Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,6788 | Euro R$ 6,1388
Search

Dia do Amigo: Amizade entre gonçalenses atravessa gerações

Dayane Lins e Renata Queiroz se conheceram ainda na infância, enfrentaram todas as fases da vida juntas e, hoje, já contam com 30 anos de parceria

relogio min de leitura | Escrito por Rafaela Marques | 20 de julho de 2023 - 13:47
Dayane e Renata são amigas desde a infância
Dayane e Renata são amigas desde a infância -

Nesta quinta-feira, dia 20 de julho, é comemorado o Dia do Amigo, data criada pelo professor de psicologia e filósofo argentino, Enrique Ernesto Febbraro, com o intuito de lembrar o marco do dia 20 de julho de 1969, data em que o homem chegou à Lua e primeira oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo. Na Argentina, a data foi oficializada em 1979, mas no Brasil, foi apenas em 1990 que o “Dia do Amigo” entrou no calendário dos brasileiros.

Apesar das amizades interplanetárias terem ficado somente na imaginação de Enrique, a data é, ainda hoje, um momento para refletir sobre a importância de se ter pessoas especiais com quem contar. Seja com uma palavra de afeto, um abraço, ou apenas a presença em um momento difícil, ter um amigo é ter com quem dividir a vida, com as partes boas e ruins, e viver experiências que serão lembradas para sempre. 


Leia mais 

Agora é a vez delas! Saiba o que as mulheres esperam da Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023

É festa! Baile Charme anima sexta-feira do Alcântara


Na vida de Dayane Lins, de 37 anos, e Renata Queiroz, de 35, a amizade surgiu assim: naturalmente, mas com um laço inquebrável. A dupla, que já carrega uma parceria de aproximadamente 30 anos, se conheceu ainda na infância, quando eram vizinhas, no bairro Nova Cidade, em São Gonçalo. “Morávamos praticamente na mesma rua. Brincávamos todos os dias na rua e íamos uma na casa da outra… Assim nos tornamos amigas”, explicou Dayane.

“Na adolescência saíamos muito juntas, e até conhecemos os pais dos nossos filhos no mesmo dia. Não estamos mais com eles, mas nossas vidas na época eram muito parecidas. Nossa adolescência realmente não foi fácil, casamos jovens, tivemos filhos, e enfrentamos muitas dificuldades. Mas nada disso nos separou, nem sequer nos abalou, pois uma sempre esteve ali para a outra.”, disse. 

Durante a adolescência, elas eram o apoio uma da outra, mesmo em momentos difíceis
Durante a adolescência, elas eram o apoio uma da outra, mesmo em momentos difíceis |  Foto: Divulgação/ Arquivo Pessoal

Assim como Dayane e Renata tinham uma à outra durante a adolescência, contar com um amigo nessa fase da vida tem um papel essencial no processo de formação de cada pessoa. É durante a adolescência e a juventude, que as personalidades se solidificam e os jovens passam a ter a urgência de se encontrar no mundo, e por isso, se sentir pertencido e ter com quem compartilhar e trocar experiências, é fundamental para o desenvolvimento emocional e social de cada um. 

De acordo com a psicoterapeuta e professora de psicologia da PUC-RIO, Sandra Salomão, existem comprovações clínicas da importância da amizade na vida dos jovens. Conforme revelado por ela, a adolescência é o momento da diferenciação, e por isso, é quando muitos jovens passam a necessitar mais da identificação com os pares, do que com a própria família.

“O adolescente precisa experimentar a autonomia conexa, que é quando ele desenvolve uma certa autonomia em relação aos pais e a família, e o grupo de referência dele passa a ser o grupo de iguais, que vai trazer pro adolescente um senso de pertencimento. Então existem algumas questões importantes, que são: se sentir estimulado, se sentir acompanhado, se sentir apoiado… esse senso de acolhimento e de escuta de experiências semelhantes, é muito importante.”, explicou a psicóloga. 

Além da identificação que a amizade proporciona, o enfrentamento de problemas e dificuldades com a ajuda de um amigo, pode se tornar muito mais leve, da mesma forma que foi para a dupla de amigas gonçalenses, que tinham uma à outra em todos os momentos. Segundo Sandra, a amizade entre jovens tem um grande poder no enfrentamento de fases difíceis, uma vez que a troca de experiências pode gerar uma ajuda mútua em cada relação.

