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Aqui tem história: Da construção às travessias, conheça o passado da Ponte Rio-Niterói

Quando construída, foi considerada a terceira maior ponte do mundo. Relatos, curiosidades e muita história cercam uma das maiores construções do Brasil

relogio min de leitura | Escrito por Sofia Miranda | 20 de agosto de 2023 - 10:13
Ponte Presidente Costa e Silva é a maior do hemisfério sul
Ponte Presidente Costa e Silva é a maior do hemisfério sul -

‘’Como eles construíram isso?’’ ’’Será que essa ponte flutua?’’ ‘’Como seria se essa ponte não existisse?’’ Certamente, alguns desses questionamentos já passaram pela mente de quem atravessa todos os dias ou já atravessou pela Ponte Rio-Niterói ao menos uma vez. Não é todo dia que vemos uma ponte de tantos quilômetros de travessia erguida sobre o mar. Em mais um episódio do 'Aqui tem História' te convidamos a conhecer mais sobre o passado, desmistificar mitos e descobrir curiosidades sobre uma das maiores construções brasileiras. 

Primeiramente, é preciso ressaltar que ‘’Rio-Niterói" como é popularmente conhecido por conectar a cidade do Rio com a própria Niterói, se trata de um nome postiço. Na verdade, a ponte chama-se Presidente Costa e Silva, o título carrega a identidade de um dos líderes do executivo do país durante a ditadura militar que vigorava no Brasil nos anos em que foi construída. 


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Apesar de ter sido construída durante esse momento da história brasileira, na qual irei me aprofundar mais ao longo desta reportagem, alguns relatos dizem que a ideia de uma construção sob a Baía de Guanabara que fosse responsável por ligar o Rio até às demais cidades localizadas do outro lado da baía, surgiu quase 100 anos antes de sua construção e remontam à época do Império. 

Em 1875, Dom Pedro II contratou o inglês Hamilton Lindsay-Bucknall para estudar um projeto que viabilizasse uma obra de grande porte. A ideia inicial era a construção de um túnel. No entanto, o projeto não foi para frente. 

Ainda assim, algumas tentativas foram levantadas durante esse tempo, mas nunca concretizadas. Apenas em 1963, no século seguinte, uma comissão foi integrada para estudar a criação de um projeto. Já em 29 de dezembro de 1965, outra comissão visando cuidar oficialmente da construção foi criada. Finalmente, em 1968, as obras datam seu início. 

Assim explica o Professor de História Econômico-Social da Universidade Federal Fluminense Cezar Teixeira Honorato "A ideia de ligar Rio e Niterói é muito antiga, vem da segunda metade do século XIX, mas na ditadura militar, onde se tinha o 'milagre brasileiro' e supostamente havia condições de construção, no governo Costa e Silva, em 1969, começou a construção da ponte que só foi terminada cinco anos depois, já no governo Médici.``, detalhou. 

A Obra com A maiúscula 

Em 1968, o contexto era de um regime militar que começava a explorar suas faces mais repressivas. A nação estava sob o comando do Marechal Arthur Costa e Silva, responsável por decretar em dezembro daquele ano o Ato Institucional 5 (AI-5) que iria vigorar até 1978 e produzir um conjunto de ações arbitrárias. 

No entanto, antes da apresentação oficial do projeto, uma inauguração simbólica foi promovida para comemorar o marco. No evento, que aconteceu no dia 9 de novembro de 1968, o país recebeu a rainha da Grã-Bretanha Elizabeth II, e o duque de Edimburgo, príncipe Filipe.  

Rainha da Grã-Betanha Elisabeth II na inauguração simbólica em 1968
Rainha da Grã-Betanha Elisabeth II na inauguração simbólica em 1968 |  Foto: Acervo O Globo

Agora, sim, a apresentação oficial do projeto da construção da ponte foi anunciada em 14 de novembro do mesmo ano, na Escola de Engenharia da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). O projeto foi idealizado pelo então Ministro dos Transportes Mário Andreazza, assinado pelo presidente Arthur Costa e Silva e desenvolvido pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).

O Ministro dos Transportes Mário Andreazza
O Ministro dos Transportes Mário Andreazza |  Foto: Acervo O Globo

Inicialmente, o projeto era de construção de uma estrutura de 13 quilômetros de distância no total, sendo 8,9 km sobre a água que seria capaz de ligar as duas cidades. Em janeiro do ano seguinte, as obras que receberam incentivo britânico estavam prontas para começarem. Num primeiro momento, o primeiro consórcio composto pelas empresas Construtora Ferraz Cavalcanti, Construtora Brasileira de Estradas, Empresa de Melhoramentos e Construções S.A.Servix Engenharia S., foi o responsável pela execução do projeto. 

