Após dizer que igreja não é para homossexuais, pastor André Valadão faz post polêmico:" Deus odeia o orgulho"
O arco-íris é reconhecido como símbolo das minorias sexuais
‘’Deus odeia o orgulho’’ foi com essa frase que o pastor evangélico e cantor André Valadão chamou atenção para o seu post no Instagram da Igreja Lagoinha. A publicação, feita na tarde do último domingo (05), divulgava o tema do culto no mesmo dia, algumas horas mais tarde. A questão, no entanto, é que o orgulho a que Valadão se refere supostamente não é o orgulho inerente aos seres humanos, que nos impede de ir atrás de alguém ou admitir um erro, mas o orgulho da luta e causa LGBTQIA+.
Após o culto, no perfil de André foi postado um vídeo com momentos da pregação. Em um deles, o pastor profere a frase ‘’Nós cremos no poder do arrependimento,’’ além de disseminar a ideia de que pessoas que integram a comunidade LGBTQIA+ deveriam se arrepender, também contribui com o estigma de que sexualidade seja uma questão de escolha e opinião.
No post de divulgação, em uma das fotos, o pastor aponta que a realidade das pessoas que não se assumiram por algum motivo, seja por desaprovação da família, seja por medo de ficar desassistido, são na verdade, a consequência e a vergonha causada pelo pecado. ‘’Por isso a tendência de quem peca é tentar se esconder e não ''sair do armário.'' Porque pecado gera falta de paz e medo das consequências.’’
O post e o vídeo atraíram comentários coniventes à opinião, mas por outro lado, diversas pessoas comentaram dizendo que o post se trata de homofobia. Alguns trouxeram até mesmo a legislação que prevê o crime de mesma natureza. ‘’Homofobia é um crime imprescritível e inafiançável (Lei n 7.716/1989). O artigo 20 da lei em questão prevê pena de um a três anos de reclusão e multa para quem incorrer nessa conduta. @mpmg.oficial’’ comentou um internauta, no comentário, o usuário marcou o Ministério Público de Minas Gerais.
‘’O contrário: Deus ama o orgulho! Deus odeia é o falta de empatia e o preconceito!’’ comentou outro usuário discordando. Apesar de alguns pronunciamentos contrários ao do post, a quantidade de pessoas que saíram em defesa da igreja e do pastor, impressiona. ‘’Estou maravilhado com você, pastor André. Conte comigo em oração em tudo que a igreja precisar.’’ defendeu.
POLÊMICAS
Não é a primeira vez que o pastor faz questão de tecer comentários e críticas direcionados ao público LGBTQIA+, na família de André Valadão, a polêmica envolvendo homofobia já aconteceu algumas vezes. Sua irmã, Ana Paula Valadão, foi severamente criticada por uma alegação feita em 2016 durante um congresso transmitido pela internet e por um canal na televisão. Durante a transmissão, a pastora associa o surgimento e disseminação da AIDS aos casais homossexuais.
"Taí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres, enfim…Não é o ideal de Deus”, afirmou Ana Paula durante o congresso. Em 2021, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação contra a evangélica, além da determinação do pagamento de uma indenização que chegou a 2 milhões de reais.
Em setembro de 2022 o pastor também foi acusado de homofobia ao dizer que igreja não era lugar para gays. " Entendi. São gays. A igreja tem um princípio bíblico. E a prática homossexual é considerada pecado. Eles podem ir para um clube gay ou coisa assim. Mas, na igreja, não dá. Esta prática não condiz com a vida da igreja. Tem muitos lugares que gays podem viver sem qualquer forma de constrangimento. Mas na igreja é um lugar para quem quer viver princípios bíblicos. Não é sobre expulsar. É sobre entender o lugar de cada um", disse o pastor ao responder a pergunta de um seguidor nas redes sociais.
A postagem foi apagada pouco depois da publicação.
Mês do orgulho LGBTQIA+
Junho é conhecido internacionalmente como o Mês do Orgulho LGBTQIA+. Foi em 28 de junho de 1969 que os frequentadores do Stonewall Inn., bar gay no vilarejo de Greenwich, em Nova York, resolveram dar um basta nos anos de violência, causando o "levante" ou "revolta" que daria origem ao movimento LGBTQIA+ de hoje.