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Ucranianos relatam a existência de salas de torturas em centros de detenção na Rússia

Promotores acusaram quatro agentes da guarda nacional por crimes de guerra

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de junho de 2023 - 11:16
Centro de detenção provisória está situado em Kherson, no sul da Ucrânia
Centro de detenção provisória está situado em Kherson, no sul da Ucrânia -

Na última semana, promotores ucranianos denunciaram quatro agentes da guarda nacional de Vladimir Putin por tratamento cruel de civis e infração das leis de guerra, em centros de detenção sob custódia, na Rússia. Um deles era o comandante do centro de detenção e os outros três, subordinados. A entrevista é do The New York Times. 

O senso de impunidade dos agentes que comandavam o centro de detenção russo, em que 200 ucranianos estavam mantidos sob custódia, era explicitado nos atos de tortura: espancamento, choques elétricos, ameaças de afogamento e simulações de execuções. O centro fica localizado na região de Kherson, no sul da Ucrânia. Alguns dos agentes, foram descuidados e não ocultaram as identidades. Três civis morreram sob custódia. 

A descoberta foi a primeira a ser feita após o início das investigações por promotores ucranianos em um dos centros ocupados por mais de oito meses por forças russas. Em novembro do ano passado, uma contraofensiva da Ucrânia forçou a saída das tropas. 

Os investigadores descobriram centenas de crimes executados durante a ocupação russa, incluindo execuções e mortes sob custódia. Violência sexual, tortura e espancamento foram praticados nas 11 salas de tortura descobertas pelo centro. 

Algumas das vítimas ajudaram a identificar os quatro guardas responsáveis pelas agressões de homens e mulheres nas câmaras dispostas nas salas. Os promotores que estavam fazendo a investigação conseguiram que quatro dessas vítimas falassem com jornalistas em Kiev, na semana passada. 

De acordo com os investigadores, dois homens e uma mulher morreram no local sem ter direito a tratamento de saúde. Além disso, 17 detidos relataram ter sido vítimas de violência sexual e tortura, alguns contaram que foram submetidos a choques elétricos nas genitais. 

O centro de detenção foi identificado a partir de informações do serviço de inteligência ucraniana, interceptações telefônicas e testemunhas. Grande parte das torturas aplicadas foram feitas para forçar confissões, relata o procurador-geral ucraniano Andriy Kostin. 

Vítimas falam

Um marinheiro ucraniano relatou algumas das torturas a que foi submetido. Oleksii Sivak, de 38 anos, se tornou ativista depois das ocupações russas, pintando bandeiras ucranianas, símbolos nacionais e pichando muros na cidade de Kherson. Detido em agosto de 2022, o marinheiro sofreu espancamento e choques elétricos, inclusive nos órgãos genitais durante os interrogatórios. Contudo, Sivak conseguiu identificar um dos guardas.

Serhii Ruban, de 42 anos, não resistiu às violências e veio a óbito. De acordo com a mãe do consultor de vendas, Nina Ruban, ele foi visto pela última vez no dia 12 de junho. Seis dias depois a mãe foi notificada pelo quartel-general sobre a morte do único filho. Segundo os promotores que estão investigando o caso, testemunhas presenciaram Ruban sendo fortemente espancado nas celas e no corredor. Os investigadores o encontraram numa vala comum, em fevereiro, e sua mãe só conseguiu reconhecê-lo pela tatuagem que o homem tinha nos dedos. Com várias fraturas na costela, ficou nítido a morte por espancamento. 

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