Dia do Gari: categoria celebra o dia pedindo mais respeito e valorização
Garis de Niterói e São Gonçalo relatam o reflexo da profissão na sociedade
Atenciosos, responsáveis, esforçados e com um condicionamento físico de dar 'inveja', os profissionais da limpeza urbana reclamam de muitas vezes serem invisibilizados. Celebrado nesta terça-feira (16), o Dia do Gari é uma ótima oportunidade de dar voz e ressaltar a importância desses profissionais que fazem tanto pela melhoria das cidades.
De acordo com um estudo feito pelo Sindicato dos Empregados de Empresas e Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (SIEMACO) em conjunto com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 1 em cada 4 pessoas que trabalham com limpeza sofreu discriminação. Entre os garis, são 42%. Os números, porém, podem ser maiores.
‘’A gente ‘tá’ varrendo e a pessoa joga lixo pertinho, em vez de jogar no carrinho, joga no chão ou pela janela do ônibus. Não procuram lixeira para jogar não, jogam no chão." relata Daniele Souza, a gari varre às calçadas da rua Jovelino Oliveira Viana, no bairro Alcântara, em São Gonçalo há 4 anos e sustenta a família de 4 filhos e dois netos.
O gari Valmir Marins de Bastos, de 51 anos, que embora enxergue o tratamento das pessoas com o trabalho do gari de forma otimista, afirma ter alguns episódios em que o preconceito pesa mais. ‘’As pessoas falam mal, dizem que o trabalho do gari não é bem feito, os próprios moradores. Às vezes a gente vai pedir um copo d’água e as pessoas dizem que não tem, ou então dão água quente para gente.’’ conta o gari, que exerce o ofício há 27 anos.
Otimismo no ofício
Ainda assim, os trabalhadores deixam de lado os tratamentos negativos que recebem e seguem com leveza e bom humor a jornada de trabalho. Em dias quentes, a temperatura elevada se sobrepõe ao costume de serem tratados de forma hostil, mesmo assim, nos dias em que o tecido do uniforme parece intensificar o calor, o sorriso no rosto e o fone de ouvido não abandonam os varredores. ‘’Quando o sol está muito quente é que é ruim né? Essa roupa esquenta muito, mas eu vou ouvindo minha musiquinha para distrair." conta a gari.
Daniele também compartilhou que apesar dos dias ruins no trabalho, muitas pessoas são respeitosas e fazem questão de melhorar o dia da gari. ‘’Todo mundo dá 'bom dia' 'bom trabalho', eu gosto. Fora que eu ganho muita coisa, tomo café umas três vezes na rua." relata a varredora, que diz poder ser uma exceção da rua em que ela trabalha.