Paciente denuncia médico por negligência em cirurgia de R$ 6 mil para retirada de cisto em São Gonçalo
Procedimento, considerado como de urgência, foi realizado em novembro de 2022 e até hoje costureira sofre com sequelas
A costureira Marcela Borges de Queiroz, de 47 anos, moradora da Trindade, em São Gonçalo, acusa o ginecologista Jairo Lima Cardoso de negligência médica numa cirurgia para retirada de um cisto na barriga, realizada em novembro do ano passado, que a deixou com sequelas e dores abdominais até hoje, depois de oito meses de pós cirúrgico.
Segundo a costureira, após consultas de rotina com o médico, ela foi diagnosticada com um cisto abdominal e orientada a fazer uma cirurgia, classificada pelo ginecologista como "de total urgência". Com isso, apesar do cirurgião atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o médico cobrou honorários para realizar o procedimento.
A cirurgia foi realizada no dia 23 de novembro de 2022, no Centro Médico Icaraí, no centro de São Gonçalo. E, além da retirada do mioma, foi prometido à paciente que seria feita uma abdominoplastia, o que não aconteceu. Marcela também foi diagnosticada com duas hérnias umbilicais, e como consequência da cirurgia, uma delas acabou baixando para o intestino, o que tem complicado sua recuperação e causando vários problemas de saúde.
No total, Marcela Borges desembolsou um valor de mais de R$ 6.000, contando com a cirurgia, as drenagens e as consultas.
"A cirurgia foi R$ 6.000, eu paguei R$ 4.250 no Centro Médico Icaraí e o restante, R$ 1.750, dei na mão do médico na clínica que ele também atende, no Jardim Catarina. Além disso, fiz quatro drenagens, cada uma no valor de R$ 150, sem contar as consultas, que até perdi as contas, e cada uma custava R$ 50", declarou Marcela.
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Desde então, a costureira vem tentando entrar em contato com o ginecologista profissional que realizou a cirurgia, mas sem sucesso. Marcela afirma que ele havia prometido um acompanhamento pós cirúrgico de seis meses, o que não vem acontecendo. Com isso, ela não consegue um laudo para realizar uma nova cirurgia, dessa vez para retirada da hérnia umbilical.
"Eu tomo uma cartela de dipirona por dia, pois sinto muitas dores, e precisei parar de trabalhar, já que o risco dessa hérnia estourar dentro de mim é gigante. Preciso de uma nova cirurgia. Necessito que ele me avalie e me dê um laudo. É só isso que eu peço", suplica Marcela.
A paciente conta que está há meses fazendo contato com o médico, que quando a recebe, minimiza a gravidade do problema ocasionado durante a cirurgia e diz que não tem responsabilidade sobre o ocorrido. Ela também já recorreu ao centro médico onde foi operada, pedindo auxílio para seu problema, questionando os métodos adotados pelo ginecologista, que, segundo ela, "operou duas pessoas no mesmo dia, em um local que só comporta um CTI".
"Estou indo atrás dele há oito meses, implorando para que me atenda para que eu possa fazer uma nova cirurgia. É urgente. Outros médicos que procurei e realizei exames me falaram da gravidade do meu problema e que eu deveria parar de trabalhar pois o risco é grande. Mas nenhum deles quer fazer a cirurgia pois acreditam que isso precisa ser feito pelo médico que me operou", contou a costureira.
Em nota, o Centro Médico Icaraí, através do médico e diretor responsável, Silvestro Mônaco, informa que "a Instituição aluga a unidade cirúrgica para o Dr. Jairo Lima Cardoso, não tendo nenhuma responsabilidade sobre os atos cirúrgicos por ele realizado".
Procurado pela reportagem de OSG, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou em nota que, "após análise do caso narrado, informamos que caso a paciente mencionada deseje, ela poderá formalizar denúncia de cunho ético-profissional em face do médico. A referida denúncia deverá ser apresentada em documento formal, devidamente assinado, à caneta ou digitalmente (com certificado digital), acompanhado do documento de identidade do denunciante".
Já o médico Jairo Lima Cardoso, também procurado pela reportagem, através de sua secretária, afirmou que o caso estava sendo repassado ao seu advogado e que uma nota oficial seria enviada. Até o momento da publicação desta matéria, nem o ginecologista, nem seu advogado responderam as perguntas enviadas pela reportagem.