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Mês do Orgulho: Famílias mostram que onde reina o amor não existe intolerância

Quando o amor e o respeito das famílias vibram junto às cores do arco-íris

relogio min de leitura | Escrito por Sofia Miranda | 28 de junho de 2023 - 08:00
Julia Aquino e sua avó, dona Rosa.
Julia Aquino e sua avó, dona Rosa. -

Tradicionalmente a comunidade  LGBTQIAPN+ é representada pela bandeira mais conhecida do movimento, preenchida pelas cores vermelha, laranja, amarelo, verde, azul, e roxo. Embora faça alusão ao arco-íris, a realidade daqueles que se descobrem integrantes da comunidade é, geralmente, bastante sombria.  

Isso porque, desde que o mundo é mundo, a visão que prevalece é a de que o homem nasceu para a mulher e vice-e-versa. Enquanto o cristianismo, o catolicismo e as religiões que se baseiam na bíblia ajudam a fomentar essa ideia, por mais que o mundo tenha evoluído, a questão ‘’Como eu vou explicar para o meu filho o que são dois homens se beijando?’’ continua imperando na sociedade e ajuda camuflar aquilo que justifica todas as agressões destinadas à comunidade  LGBTQIAPN+: a homofobia. 


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Por mais que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mapeie uma estimativa de 2,9 milhões de pessoas que se dizem gays, lésbicas ou bissexuais, número que corresponde a 1,8% da população, esse número poderia ser ainda maior. Contudo, as ofensas, o aumento de 33,3% de mortes violentas de pessoas LGBTQIAPN+ e a expulsão de casa por aqueles que deveriam proteger, são os principais fatores para que muitos achem o armário um lugar mais confortável, e de fato, talvez seja. 

Contudo, quando as portas dos armários são abertas por vontade própria ou à força, um grupo específico de pessoas são as mais afetadas pelo preconceito circundante na sociedade. Dados fornecidos pelo Centro de Cidadania  LGBTQIAPN+ de Niterói, entidade responsável por oferecer atendimento social e psicológico e assessoramento jurídico para casos que são necessários, mostram que as principais vítimas possuem um perfil muito bem delineado: mulheres trans e pessoas pretas. O primeiro grupo corresponde a 43% do percentual de pessoas que procuram pelos serviços, sendo recortado por gênero. O segundo grupo, corresponde ao recorte de raça, que atinge 34% da demanda. 

Fachada do Centro de Cidadania LGBTI de Niterói
Fachada do Centro de Cidadania LGBTI de Niterói |  Foto: Filipe Aguiar
 

O poder do amparo 

Ainda assim, mesmo que pareça raridade, reações de acolhimento por parte daqueles que compõem o núcleo familiar podem ser uma realidade, essa, por sua vez, impacta diretamente na segurança e autoestima de pessoas LGBTQIAPN+, conforme explica a psicóloga e doutoranda em Psicologia com ênfase em Produção de Subjetividade e Exclusão Social, Ellen D'Oliveira.

‘’Quanto mais uma pessoa se sentir respeitada e tiver espaço para se comunicar, mais ela pode aprender a lutar pelos seus direitos, a combater injustiças e não se colocar em situações de abuso emocional ou moral, porque ela vai temer menos a passar por situações de ser repreendida, ignorada ou desrespeitada. O respeito e o diálogo, quando aprendidos desde pequenos através do exemplo e da prática, são importantes ferramentas para construir uma personalidade autônoma e corajosa.’’

Porém, um detalhe importante para se atentar é que essa construção de diálogo pode ser uma dificuldade até para os pais que desejam acolher seus filhos, por alguns motivos, seja por ignorância, por não saber como se aproximar ou por ser de uma outra época. É importante que esses fatores sejam levados em consideração por quem se assume, já que cada um tem o seu processo de entendimento e aceitação. Ainda assim, essa compreensão por parte dos que estão se assumindo, não deve abrir portas para que seja instalado o desrespeito, já que isso vai diretamente de encontro ao que temos como acolhimento. 

