Suprema Corte dos EUA pode desconsiderar raça como critério para o ingresso de estudantes nas universidades
A Suprema Corte julga neste mês duas ações que podem determinar a proibição
A Suprema Corte dos EUA julga neste mês, duas ações que podem tornar ilegal que as universidades considerem a raça dos candidatos em processo de admissão. Analistas apontam que isso pode mudar consideravelmente o panorama das instituições de ensino estadunidenses. As informações são da Folha de São Paulo.
As ações foram movidas contra as universidades de Harvard e da Carolina do Norte. As cotas raciais já são proibidas no país, contudo, as universidades podem criar suas próprias políticas de incentivo a estudantes negros e hispânicos.
Dada a maioria conservadora da atual Suprema Corte, a expectativa dos analistas é que a chance de uma decisão que proíba essas ações afirmativas é grande. Caso seja determinada, será a segunda vez em um ano que a decisão do colegiado altera políticas históricas. A primeira foi a mudança do entendimento construído em 50 anos que descaracteriza o acesso ao aborto como um direito constitucional.
As universidades são acusadas agora de negligenciar alunos brancos e ascendência asiática em favor dos negros, hispânicos e indígenas.
Hoje, nove estados impedem o uso de ações afirmativas. Em 2006, um referendo aprovado por 58% da população proibiu o uso de raça, gênero e religião em processos seletivos de universidades e vagas de empregos. A mudança impactou significativamente o perfil demográfico dos estudantes das universidades. A proporção de estudantes negros na Universidade de Michigan caiu de de 8% na época para 2,5%.
Sem poder usar a raça como critério para admissão, a universidade passou a adotar políticas voltadas para a classe social com objetivo de aumentar a diversidade.
No Brasil, a lei de 2012 que reserva metade das vagas em instituições federais para cotas (divididas entre critérios raciais e sociais) já teve sua constitucionalidade confirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
Nos EUA, o sistema de admissão é diferente. Enquanto a maioria das universidades brasileiras utilizam apenas o vestibular como critério de admissão, as americanas podem usar, além de uma prova, critérios como histórico escolar do candidato e cartas de apresentação e recomendação. Assim, é comum que o processo seja menos objetivo, sobretudo porque muitas instituições não divulgam seus métodos.