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Uma Bandeja para a Vida: Filme produzido pela UFF homenageia Algrin David

Algrin David, de 25 anos, morreu após um mergulho no mar do Arpoador, no Rio de Janeiro

relogio min de leitura | Escrito por Sofia Miranda | 15 de julho de 2023 - 08:00
Algrin David
Algrin David -

Antes de desaparecer após um mergulho no mar do Arpoador, no Rio de Janeiro, Algrin David, de 25 anos, era um estudante com muitos sonhos a serem realizados, alguns já em curso. O graduando de Estudos de Mídia, além de estudar, desempenhava as funções de autor e diretor do filme ‘’Famélicos’’. O longa se debruçava nas famílias negras que são atingidas pela fome. Contudo, o lançamento da obra e as demais metas projetadas pelo estudante foram interrompidas pela sua morte, em maio deste ano. 

Além dos projetos pessoais, o aluno havia sido convidado pelo professor das disciplinas Oficina de Documentário I e II André Queiroz, para ser co-diretor do longa ‘’Uma Bandeja para a Vida’’, pensado para documentar a realidade invisibilizada de alguns dos frequentadores do restaurante popular de Niterói. O projeto, que seria desenvolvido em dois semestres e produzido por Algrin a convite do professor, foi severamente impactado pela morte do jovem.   

‘’A gente tinha muito claro que tínhamos um calendário muito apertado, a princípio Uma Bandeja para a Vida seria desenvolvido em três semestres, mas no meio disso tivemos a perda do Algrin. Ele já tinha participado de outras oficinas comigo, foi meu orientando, era uma pessoa querida, uma pessoa amiga e tinha aceitado fazer a produção do filme.’’ contou o roteirista André Queiroz. 

Alunos e o professor da disciplina responsável por desenvolver o projeto
Alunos e o professor da disciplina responsável por desenvolver o projeto |  Foto: Arquivo pessoal

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O filme que seria produzido foi então readaptado pela disciplina para homenagear o cineasta. ‘’No nosso caso, nós pensamos em prestar uma homenagem a ele e essa homenagem seria introduzida na história como uma camada ficcional.’’ explicou. 

A obra tem sido produzida com a ajuda dos alunos, que segundo André, receberam de braços abertos a ideia. Até o momento, os graduandos estão atuando como produtores, captando os personagens sociais para a participação no longa. A aluna de Produção Cultural da UFF, Maria Eduarda Emmerick, de 20 anos, se inscreveu na disciplina no início do semestre e contou empolgação como é estar nos bastidores do longa, que ainda está brotando.


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‘’Eu não conhecia o Algrin, o professor que nos apresentou ele. No início nós ficamos confusos porque faltando duas semanas para concretizar o projeto, recebemos a notícia da morte dele e depois tudo mudou. Mas o audiovisual é isso, é saber que as coisas mudam e a gente precisa se refazer. Nós ficamos felizes em representar ele e essa vontade do nosso professor. Não contestei a ideia e não vi nenhum ponto negativo, mesmo com o contratempo, é difícil mudar o roteiro assim em cima da hora, mas é importante porque vamos tentar terminar a ideia dele, esse sonho. ’ compartilhou a universitária. 

Enredo 

Através da introdução de personagens sociais e atores na produção do projeto, o filme atravessa o documental e fica no entremeio com o ficcional. Alguns dos personagens sociais já foram selecionados.

"Tem uma camada que se atravessa, a gente conta uma história que é ficcionada, dentro de um filme no qual personagens sociais se apresentam.’’ explicou o diretor do projeto, André Queiroz. 

André Queiroz é diretor, roteirista, escritor e professor titular do Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense
André Queiroz é diretor, roteirista, escritor e professor titular do Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense |  Foto: Layla Mussi
 

Captação de recursos 

Para fazer com que o projeto avance do roteiro para, enfim, as gravações, os envolvidos estão no processo de captação de recursos. Um dos meios, é a inscrição da obra no edital da Lei Paulo Gustavo, responsável por repassar verba para projetos voltados, principalmente, para o audiovisual.

‘’ Vamos agora sair para captação, financiamento coletivo. A gente também vai buscar Paulo Gustavo que está aí, é uma lei emergencial, você tem uma demanda represada no mercado da produção independente universitária, tem que levar isso em consideração. Porque uma coisa que surge dentro de um projeto de pesquisa de extensão, atravessa o campo do ensino numa disciplina que tem um caráter extensionista.’’ 

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Como os recursos dispostos pela universidade não são suficientes para a realização do projeto, uma das intenções da captação de recursos é a busca de parceria com a Secretária de Assistência Social e Economia Solidária, da Prefeitura de Niterói. 

Ainda não há uma previsão exata de quando o documentário ‘’Uma Bandeja para a Vida’’ será lançado, no entanto, caso seja firmado contrato com a produtora, a expectativa é que as filmagens iniciem em março do próximo ano. Nesse caso, a contagem para o lançamento, segundo André, pode considerar seis meses de gravações. 

‘’Não posso revelar muita coisa, mas adianto que vai ser uma homenagem bem bacana.’’
 

 completou André. 

Relembre o caso 

Algrin David, de 25 anos, desapareceu na praia Arpoador, na Zona Sul do Rio no dia 24 de maio deste ano. Depois de seis dias de buscas ininterruptas, o corpo do estudante foi encontrado pelos bombeiros na altura da Praia do Forte São João, na Urca. A Polícia Civil confirmou a identificação do jovem. A operação de buscas contou diariamente com cerca de 30 militares, com apoio de motos-aquáticas, lanchas, botes com sonar, além de drones e helicópteros.

Algrin era estudante, cineasta, fotógrafo e buscava denunciar a cor da fome no Brasil.

Sob supervisão de Marcela Freitas 

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