Kauãnn Silva
 

Para Kauãnn Silva , de 20 anos, a diferença geracional entre a própria existência e a de sua avó, dona Iracema Costa, de 79 anos, que cumpre o papel de mãe, não foi um fator que fez com que ela não entendesse a sexualidade do neto, que se identifica como gay. Talvez seja porque ele, que hoje atua como auxiliar de cabeleireiro, quando pequeno, atendia ao que a sociedade chama de ‘’gay afeminado’’. Nas brincadeiras com os bonecos, Kauãnn já performava sua exuberância e a forma colorida como enxergava o mundo, as embalagens de bala de coco de seda virava a peruca dos bonecos Max Steel. 

‘’Eu não fui uma pessoa que tentava parecer uma coisa que eu não era. Eu deixava claro para minha mãe que eu gostava de boneca, eu gostava de tudo que era do universo feminino. Em alguns momentos eu sentia que ela ficava um pouco assustada. Com 12, 13 anos eu via ela passando batom, pó e eu queria passar também, mas ela não escondia, não arrancava a maquiagem do meu rosto. A minha mãe não me moldava para eu me encaixar em tudo que ‘era de menino’. Eu sempre gostei de roupa mais justa, que modelava meu corpo. Eu lembro que quando eu ia para a escola, minha mãe comprava uma bermuda jeans e quando passava do joelho, eu dobrava e ia para a escola assim, e eu não me lembro onde eu aprendi isso. São coisas que vinham comigo.’’ 

Kauãnn da Silva e sua mãe, Iracema Costa
Kauãnn da Silva e sua mãe, Iracema Costa |  Foto: Arquivo pessoal
 

O jovem que apesar de ter tido a aceitação de sua mãe, sofreu episódios intensos de homofobia dentro da própria família por membros mais afastados do núcleo parentesco de todo dia, mas quando vivenciou isso, teve quem tomasse suas dores. 

‘’A minha mãe nunca deixou os comentários da família caírem sobre mim, ela me defendia com unhas e dentes. Minha tia Fátima e Monique (tia) me ajudaram em um momento muito difícil da minha vida. Foi quando um tio meu disse que eu ia fazer minha mãe passar vergonha, eu era uma criança e ele falou aquilo na minha cara. Tia Fátima ficou doida. Eu lembro que ela sentou na minha cama, no meu quarto e falou ‘ele (tio) fala muito mal de você, mas eu estou contigo pro que der e vier’ ela falou exatamente assim, e isso me fortaleceu, me deu um gás para eu ser quem eu era.’’ contou. 

Em relação à forma de ter sido acolhido pela mãe e pelas tias, a aceitação se mostrava através de atos demonstrativos, nem sempre palavras de afirmação eram a principal fonte de fazer com que ele se sentisse abraçado. ‘’A minha mãe foi se adaptando, mas o amor que ela sentia por mim foi capaz de realmente deixar isso passar como se não fosse nada. Quando ela via que algo ia me deixar feliz, ela fazia de tudo para que aquilo acontecesse. Às vezes a gente não precisa escutar, mas só de ver como a pessoa age com você, a gente entende o que aquela pessoa quer dizer.’’

Julia Aquino
 

Diferente de Kauãnn, que desde pequeno percebia que gostava de meninos, Julia Aquino Bezerra, de 19 anos, percebeu um pouco mais tarde, aos 16 anos que se tratava de uma mulher que gostava de outras mulheres. Ainda assim, só sentiu necessidade de dizer ao mundo que era lésbica quando começou a se relacionar amorosamente com sua namorada, Rafaela Marques. Mas apesar do ato de coragem, a estudante de psicologia tinha alguns medos. 

‘’Nessa época minha irmã morava fora de casa, aí eu ficava pensando ’nossa, se eu for expulsa de casa, vou ter para onde correr.’ pelo menos eu tinha esse porto seguro ``. relatou. A ideia de se assumir começou a florescer pela necessidade de compartilhar com a família as coisas boas que estava vivenciando. Ainda assim, o momento típico de sentar e dizer ‘’eu sou lésbica’’ foi substituído por um susto, Julia teria sido flagrada pelo pai de mãos dadas com a namorada, no entanto, foi surpreendida por um apoio inesperado. 

