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Mãe e bebê mortas em hospital são sepultadas em SG; hospital é acusado de negligência

Médicos teriam medicado adolescente grávida para adiar parto

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 31 de julho de 2023 - 18:32
Vítima tinha 17 anos e estava no oitavo mês de gestação
Vítima tinha 17 anos e estava no oitavo mês de gestação -

Dezenas de familiares e colegas da adolescente Amanda Rocha da Silva, de 17 anos, se reuniram, nesta segunda (31/07), no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo, para se despedir da jovem e da bebê Eloá, mortas na madrugada do último domingo (30/07). Elas morreram após alguns dias de internação no Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca, em Niterói, que é acusado de negligência pela família.

O velório, que aconteceu nesta tarde, foi marcado por bastante comoção pela morte da jovem, que foi encaminhada grávida de 8 meses a unidade de saúde após passar pelo Pronto Socorro do Alcântara com um quadro de dores fortes. Ela chegou ao Heal na quarta-feira (26/07) em princípio de trabalho de parto, mas os médicos preferiram medicá-la para adiar o nascimento da bebê. A família acredita que essa decisão pode ter custado a vida de Amanda e Eloá.

Vítimas foram enterradas no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco
Vítimas foram enterradas no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco |  Foto: Layla Mussi

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"Na sexta-feira, eles aplicaram uma injeção e, com essa injeção que eles aplicaram, a minha filha começou a dizer que estava passando mal sufocada", relembra Vaneide Rocha, de 59 anos, mãe de Amanda. Ela conta que pediu para que parassem com a medicação, mas a equipe médica retomou com as injeções pouco depois. "Toda vez que eles vinham e aplicavam aquela injeção na veia da minha filha, aquilo começava a fechar mais a garganta dela", narra.

Mãe da vítima relata falta de atenção por parte da equipe que acompanhou caso
Mãe da vítima relata falta de atenção por parte da equipe que acompanhou caso |  Foto: Layla Mussi

Ainda de acordo com o relato, o médico responsável disse que só faria o parto por cesariana quando a jovem chegasse a 35 ou 36 semanas de gestação. Com 33, ela já sentia as dores de parto e sinais de dilatação. Na madrugada de domingo (30/07), Amanda sofreu a primeira parada cardíaca. "Na hora [da parada], falaram que iriam colocar ela no oxigênio, mas trouxeram uma máscara maior do que a boca dela. O ar saía todo por cima e minha filha não conseguiu respirar", reconta Vaneide.

A mãe chamou uma enfermeira para ajudar a filha. A mulher, porém, teria atendido a menina de maneira ríspida e exclamado, segundo Vaneide, para Amanda "expirar pela boca e inspirar pelo nariz, porque você sabe respira". Alguns minutos depois, ela e a criança no ventre vieram à óbito. 

"Fiquei sabendo hoje, que voltei no hospital, que, simplesmente, aquela medicação que estavam dando estava acelerando o batimento cardíaco da minha filha. Eles estão alegando que minha filha já entrou com o coração ruim. Não foi. Foi a medicação. Foi negligência do hospital. A doutora chefe no dia do plantão, entrou no escritório, olhou o computador e nem para a cara da minha filha olhou", reclama a mãe.

"Para mim, ela foi assassinada", declara avô
"Para mim, ela foi assassinada", declara avô |  Foto: Layla Mussi

O avô de Amanda, seu Altair da Silva, de 66 anos, explica que a família ainda não teve retorno da equipe médica que cuidou do caso. "Para mim, ela foi assassinada. Foi negligência do hospital. E a médica fugiu, tentamos procurar ela, falaram que ela tinha ido embora e o plantão que entrou disse que não iria assumir o erro do plantão anterior", afirma Altair.

Os caixões de Amanda, que era filha única, e Eloá foram sepultados juntos. Membros da paróquia de que a família faz parte estiveram na cerimônia e entoaram preces enquanto o pai, a mãe e o namorado de Amanda, pai da criança, se despediam. "Eu não quero dinheiro, não quero nada, só quero justiça, para que essa equipe médica não faça com outras mães e outras pessoas entrando lá grávida a mesma coisa", lamentou Vanilda.

Organização que gere hospital lamentou o ocorrido
Organização que gere hospital lamentou o ocorrido |  Foto: Layla Mussi

A Fundação Saúde, organização que administra o hospital do Estado, disse que lamenta o caso, que presta solidariedade a família e que pretende investigar as acusações. "Devido à prematuridade, a equipe médica adotou o protocolo para tentar manter o bebê na barriga e, assim, estimular a maturidade do feto. [Amanda] vinha sendo monitorada pela equipe médica e a família informada sobre todos os procedimentos adotados. Porém, infelizmente, ela começou a apresentar taquicardia. Foram feitas manobras para reanimação cardio-pulmonar, mas a paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória”, disse a organização.

O caso foi registrado na 78ª DP (Fonseca), que investiga o ocorrido.

Caso está sendo investigado pela Polícia Civil
Caso está sendo investigado pela Polícia Civil |  Foto: Layla Mussi

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