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Nardoni, Richthofen, Samúdio e Neves: relembre alguns dos crimes que chocaram o Brasil

Sobrenomes que marcaram o país, e nunca serão esquecidos

relogio min de leitura | Escrito por Rafaela Marques | 23 de agosto de 2023 - 12:39
Casos comoveram o país
Casos comoveram o país -

Com o lançamento do documentário ‘Isabella: O Caso Nardoni’, na Netflix, na última quinta-feira (17), o caso que inspirou a produção voltou a repercutir, e junto dele, outros casos chocantes passaram a ser relembrados. Assim como o assassinato de Isabella, de 5 anos, que foi morta pelo pai e a madrasta, são muitas as histórias emblemáticas de crimes cometidos por familiares, que marcaram o Brasil, mostrando que nem sempre família é sinônimo de amor e cuidado.

Mesmo que o tempo passe, essas histórias continuam gravadas na memória de quem viveu e de quem acompanhou, pelo jornal, pelo rádio e pela televisão, o desenrolar de casos surpreendentes, que muitas das vezes, seguem sem resolução até hoje.

Crimes assim acontecem de forma inesperada, podendo ser em qualquer cidade, lugar e hora. O município de São Gonçalo, tem dois casos que abalaram a região. Em um deles, uma família inteira foi assassinada, e no outro, a mãe e a sobrinha do dono de uma marca famosa foram mortas por um conhecido. 

Assim, O SÃO GONÇALO relembra nove desses crimes que atravessaram gerações e são lembrados até hoje como alguns dos mais bárbaros da história do país. Qual o desfecho de cada um deles?


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Caso Nardoni (2008)

No dia 29 de março de 2008, o Brasil parou para acompanhar o caso da menina de 5 anos que morreu após ser jogada de uma janela pelo pai e a madrasta. Segundo as investigações, Isabella de Oliveira Nardoni foi asfixiada e agredida, e com a crença de que a menina estaria morta, a criança foi arremessada do sexto andar de um condomínio em São Paulo. Após alegarem que a menina teria sido jogada por um assaltante, a falta de sinais de arrombamento e as manchas de sangue encontradas no apartamento, incriminaram Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pela morte de Isabella, que segundo a mãe, tinha um amor incondicional pelo pai. Alexandre foi condenado a 30 anos de prisão, e Anna Carolina a 26 anos, que em junho de 2023, obteve progressão para regime aberto, e vive atualmente em um condomínio de luxo na Zona Norte de São Paulo.

Isabella Nardoni tinha 5 anos de idade quando foi assassinada pelo pai e a madrasta
Isabella Nardoni tinha 5 anos de idade quando foi assassinada pelo pai e a madrasta |  Foto: Divulgação/ Facebook

Caso Richthofen (2002)

Em 2002, o caso da rica família Richthofen ganhou espaço nos noticiários pela frieza de Suzane Von Richthofen, condenada por ser a mandante do crime que matou os próprios pais. Na noite de 31 de outubro de 2002, Suzane abriu a porta da residência em que morava com a família em um bairro nobre de São Paulo, para Daniel e Cristian Cravinhos, que mataram o casal com marretadas na cabeça enquanto dormiam. O crime, planejado por Suzane, seu namorado, Daniel, e seu cunhado, Cristian, foi pensado com a intenção de simular um assalto seguido de morte, para que o trio pudesse dividir a herança de Suzane. O caso ganhou uma repercussão tão grande, que na época do julgamento, cinco mil pessoas se inscreveram para estar na plateia, que tinha apenas 80 lugares, Suzane Von Richthofen e Daniel Cravinhos foram condenados a 39 anos e 6 meses de prisão, enquanto Cristian foi condenado a 38 anos e 6 meses. Em fevereiro de 2023, Suzane foi solta, e após 20 anos presa, voltou a viver em liberdade e abriu um ateliê em Angatuba, no interior de São Paulo. 

A família Richthofen possuía um patrimônio de aproximadamente R$11 milhões
A família Richthofen possuía um patrimônio de aproximadamente R$11 milhões |  Foto: Divulgação/ Internet

Caso Eloá (2008)

O caso da jovem Eloá Cristina Pimentel teve grande repercussão devido à mobilização gerada antes de sua morte. Eloá, de 15 anos, estava em casa com mais três amigos quando o ex-namorado, Lindemberg Alves, de 22 anos, entrou armado no apartamento, localizado no ABC Paulista, em São Paulo. Naquela segunda-feira, 13 de outubro de 2008, Lindemberg invadiu o apartamento em que a jovem morava, após não aceitar o término do namoro dos dois, e manteve Eloá em cárcere privado por cerca de 100 horas. Dois dos amigos de Eloá foram liberados no mesmo dia, e Nayara, a terceira amiga, foi solta no dia seguinte ao início do sequestro, mas retornou ao apartamento como uma das estratégias de negociação da polícia. Durante as negociações, uma das exigências feitas por Lindemberg era que ele não fosse ferido ao se entregar, mas quando a PM explodiu a porta do apartamento, na sexta-feira (17), o criminoso disparou dois tiros contra Eloá e um contra Nayara antes de ser detido. Nayara conseguiu sair caminhando do local, mas Eloá faleceu no dia seguinte, por morte cerebral. O caso comoveu o Brasil, que acompanhou ao vivo toda a negociação com o criminoso. Lindemberg foi condenado, inicialmente, a 98 anos e 10 meses de prisão, mas teve sua pena reduzida a 39 anos, posteriormente.

