Morador de Vista Alegre faz vaquinha para ajudar a tratar doença grave
Além de quadro grave de doença pulmonar adquirida no trabalho, Edvaldo ainda luta para não perder a casa
Diagnosticado com uma agressiva doença pulmonar, um morador de Santa Luzia, em São Gonçalo, criou uma vaquinha online para tentar arrecadar dinheiro e custear os tratamentos que precisa fazer. Edivaldo Batista, de 36 anos, enfrenta, desde 2020, um quadro agudo de silicose, agravo por outras enfermidades e pela preocupação com outros problemas pessoais, como a saúde de seu filho autista, de 7 anos, ou o destino da casa onde mora, que está sendo leiloada.
O gonçalense conta que os problemas começaram em meados de 2020, na época em que ainda trabalhava como operador de tratamento térmico em uma empresa do setor de óleo e gás na Zona Norte do Rio. “Trabalhava com sílica, amianto, tudo em altas temperaturas, que podiam chegar a 800 °C, 1000 °C. Em julho de 2020, comecei a sentir algumas fortes dores. [Os médicos] estavam achando que era Covid, mas isso foi descartado depois. Quando foi em outubro, a empresa onde trabalhava me demitiu”, conta.
Edivaldo passou por diferentes unidades de saúde, incluindo o Hospital Universitário Antônio Pedro, antes de receber o diagnóstico, da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), de que estava com silicose, além de quadros de fibromialgia, diverticulite, calcificação no pulmão e transtorno depressivo maior. Os problemas o impediram de trabalhar de qualquer maneira, mas o afastamento veio antes do esperado, com o anúncio da demissão.
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Com sua esposa, Adileni Batista, de 40 anos, também desempregada, ficou difícil custear os gastos médicos que as doenças trouxeram. Edivaldo precisa usar medicamentos de origem estrangeira para fazer o tratamento imunoterápico e combater o quadro, que provoca dificuldade na respiração, dores durante a locomoção, sangue nas fezes e no escarro, vertigem, além de outros sintomas.
Uma das alternativas em que a família depositava confiança era com o auxílio doença. “Eu tive cinco negativas de auxílio do INSS. Uma delas só tinha justificativa, dizendo que não detectaram nada que incapacitasse para o trabalho”, relembra Edivaldo. Os laudos médicos dizem o contrário; aos poucos, o estado de saúde do morador foi dificultando não apenas o trabalho em sua área, como o serviço em qualquer setor.
“O médico da Justiça Federal, na perícia que fiz, me incapacitou permanentemente para o trabalho. Venho perdendo cada vez mais a função pulmonar, ao ponto de ter que ter ajuda da minha esposa para tomar banho, fazer necessidades básicas, tudo. Não consigo caminhar em linha reta por poucos metros sem ter que parar para usar bombinha”, desabafa.
A situação dificultou depois que veio o diagnóstico de seu filho, que já tinha dificuldades com problemas de malformação genética nos braços. No final de 2022, Adileni e Edivaldo descobriram que o pequeno Pedro Lucas, de 7 anos, faz parte do espectro autista. Com a descoberta, vieram mais gastos médicos.
“Meu filho tem tido uma piora considerável, devido a não estar fazendo as terapias. A escola onde ela estuda já chamou para conversar, contar dessa piora no aprendizado, na parte motora.Três médicos já falaram para a gente que a gente tem que fazer um plano de saúde, porque tem muitos exames que ele precisa fazer que não estão no SUS, mas que precisam ser feitos para investigar uma determinada suspeita da qual ainda não têm certeza”, explica Edivaldo.
Sem os auxílios e com todas as contas, a família passou a viver de ajudas, se apoiando no suporte de familiares, amigos e irmãos da igreja onde congregam para pagar as contas. Para ajudar o filho e o marido debilitado, Adileni também ficou impedida de trabalhar fora. Os esforços físicos em casa acabaram agravando alguns problemas de saúde que ela já tinha e, para piorar, ela agora está com suspeitas de hérnia de disco.
“Tem dias que ela também está de cama, como eu”, lamenta o marido, que, nos últimos meses, ganhou mais uma dor de cabeça: a situação da casa onde moram. Sem condições de pagar as mensalidades do imóvel, em Santa Luzia, a família descobriu que a Caixa iria levar a casa à leilão pela falta de pagamentos. Edivaldo e Adileni ainda não conseguiram reverter a situação e o primeiro leilão já aconteceu no último dia 24 de julho.
“Graças a Deus, não houve nenhum lance, mas vai haver um segundo leilão agora em agosto”, ele explica, enquanto aguarda o desenrolar dos processos judiciais que acionou por conta das recusas de auxílio. Enquanto a resposta não chega, porém, a família viu na arrecadação virtual uma última esperança. Eles já haviam utilizado a estratégia a algum tempo, mas, com a queda nos valores arrecadados, desativaram a vaquinha.
Agora, porém, a vaquinha foi reaberta, e pessoas interessadas em ajudar a família podem doar qualquer valor no site https://www.vakinha.com.br/2645221. Além do site, as doeações também podem ser feitas através de Pix, com transferências para a chave 2645221@vakinha.com.br.