Segundo o Portal PUC-Rio, as empresas cobraram 238 bilhões para entregar a obra em três anos, com multa de 0,03% sobre o custo por dia de atraso. Em 6 de março de 1974, já na entrega da ponte, a revista Veja estampou em suas páginas que a construção ‘’sugou o dinheiro como nenhuma outra do Ministério dos Transportes.’’ 

A ponte levou cinco anos para  ser construída
A ponte levou cinco anos para ser construída |  Foto: Reprodução

A obra, que deveria ficar pronta em 15 de março de 1974, foi arrastada por mais três anos, já que o primeiro consórcio encontrou dificuldades na execução da obra pela falta de profundidade e detalhamento quanto à estruturação dos tubulões e condições de escavação da Baía de Guanabara.

Por isso, em meados de 1970, com o recorrente atraso e com receio de a situação tornar-se um desgaste político, Andreazza passa a responsabilidade da obra para outro consórcio, formado pelas firmas mais poderosas do Brasil na época: Construções e Comércio, Camargo Corrêa S.A, Construtora Mendes Junior S.A, Construtora Rabello S.A, e Sérgio Marques de Souza S.A. 

10.200 operários e 200 engenheiros participaram da grande construção
10.200 operários e 200 engenheiros participaram da grande construção |  Foto: Acervo O Globo

Com a construção sob responsabilidade do novo consórcio, muitos problemas foram encontrados, deixados como lembranças do último responsável, por isso, as empresas estudaram novamente o projeto e readaptaram ao que já estava construído. As estruturas utilizadas na construção da Ponte foram importadas da Inglaterra via transporte marítimo, o que também justificou a demora. 

A obra pode ser dividida em três seções principais, construídas ao mesmo tempo, a ponte em si, sobre a baía da Guanabara, as vias de acesso no Rio de Janeiro e as vias de acesso em Niterói.  Não é preciso dizer que a parte mais difícil foi a construção sobre o mar, que demandou a perfuração do subsolo oceânico em busca de um terreno rochoso que aguentasse a estrutura da ponte. 

A obra foi dividida em três partes
A obra foi dividida em três partes |  Foto: Antonio Nery / O Globo

Relatos 

Muitos relatos circundam a história sobre a construção da Ponte Rio-Niterói, um deles diz respeito à morte dos operários que trabalhavam nas obras. No entanto, essa parte não se trata apenas de relato, já que os acidentes têm datas e registros documentados, mas não chegaram a ser veiculados porque o país estava submerso à censura instalada pela ditadura que dominava o país. Participaram na obra 10.200 operários e 200 engenheiros. Em um acidente que aconteceu no dia 24 de março de 1970 com uma plataforma flutuante que não resistiu, 8 pessoas morreram, entre elas, três eram engenheiros. 

Na época, o jornal do Brasil notificou
Na época, o jornal do Brasil notificou |  Foto: Acervo Jornal do Brasil

Outro episódio marcante, é o acidente com um dos tubulões da ponte, conforme destaca o jornalista que cobriu a inauguração da ponte Romildo Guerrante em entrevista ao Portal da PUC:

Um acidente com uma estrutura flutuante deixou oito mortos em 24 de março de 1970
Um acidente com uma estrutura flutuante deixou oito mortos em 24 de março de 1970 |  Foto: Acervo O Globo
“A morte dos operários concretados não era lenda. Naquele acidente censurado em que morreram 12 pessoas, o ‘tubulão’ se rompeu violentamente. Não havia chance para quem estava lá dentro. O que se sabe é que os corpos não foram resgatados, pois o concreto cobriu tudo”.

Na historiografia, os relatos também não passam batidos, assim confirma o Professor Cezar Teixeira Honorato: “Havia censura, então os parcos relatos que têm sobre os acidentes são reais, mas eles conseguiram passar pela censura.”

Oficialmente, 33 trabalhadores morreram durante os anos de construção da Ponte Rio-Niterói. Porém, estima-se que 400 pessoas tenham sido mortas, principalmente durante a edificação dos pilares da Ponte. 

Enfim, pronta! 

Em 1974, a tão esperada construção da Ponte Rio-Niterói foi finalizada. Testes de cargas foram feitos para conferir a estrutura da ponte. Na inauguração oficial, em 4 de março daquele ano, o então presidente Emílio Garrastazu Médici foi o primeiro a inaugurar a travessia com seu veículo Rolls-Royce.

