos os outros que vimos", explica Renata.
Como nem elas nem a família da vizinha do outro lado do muro tinham condições financeiras de arcar com os gastos, ambas precisaram pedir empréstimos. Parecia ser um mal necessário para resolver a questão o quanto antes. Apesar disso, a obra acabou não acontecendo da forma como imaginavam. "Nos deram um prazo de duas semanas, mas ficou claro que [a obra] não estava sendo encarada como emergencial", afirma a professora.
E então, nesse meio tempo, com o atraso nos reparos, mais surpresas infelizes chegaram junto com as chuvas. "Ocorreram outros desabamentos e o muro inteiro veio abaixo, sobrou só um pedaço". A casa ficou em condições piores e o ritmo moroso da obra acabou deixando a situação ainda mais complicada para a família, que não conta com o apoio da Prefeitura ou de qualquer auxílio, e também não tem mais condições financeiras para cobrir os gastos, que excederam o orçamento previsto.
"A Defesa Civil não tinha condenado, mas com os desabamentos acabaram precisando interditar. Ainda tive que ‘brigar’ com eles para que voltassem lá para rever", revela Renata. Ela conta que os agentes não queriam retornar para rever a casa após o desabamento completo por alegarem que o laudo anterior ainda seria válido. Ainda assim, quando voltaram ao local, constataram a necessidade da interdição e, para complicar, cobraram às proprietárias um alvará específico. Nas semanas anteriores, enfatizam, elas já haviam perguntado se haveria necessidade do alvará e a resposta havia sido negativa.
"Tô desalojada, desempregada, gastando muito dinheiro e tendo que pipocar para todo lado por causa de problemas de informação. Cada coisa que a gente faz para resolver só acaba piorando a situação. A gente está a ponto de ter uma síncope", desabafa a professora. Nesta semana, seu filho completa sete anos e vai precisar comemorar o aniversário longe de casa, sem ter ideia de quando poderá voltar.
Os apoiadores interessados em acompanhar o andamento das obras podem ver os registros feitos pela família no perfil do Instagram @obra_do_muro. Já para quem quer ajudar financeiramente, a família recebe qualquer valor pelo link oficial da vaquinha online.