Promessa é dívida? Consumidores comemoram a volta do 'churrasquinho'
O OSG foi aos mercados de Niterói e São Gonçalo conferir se os consumidores voltaram a ter o churrasquinho e a ‘cervejinha gelada’ aos finais de semana
“Se preparem porque vamos voltar a fazer nosso churrasquinho no nosso final de semana com uma cervejinha gelada” foi com essa previsão que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurou em 18 de agosto do ano passado, sobre a volta daquilo que por muitos meses esteve sumido das mesas brasileiras: carne vermelha. Mas será que em quase um ano após a promessa, e em sete meses de governo, o bolso dos brasileiros realmente sentiu diferença na compra da proteína e no kit churrasco?
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É o que dizem os estudos do órgão responsável por observar as tendências de inflação. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2023, o preço médio das carnes já caiu 5,9%. Por isso, depois de meses com uma baixa no consumo de carne por conta da alta nos preços, durante o período pandêmico, novamente os brasileiros vão às compras, mas desta vez, com o alimento incluído na lista de mercado.
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Entre as carnes que tiveram redução no valor, o sonho de consumo do churrasco brasileiro, a picanha, está 6,5% mais barata. A alcatra e o filé mignon caíram 8%, e todos os outros 14 cortes bovinos que são acompanhados mensalmente pelo IPCA também tiveram alguma redução de preço desde o começo deste ano.
Entre os motivos para a queda dos preços, os economistas explicam que um dos fatores se deve ao ‘’efeito cascata ". Para engordar o gado, os pecuaristas usam ração feita de soja e milho e os preços destes dois produtos caíram. A outra explicação é que os frigoríficos abateram mais animais, o que resultou no aumento da oferta de carne nos açougues e consequentemente, na redução do preço.
Nos primeiros três meses deste ano, o número de abates de bovinos foi quase 5% maior do que no mesmo período de 2022.
Nos açougues
A redução no valor surtiu efeito nos mercados. Em São Gonçalo e Niterói, açougues estiveram bem movimentados na última quarta-feira (02). Entre os comentários dos clientes, ‘’melhorou bem’’ e ‘’abaixou muito’’ são frequentes para se referir às carnes vermelhas. No Supermarket, em São Gonçalo, o quilo da alcatra a R$ 24,90 chamou atenção dos consumidores. Já no mercado Pérola, em Niterói, o quilo da mesma carne saiu a R$ 49,90.
Em dias específicos da semana, alguns mercados têm ofertado carnes em valores promocionais. No mesmo mercado em Niterói, até o último dia de julho, o quilo das carnes ‘de primeira’ , como o contra filé e a alcatra, estava saindo a R$ 27,90.
Para acompanhar os valores, dona Geralda Gomes, de 67 anos, moradora de São Gonçalo, faz alguns trajetos para comprar a proteína no valor que acha mais em conta. ‘’A carne de segunda tem os dias né, quinta e terça fica a R$ 19,00. E a de primeira tá a R$ 24,99, era trinta né? Deu uma reduzida sim. Eu agora estou indo para o Assaí, e depois eu vou para o Guanabara.’’
Com a queda no valor das carnes, outra coisa que ficou menos salgada é o preço do kit churrasco. Um kit para quatro pessoas com os ítens: linguiça, pão de alho, coxinha de frango, coração de galinha, carvão, farofa pronta, sal grosso, refrigerante e o principal, a carne (quilo ou bife) ficou em média, entre R$ 142,00 a R$ 146,00.
Para Niuceia Coutinho, também moradora de São Gonçalo, a diferença teve de ser comemorada ‘’Já melhorou muito, estava demais. Domingo mesmo a gente comeu churrasco, olha lá a peça de contra-filé, o quilo saindo a R$ 29,90. Está ótimo né?’’.
Outra que também notou a diferença e aguarda por um convite para os churrascos de domingo, é a gonçalense Mariana Souza, ‘’Olha, eu estava até comentando com vários amigos meus, a carne diminuiu bastante. Hoje você vê pela metade do preço, antes a gente estava pagando R$ 52, 60 no quilo do contra-filé. Agora a gente compra o quilo da alcatra a R$ 25. Em questão de churrasco, ninguém me chamou pra comer ainda.’’, brincou.
Para uns, a possibilidade de fazer churrasco ainda está distante da realidade. ‘’Está dando para comprar alguma coisa, mas o churrasco ainda não tá dando para fazer não, mas abaixou sim.’’, contou José Inácio. Ainda que a carne tenha reduzido o valor, outras proteínas continuam com a procura aquecida, o que gera aumento no valor da oferta. É o caso do ovo, a única que segue subindo em 2023, segundo o IPCA, o preço do produto subiu 16,6% no primeiro semestre deste ano.
Sob supervisão de Marcela Freitas