Pioneiro na travessia, o então presidente Médici e o ministro dos transportes Mário Andreazza inauguram a pista
Pioneiro na travessia, o então presidente Médici e o ministro dos transportes Mário Andreazza inauguram a pista |  Foto: Acervo O Globo

Quando construída, com 13.290 metros de extensão e 72 metros de altura do maior vão até a água, a ponte ocupava o 3º lugar no ranking de maiores pontes do mundo. No total, a construção da ponte custou US$ 674 milhões de dólares, foi composta por 1.152 vigas, 43 mil cabos, 3.250 aduelas de concreto, 1.138 tubulões no mar e 103 conjuntos de blocos-pilares no mar. Segundo uma comparação feita pelo portal de engenharia CELERE, se os sacos de cimento utilizados na construção da ponte fossem empilhados, teriam uma altura 1.500 vezes maior que o Pão de Açúcar. 

Milhares de pessoas levaram seus veículos na inauguração para fazer a primeira travessia, com isso, inauguraram também o trânsito
Milhares de pessoas levaram seus veículos na inauguração para fazer a primeira travessia, com isso, inauguraram também o trânsito |  Foto: Acervo O Globo

Por trás das travessias: Cuidados com a ponte

Grande parte das pessoas pensa que a ponte foi construída e pronto, não há mais nada a fazer. No entanto, serviços básicos como primeiros socorros, fechamento e liberação das faixas após acidentes, reboco e equipe médica em casos de suicídio são competências incumbidas às concessionárias. As concessionárias são empresas privadas que recebem o direito, através do estado, de cumprir com serviços públicos, nesse caso, com os cuidados destinados à Ponte. No entanto, além das responsabilidades citadas, outra coisa importante também é feita diariamente: as manutenções. Afinal, em algum momento você já deve ter se perguntado como a ponte ainda é mantida em pé.  

Com um peso de 17 mil toneladas, a ponte é considerada a 14° maior do mundo
Com um peso de 17 mil toneladas, a ponte é considerada a 14° maior do mundo |  Foto: Layla Mussi

Já nos anos 2000, a Concessionária Ponte S/A que fazia a concessão da ponte, fez operações e obras na estrutura, como os caixões metálicos da superestrutura do vão central reforçados internamente. Além da substituição do pavimento asfáltico por pavimento rígido de concreto, que proporciona maiores flexibilizações no tráfego e demanda baixa manutenção. 

Abaixo da base de concreto, tubulões seguem até o subsolo oceânico. No total, a ponte registra 453 pilares em sua construção
Abaixo da base de concreto, tubulões seguem até o subsolo oceânico. No total, a ponte registra 453 pilares em sua construção |  Foto: Layla Mussi

Em 2003, com o intuito de atenuar as oscilações na ponte causadas pela intensidade do vento  e tranquilizar os trafegantes que em alguns episódios de deslocamento abandonaram seus carros por pânico causado pelos ventos fortes, foi implantado o sistema de amortecimento de Atenuadores Dinâmicos Sincronizados (ADS). Segundo o analista de planejamento de obras Guilherme Neves Aires, as molas ADS funcionam por meio de uma técnica de contrapeso. 

Em 2004 foi implementado o sistema de amortecimento de Atenuadores Dinâmicos Sincronizados (ADS)
Em 2004 foi implementado o sistema de amortecimento de Atenuadores Dinâmicos Sincronizados (ADS) |  Foto: Layla Mussi

‘’Eles funcionam para diminuir a oscilação na estrutura, que sofre com a ação dos ventos e da maresia. Isso é super normal numa estrutura tão grande como essa que fica no mar, então esses blocos de pesos foram instalados para fazer o contrabalanço. As oscilações ficam maiores quando os ventos atingem de 58 a 61 km/h. Então, se a ação do vento aplica uma força, supondo que seja para baixo, o conjunto de molas tem um peso e faz uma ação para cima para deixar estável. Então a gente tinha uma variação máxima anterior de 1,12 para cima e para baixo e hoje com esse dispositivo a gente tem uma variação máxima de 0,20. Hoje em dia fica quase imperceptível aos usuários.’’, explicou. 

Conforme o Analista de Planejamento de Obras Adilson Franca Guimarães, o sistema de molas ADS foi instalado principalmente para fazer com que os trafegantes se sentissem mais seguros. "Risco estrutural não traz, porque a ponte foi projetada para isso. É mais para o conforto do usuário mesmo. Antes de 2004, os usuários tinham medo de passar na ponte com chuva e vento, então eles faziam o fechamento da pista devido ao medo, pelo risco, porque poderiam ocasionar algum acidente. Então o dispositivo foi criado para isso.’’ O conjunto foi projetado especialmente para a estrutura da Ponte Rio Niterói, o sistema com 32 caixas metálicas e 192 molas espirais fica no caixão metálico, abaixo do vão central. 