‘’Nós estávamos andando, voltando do cinema e aí eu só escutei meu pai do outro lado da rua ‘Julia’, eu só larguei a mão dela e ele veio falar com a gente. Ele ficou desconfortável, ele não sabia o que fazer, estava com uma sacola cheia de picolé e disse ‘Querem um picolé?’, aí ele veio e me deu um abraço. Meu pai nunca me abraça, eu pensei ‘caramba’.’’ 

O pai de Julia, que desde o primeiro momento manifestou interesse em conhecer a namorada da filha, a quem ele se referia como ‘amiga’ inicialmente, contou para a avó de Júlia, uma figura importante na vida da estudante. O medo de que a avó não entendesse foi rapidamente desfeito. Mesmo nascida em anos em que a causa LGBTQIAPN+ era vista de forma ainda mais marginalizada, dona Rosa se esforçou para demonstrar apoio, apesar das limitações tecnológicas. 

Julia Aquino e sua avó, dona Rosa.
Julia Aquino e sua avó, dona Rosa. |  Foto: Arquivo pessoal
 

‘’Eu estava muito em dúvida em relação a reação da minha avó, ela é uma figura muito importante na minha vida, mas ela reagiu muito bem. Eu postei uma foto com Rafaela, ai minha prima depois me contou que ela disse ‘me ajuda a comentar na foto da Julia e da Rafa’. E ela comentou ‘ai que lindas minhas netas’ e eu chorei horrores. As únicas opiniões que importam mais para mim era da minha irmã e da minha avó. Eu tinha muito medo que ela me tratasse diferente.’’ 

Julia acredita que um dos motivos que influenciou para a boa reação dos familiares foi as referências que os mesmos tinham de pessoas LGBTQIAPN+. Com o apoio recebido, ela afirma se sentir mais livre, com menos receios e mais segura. 

Airam Araújo
 

‘’Acima de tudo ter um amor incondicional. Fazer com que eles se sintam acolhidos, porque a gente sabe que existe muito preconceito, às vezes na própria família e nisso os pais precisam estar sempre apoiando. É muito amor porque ele transforma tudo, o amor supera tudo.’’ São através dessas palavras que dona Ednalva Araújo revela o ingrediente principal para a receita que tem como objetivo, fazer com que os filhos que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+ não sintam o peso da exclusão em casa e à flor da pele. 

Seu filho é Airam Araújo, de 19 anos, transsexual e não binário. Para aqueles que não entendem o gênero, permita-me explicar, o termo não-binário refere-se às pessoas que não se percebem como pertencentes aos dois gêneros que tradicionalmente são associados aos indivíduos, como os de masculino e feminino. Também chamadas de genderqueer, as pessoas que se consideram não-binárias podem não se reconhecer com a identidade de gênero de homem ou mulher - ausência de gênero - ou podem se caracterizar como uma mistura entre os dois. No caso de Airam, os dois pronomes podem ser usados para referenciá-lo. Ele que se identifica como uma pessoa que ‘’apenas não é hetero’’, se assumiu aos 14 anos, quando vivia somente com sua mãe e sua avó em casa. 

Airam de Araújo
Airam de Araújo |  Foto: Arquivo pessoal
 

‘’Sempre quebrei os estereótipos heteronormativos da minha família, andava com um monte de meninos jogando bola, odiava usar qualquer roupa mais afeminada, lembro que não usava as saias do uniforme escolar e implorava para minha avó arrumar com alguém as bermudas que iam para os meninos da escola, odiava qualquer tipo de maquiagem e afins. Obviamente essas coisas não classificam a orientação sexual de ninguém, mas era a partir dessas ações que minha família me olhava de forma desconfiada. Quando me assumi para minha mãe foi quando eu não suportava mais esconder o amor que eu sentia por uma menina. Mainha sempre foi contra qualquer tipo de preconceito, tem até hoje um coração que cabe o mundo inteiro e eu nunca vou esquecer das suas palavras. ‘Ô filha, te amo independente de tudo. Tenho medo do que as outras pessoas são capazes de fazer, mas sempre vou te amar e proteger desse mundo cruel’ enquanto eu chorava que nem uma bebê.’’ 

