Padres condenados por abuso sexual de crianças escreveram diários com detalhes dos crimes
Segundo o livro ‘’Pedofilia na Igreja’’, desde 2001 mais de cem padres foram condenados por estupro
Em meados dos anos 2000, os padres que atuavam em cidades de São Paulo, Alfieri Eduardo Bompani e Tarcísio Tadeu Sprícigo foram presos por abuso sexual. Antes da condenação, os dois padres eram referenciados pelos fiéis. Escreviam livros sobre a doutrina católica e eram populares nas missas que faziam. A outra prática que os dois tinham em comum, de abuso sexual de crianças e adolescentes foi investigada e condenada.
Durante as investigações, a polícia encontrou manuscritos que descreviam os abusos sexuais, em forma de diário. O conteúdo dos manuais espantou os investigadores pela quantidade de detalhes, em que haviam lições e orientações de como cometer os crimes disfarçando atrás da figura religiosa.
Os cadernos foram apreendidos na casa paroquial onde morava Alfieri serviram como prova dos crimes. Nos relatos, o padre descreve de forma direta as obscenidades cometidas, em determinadas situações, o homem descreveu situações em que se masturbou na presença dos jovens, relatou ainda quando tocou neles ou quando exigiram ajuda dos abusados.
As histórias dos criminosos constam no livro ‘’Pedofilia na Igreja: Um dossiê inédito sobre casos de abusos envolvendo padres católicos no Brasil.’’ que reúne de forma inédita, os crimes sexuais cometidos por religiosos contra menores de idade no país. Foram reunidos casos de 108 sacerdotes, desses, 148 crianças foram abusadas. Sessenta deles foram condenados.
Alfieri utilizava como cenário dos abusos o Sítio Nazaré, situado em Sorocaba, que abrigava menores carentes, o sítio foi fundado em 1999. A Polícia Civil iniciou as investigações após receber uma denúncia de um dos abusados. Em 2003, o padre foi indiciado pelo Ministério Público pelos crimes de atentado ao pudor.
Depois de 13 anos, Alfieri Bompani falou sobre as acusações:
‘’Gosto de escrever e pegaram esses escritos, eu escrevia sobre homossexualismo e colocaram como se fossem práticas minhas. Nunca pratiquei nada daquilo." defendeu-se.
Tarcisio Tadeu fez vítimas em três estados por 15 anos. Na investigação conduzida pelo delegado Paulo Calil, um manual de pedofilia escrito por ele também foi descoberto.
‘’Apreendemos muita coisa na casa paroquial. Os diários estavam numa escrivaninha antiga trancada à chave.’’
Em um dos trechos dos escritos do diário, Tarcísio descreveu a forma como fazia para escolher os meninos que iria abordar. ‘’Sei que chovem garotos seguros, confiáveis, que são sensuais e que guardam um total segredo, que são carentes de pai e só com a mãe. Eles estão em todos os lugares, basta só ter um olho clínico e agir com leis seguras no campo social.’’
Ele foi condenado em 2003 a uma pena de 15 anos de prisão por atentado violento ao pudor, contra um menino de oito anos, em Agudos, no interior de São Paulo.