No total são 32 caixas metálicas e 192 molas espirais
No total são 32 caixas metálicas e 192 molas espirais |  Foto: Layla Mussi

Sob os cuidados da Ecoponte 

Desde 2014 até os dias atuais a ponte está sob os cuidados da concessionária EcoPonte. Entre os cuidados e reparos diários, uma das diferenças a serem destacadas foi a construção das alças de ligação para a Avenida Portuária e o Rio de Janeiro para melhorar a fluidez. Afinal, desde o ano de construção até o ano de 2023, a estimativa de tráfego aumentou significativamente, já que quando construída era de 50 mil veículos e hoje recebe diariamente 150 mil carros. Para isso, as alças de ligação funcionam visando tornar mais fluido o tráfego na ponte. 

Além disso, a empresa também realiza reparos diários internos e na própria pista. As manutenções feitas durante o dia, são realizadas dentro do caixão metálico porque não afeta o fluxo, já as manutenções feitas na pista são feitas durante a noite, entre às 23h e às 05h por equipes compostas de engenheiros e técnicos em edificações. 

Interior do caixão metálico
Interior do caixão metálico |  Foto: Layla Mussi
‘’A gente realiza monitorações diárias, durante o ano inteiro tem equipes especializadas dentro da estrutura tanto de concreto, como metálica realizando monitorações para a gente analisar e fazer um mapeamento do comportamento de toda estrutura. Sempre quando surge uma nova anomalia, a gente tem isso mapeado. É aí que entram as nossas ações preventivas, no mínimo de anomalia que a gente consegue detectar, compartilhamos com o nosso fornecedor que faz a recuperação da estrutura de concreto e metálica para não deixar ela se tornar um problema maior.’’

 detalhou Guilherme. 

Caixão metálico e pilares
Caixão metálico e pilares |  Foto: Layla Mussi

Além das manutenções preventivas, também são feitas manutenções regulares a cada cinco anos ‘’Nós também temos as manutenções quinquenais. Uma delas é o mergulho nos tubulões, o mergulhador faz a inspeção dos tubulões e a retirada da camisa metálica, e faz o laudo para ver se está tudo bem. Tem a monitoração especial aqui no vão central, nas molas ADS. Nós temos duas equipes, uma inspeciona e outra recupera. A noite tem os serviços de troca de pavimento, tem a recuperação do pavimento rígido, do pavimento flexível. Pintura da sinalização horizontal, recuperação das placas. Então quando tem esses serviços é preciso fechar uma ou duas faixas da Ponte Rio-Niterói. Por isso, é feito de madrugada para não ter problemas com a fluidez.’’ acrescentou Adilson. 

Parte interna do caixão metálico
Parte interna do caixão metálico |  Foto: Layla Mussi

Por último, mas não menos importante, a empresa também conta com os serviços do Centro de Operações, que faz o monitoramento 24h por dia das imagens geradas pelas 45 câmeras dispostas ao longo da ponte. Através do centro, é feita a identificação de acidentes, carros que precisam de reparo, além de outros problemas resolvidos com a ação de socorro mecânico e médico. 

Centro de Operações da EcoPonte monitora o tráfego durante 24h
Centro de Operações da EcoPonte monitora o tráfego durante 24h |  Foto: Layla Mussi

Curiosidades 

1- ‘’A ponte está rachando’’ 

Alguns desafios encontrados pela concessionária atual, é o de combater algumas das fake news que aparecem todos os anos. É o caso da foto da ‘’rachadura’’ na ponte, que, na verdade, trata-se das juntas de dilatação necessárias para que as duas partes separadas  possam se movimentar sem transmitir esforços entre si. Além de que, segundo a própria concessionária Ecoponte ‘’Toda ponte de grandes dimensões precisa deste tipo de abertura para acomodar a movimentação da estrutura em função das variações térmicas, evitando tensões indesejáveis, o que poderia ocasionar fissuras nas lajes e vigas.’’

Foto de rachadura é falsa, trata-se de uma junta de dilatação
Foto de rachadura é falsa, trata-se de uma junta de dilatação |  Foto: Reprodução

2- A construção também é cenário de lendas assustadoras

Uma delas espalhava que, assim como todas as grandes obras do mundo, a ponte tinha fantasmas. A revista Veja na época publicou sobre os rumores: “Uma senhora vestida de branco, com uma rosa vermelha na mão, foi vista por alguns operários rondando a Ponte Rio-Niterói”. 

Edição da Veja de 06 de março de 1974
Edição da Veja de 06 de março de 1974 |  Foto: Acervo Veja

3- Como era a vida antes da Ponte Rio-Niterói? 

Antes da construção da ponte Rio Niterói, a travessia entre o Rio e Niterói era feita por via marítima ou por Magé, a última opção só era possível por meio de uma viagem terrestre de mais de cem quilômetros. 

*Sob supervisão de Cyntia Fonseca

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