Com a avó, Maria Odete, de 74 anos, o processo foi um pouco mais lento. Inicialmente, vídeos de ‘’O que fazer com filhos gay em casa’’  eram assistidos enquanto um clima tenso dominava a casa. No entanto, depois de alguns anos, no aniversário de 18 anos de Airam, algo mudou. 

‘’No meu aniversário de 18 anos ela me abraçou, parabenizou, chorou e disse ‘’Eu te aceito, tá? Te amo muito minha netinha.’’ Hoje, Airam se sente mais leve e a insegurança que tinha se esvaiu. 

Milton Cabral
 

O contexto de ‘sair do armário’ para Milton envolve uma história engraçada. Hoje, se identificando como não-binário e bixessual, ele conta que desde pequeno foi uma criança afeminada. ‘’Eu sempre fui uma criança ‘bem viada’, sempre fui a criança que ama Xuxa, ama Sítio do Pica-Pau Amarelo, eu até brinco que minha drag é a mistura da Xuxa com a Cuca porque a minha infância sempre foi isso, então ser LGBTQIAPN+ é algo que minha família já esperava.’’ conta Milton, também conhecido por Chanel, nome que deu à sua performática drag queen. 

Ainda assim, Chanel passou por um desses momentos específicos e isso aconteceu aos 14 anos, quando às vésperas da sua festa de aniversário, receou que os amigos cantassem o nome do menino que era sua paixonite na hora do tradicional ‘’com quem será?’’ durante a canção de parabéns. Entrando de fininho à noite no quarto dos pais, ele anunciou sua orientação. 

Milton afirma ser sua mãe o seu principal porto seguro.
Milton afirma ser sua mãe o seu principal porto seguro. |  Foto: Caio Azevedo / Arquivo pessoal
 

‘’Eu me vi nessa situação de meu Deus vão cantar o nome de Daniel na hora do parabéns, não dá pra falarem o nome de outro garoto sem minha família saber. Foi aí que eu entrei no quarto dos meus pais, eu sentei na cama deles, contextualizei e falei ‘eu sou bixessual.’ A reação da minha mãe foi olhar pra minha cara e falar ‘Pra quem você tá falando isso? Porque eu sempre soube’.’’ contou aos risos. 

‘’Meu pai sempre soube, mas ele fez todo um discurso de que ele sabia que não era uma escolha e que ele me ama independente de qualquer coisa. Para eles nunca foi uma questão, óbvio que existem alguns conflitos mas de forma geral a postura deles sempre foi muito protetiva. Entre estar do meu lado ou não, eles não escolheriam um lado que não fosse o meu.’’ 

Sua mãe marca presença nas apresentações como drag queen e ajuda em toda sua preparação.
Sua mãe marca presença nas apresentações como drag queen e ajuda em toda sua preparação. |  Foto: Caio Azevedo / Arquivo pessoal
 

Apesar da aceitação quase que imediata, a feminilidade foi uma questão para o pai de Chanel, mas apesar disso, o estudante de produção cultural conta com um tom compreensivo que isso reflete às expectativas que os pais têm de que os filhos sejam do jeito que eles projetam. Entretanto, o apoio e o amor que recebe do pai superou o que um dia foi um conflito. Hoje, a família admira e marca presença assistindo aos shows e performances impecáveis feitas por Chanel, dona de uma presença marcante. 

Apesar da relação de respeito, apoio e proximidade com a família, Chanel entende que a realidade não é universal e aconselha:

"Eu acho que antes de tudo a gente tem que se preservar. Não vale a pena se assumir para viver num ambiente hostil. Não vale a pena se assumir para correr risco de vida. Não vale a pena se assumir para adoecer. Eu acho que a gente tem que dançar conforme a música. Então se você acha que corre risco de passar por insegurança de moradia, insegurança alimentar, insegurança de qualquer tipo, cara, segura até você conseguir se sustentar sozinho ou vai manter sua integridade física e mental. O que também não significa que você não vai passar por coisas ruins.’’
 