“A amizade entre adolescentes, que muitas vezes se mantém pelo resto da vida toda, é uma base para que o adolescente faça o seu treinamento para se tornar um jovem adulto. É uma relação de intimidade e de abertura, diferente da relação com a família, em que o adolescente vai ter um fechamento maior ou menor, dependendo de cada núcleo familiar. A partir de um certo momento ele vai ter a necessidade de não contar mais tudo para os pais e reservar seu espaço privado, que é compartilhado com o grupo de amigos, através de interesses, às vezes músicas, às vezes jogos…”

“A amizade é simétrica, ela tem essa ideia do altruísmo e também da parceria, de não estar sozinho no mundo, e isso, principalmente na adolescência e na juventude, é muito importante. A vida é dura, todos nós sabemos disso, mas ela fica menos dura quando ela é compartilhada.”, disse a psicoterapeuta.

Para Renata Queiroz, ter crescido ao lado de Dayane foi essencial, pois nunca brigaram ou soltaram a mão uma da outra em todo esse tempo de amizade, apenas foram apoio uma à outra independentemente da fase que viviam. “A nossa amizade é a melhor coisa da vida! Ela é minha irmã, amiga e confidente… Alguém que sei que sempre vou poder contar.”, contou.

Com uma convivência tão próxima durante 30 anos, mesmo que nem sempre fisicamente, ambas afirmam que a relação as moldou como pessoas, pois a admiração que sentem uma pela outra, tem influência direta em quem são. Para Dayane, que hoje mora em Maricá, a presença da amiga em sua vida a ensinou muito, e declarou: “A Renata é a melhor pessoa do mundo, e isso sempre me ajudou a ser alguém melhor, pois acredito que Deus coloque pessoas em nossas vidas para isso, para nos ensinar algo, e agregar de alguma forma.”.

Se a relação das amigas já era próxima, uma coisa as uniu mais ainda: a maternidade. A conexão da dupla é tão forte, que ambas engravidaram na mesma época, e contam que se tornarem mães, apenas fortaleceu a relação que já cultivavam. A admiração que sentiam cresceu, e a amizade transbordou Dayane e Renata, que hoje, podem acompanhar sua parceria se perpetuar em suas filhas, que já estão seguindo os seus passos.

As filhas de Dayane e Renata cresceram juntas, e hoje, são grandes amigas
As filhas de Dayane e Renata cresceram juntas, e hoje, são grandes amigas |  Foto: Divulgação/ Arquivo Pessoal

Victória, de 16 anos, filha de Dayane, e Sofia, de 15, filha de Renata, cresceram muito próximas devido à amizade das mães, e hoje, são grandes amigas. Para Dayane, a amizade das duas é uma felicidade imensa e conta, com orgulho, da relação criada entre Victória e Sofia: “Elas são unidas, super inteligentes, amorosas, nossas amigas, e isso faz com que eu relembre nossa infância, pois sempre estávamos juntas, nos protegendo, nos ajudando, e não só as meninas, mas também o filho da Renata, João Lucas, que faz parte dessa amizade incrível que tanto cultivamos!”. 

Victória e Sofia tem 16 e 15 anos, respectivamente
Victória e Sofia tem 16 e 15 anos, respectivamente |  Foto: Divulgação/ Arquivo Pessoal

Ainda que tenham tanto tempo de parceria, Dayane e Renata sentem que ainda não fizeram de tudo, e se permitem sonhar: querem criar bem seus filhos, viajar e curtir a vida, sempre juntas.

“Acho que no momento, nosso maior sonho é ver nossos filhos direcionados no melhor caminho, mas também sonhamos em fazer algumas viagens juntas!”, disse Renata.

E Dayane reforçou: “Penso em vários sonhos, mas algo que sempre tive vontade, é de viajar com ela e com nossos filhos, só nós, sem preocupações, só curtindo, nos divertindo, pois nunca fizemos isso. Porém além disso, desejo de coração que ela seja muito feliz, e que conquiste todos os seus objetivos, pois não vejo alguém mais merecedora!”.

Após uma vida inteira de trocas, experiências, palavras de apoio, e muito amor, Dayane e Renata vivem sem arrependimentos. Sentem orgulho de quem são, de quem foram, e de quem seus filhos estão se tornando, já com uma linda amizade sendo construída. Após 30 anos, as crianças que se conheceram brincando nas ruas do bairro Nova Cidade, podem dizer, com propriedade: viver essa amizade, não tem preço!

Sob supervisão de Marcela Freitas 

Matérias Relacionadas