Ato em Copacabana pede justiça por Thiago Flausino, morto na CDD
Manifestação foi conduzida pela organização Rio de Paz
Familiares, amigos, moradores da Cidade de Deus, artistas e apoiadores realizaram um ato, neste sábado (19), pedindo justiça por Thiago Menezes Flausino, 13 anos de idade, morto em ação policial no início da madrugada do dia 7 de agosto, na principal rua de acesso à Cidade de Deus, comunidade em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro. Com cartazes, balões brancos e caixões, o grupo caminhou pelo calçadão de Copacabana, na zona sul da cidade, da altura do hotel Copacabana Palace até a Avenida Princesa Isabel.
“É uma forma de chamar atenção do governo, que até agora não esclareceu nada. Se a gente fizesse isso na nossa comunidade, a gente ia estar entre tiro de borracha, tiro de bomba e outros tiros. Hoje, a gente está aqui atrás de justiça”, disse o pai de Thiago, Diogo Flausino.
O grupo, composto também por crianças, carregava cartazes com os dizeres “Thiaguinho, artilheiro da Cidade de Deus”, “Thiago Menezes, eterno camisa 10”, “Não foi operação, foi execução”. Em um dia de sol, quem passava pela praia turística mais famosa da cidade, parava e prestava solidariedade à família.
O grupo carregou 14 caixões de tamanho infantil, representando as 14 crianças e adolescentes que morreram vítimas de balas perdidas desde o ano passado. Os caixões foram enfileirados na areia. Bandeiras do Brasil com 14 furos foram pintadas de vermelho pelas crianças e posicionadas em cima dos caixões.
Junto com as bandeiras do Brasil foram posicionadas as chuteiras e a camiseta que Thiago usava para treinar nos três clubes de futebol dos quais fazia parte. Também foram colocados outros pertencentes dele, como as 13 medalhas que ganhou jogando futebol e uma Bíblia.
O ato foi conduzido pela organização não governamental Rio de Paz, a pedido da família e dos moradores da Cidade de Deus. “Historicamente é gente ignorada pelo poder público, que não foi capaz de proteger o bem mais precioso dessa família. A vida de um filho. Essas mortes ocorrem predominantemente em favela. Mais de 90% dos casos. A autoria dos homicídios nunca é elucidada. A justiça não é feita, o estado não ampara essas famílias, portanto, são mortes absurdas, e a face mais hedionda da criminalidade, uma vez que estamos falando de crianças que tiveram a vida interrompida”, disse o presidente da Rio de Paz, Antonio Carlos Costa.