Ana Carolina Muniz
 

 ‘’MÃE, eu sou bixessual.’’ e foi dessa forma, de supetão mesmo, que Ana Carolina Muniz, de 19 anos assumiu sua sexualidade para a genitora. Depois da confissão que já estava encurralando e pedindo para sair, o choro compulsivo também integrou o momento. Ainda assim, a jovem fez porque já sentia uma certa liberdade de diálogo com sua mãe, Gicelda Pereira Muniz, de 56 anos. Mas a liberdade não isentou o psicológico da estudante de Ciências Sociais, o medo era de que a relação com a mãe mudasse. 

‘’Eu chorava, chorava, chorava porque era muita vulnerabilidade, de estar falando sobre os meus sentimentos íntimos, sentimentos que muitas vezes as pessoas não vão aceitar e você tem que lidar com isso. Ser colocada nesse grupo na frente da minha mãe foi muito importante para mim e só passava pela minha cabeça que aquele seria o momento em que nossa relação iria mudar. Mas não mudou.’’ 

Ana Carolina Muniz e sua mãe, Gicelda Pereira Muniz.
Ana Carolina Muniz e sua mãe, Gicelda Pereira Muniz. |  Foto: Arquivo pessoal
 

Quase como se não tivesse escutado a confissão da filha, dona Giselda importou em fazer com que a jovem se acalmasse primeiro, fez isso questionando o motivo do choro, como uma tentativa de mostrar que, se as lágrimas estivessem sendo motivadas por medo, elas não precisavam mais. Em seguida, demonstrar interesse pela descoberta da filha foi a sua forma de prestar apoio. 

‘’Ela queria entender porquê eu estava tão desesperada, e eu chorando e balbuciando palavras falei que tinha medo de que ela mudasse comigo, que me visse de outra forma e ela disse

‘’Eu não te vejo de outra forma, você ainda é minha filha.’’
 

e eu chorei mais porque fiquei muito tocada. Ela foi perguntando de forma bem tranquila como eu descobri, o que eu sinto, por que eu não sou lésbica e sim bixessual, e aí nós fomos conversando.’’

O medo de ser tratada diferente foi rapidamente substituído pelos sentimentos de acolhimento, proteção, segurança e o principal: confiança em si mesma. ‘’Me importa muito o que minha mãe pensa de mim, então saber que todas as opiniões boas que ela tinha não mudaram em nada, me assegurou ainda mais dessas coisas. Me assumir para ela significou que eu poderia me assumir para qualquer pessoa e se elas não tivessem a mesma reação, tudo bem, eu ainda ia ter a minha mãe no fim do dia.’’

Depois da reação da mãe e do interesse que ela manifestou pelo seu mundo, Ana sentiu-se encorajada para se assumir para outra pessoa que também contava em importância, sua irmã mais velha. Escolheu o almoço como ocasião e de novo, a forma repentina para contar. ‘’Camila, eu sou bixessual!'’ e levando as mãos à boca sem acreditar no que tinha acabado de dizer, recebeu como resposta um sorriso carinhoso. 

‘’Camila agora é mãe, acho que essa sensação veio depois dela ser mãe. Ela me olhou com um olhar muito acolhedor e disse que estava tudo bem e que ela já sabia.’’ 

Abraçar a causa 

Todos eles têm uma história em comum que se cruza em um ponto, o de acolhimento, amor e respeito ao próximo. Abraçar os filhos ajuda a afastá-los de estigmas indesejados e comuns a quem desconhece a causa. 

A liberdade individual assegura a todas as pessoas autonomia para fazer suas escolhas existências. Portanto, o diálogo, amor e a liberdade para tratar variados temas é sempre o melhor caminho. 

Para mostrar que está tudo bem e demonstrar interesse, Ana Muniz simplificou de forma singela  como os pais podem abordar. 

‘’Ah, sei lá, só pergunte se puder perguntar.’’ 

 Sob supervisão de Marcela Freitas 

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