Nayara e Eloá estudavam juntas e eram grandes amigas
Nayara e Eloá estudavam juntas e eram grandes amigas |  Foto: Divulgação/ Internet

Caso Matsunaga (2012)

Em maio de 2012, o assassinato do empresário e herdeiro da empresa de alimentos Yoki, Marcos Matsunaga, parou o Brasil. Marcos, que primeiramente foi dado como desaparecido pela família, foi morto com um tiro na cabeça pela esposa, Elize Matsunaga, e depois foi esquartejado e descartado em sacos de lixo, espalhados em áreas verdes da Região Metropolitana de São Paulo. Elize realizou o crime sozinha, e chocou o país pela crueldade utilizada para esquartejar e ocultar o corpo após o assassinato. De acordo com o documentário “Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime”, disponível na Netflix, a relação entre o casal andava balançada pela desconfiança da criminosa de que Marcos estaria lhe traindo, e na noite em que tudo aconteceu, o casal estava tendo uma discussão, quando Elize atirou, segundo ela, em legítima defesa. A advogada foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão, mas está em regime aberto desde 2022. Hoje, Elize sonha em reencontrar a filha, que na época do crime tinha cerca de um ano e meio.

Elize e Marcos Matsunaga estavam juntos desde 2004, época em que o empresário ainda era casado, e se casaram oficialmente apenas em 2009
Elize e Marcos Matsunaga estavam juntos desde 2004, época em que o empresário ainda era casado, e se casaram oficialmente apenas em 2009 |  Foto: Divulgação/ Arquivo Pessoal

Caso Eliza Samúdio e Goleiro Bruno (2010)

O ano era 2010, e Bruno Fernandes, mais conhecido como goleiro Bruno, na época jogador titular do Flamengo, era condenado pelo sequestro e pelo assassinato da jovem de 25 anos, Eliza Samúdio. Eliza, que era amante de Bruno, havia acabado de dar à luz ao filho do jogador, quando foi sequestrada e levada a um sítio em Belo Horizonte, torturada e morta por asfixia. Bruno foi o mandante do crime, executado por alguns de seus amigos, e teve como motivação, a gravidez indesejada de Eliza, pois ele não queria assumir a paternidade da criança. O bebê, que na época tinha quatro meses, foi encontrado sob os cuidados de desconhecidos, e o corpo de Eliza, nunca foi encontrado. Durante o julgamento do caso, o goleiro confessou o crime, e disse que não era possível localizar o corpo da vítima pois ela teria sido esquartejada e entregue para os cachorros se alimentarem, mas essa versão foi contestada posteriormente, com as investigações do caso. Bruno, considerado pela juíza como alguém com uma personalidade “desvirtuada”, que “foge dos padrões mínimo de normalidade” e com “total incompreensão dos valores”, foi condenado a 22 ano e 3 meses de prisão, mas hoje vive em regime semiaberto. Bruno foi contratado por um clube do Rio de Janeiro, e voltou a ser jogador de futebol.  

Eliza tinha 25 anos e foi morta pois Bruno não queria assumir a paternidade do filho que teve com a jovem
Eliza tinha 25 anos e foi morta pois Bruno não queria assumir a paternidade do filho que teve com a jovem |  Foto: Divulgação/ Arquivo Pessoal

Caso Bernardo Boldrini (2014)

No dia 4 de abril de 2014, o menino de 11 anos, Bernardo Boldrini é dado como desaparecido pela polícia. A princípio, ele teria ido dormir na casa de um amigo, por volta das 18h, a duas quadras de distância da casa em que morava, em Três Passos, Rio Grande do Sul. No dia 6, o pai vai até a casa do amigo e se dá conta de que o filho nem havia chegado ao local. Uma semana depois, Leonardo Boldrini, pai da criança, aparece em uma rádio de Porto Alegre, pedindo ajuda para encontrar o filho desaparecido. No dia 14 de abril o corpo de Bernardo é encontrado, e o pai, a madrasta, e uma amiga do casal são presos por assassinato. Esse caso chocou não só a pequena cidade de Três Passos, mas todo o país, pela brutalidade com que três adultos mataram uma criança de 11 anos. 

Bernardo Boldrini foi morto pela madrasta, Graciele Ugulini, no dia 4 de abril de 2014, por envenenamento, com uma superdosagem do remédio Midazolam, via oral e via intravenosa. Apenas no dia 14, seu corpo foi encontrado, em uma cova feita em um matagal, a 80 km de onde morava. Segundo o casal, o menino estava ‘atrapalhando’ o relacionamento dos dois, e por isso, mataram a criança. Leonardo Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia, amiga do casal, e Evandro, irmão de Edelvânia, foram condenados, com penas diferentes. O casal pegou mais de 30 anos de prisão, mas Leandro teve sua condenação anulada em 2021, e aguarda novo julgamento. 

O caso de Bernardo se tornou tão emblemático, que foi criada uma lei em sua homenagem, a ‘Lei Menino Bernardo’, para garantir que nenhuma criança ou adolescente sofra nenhum tipo de punição degradante, que implique em correção por castigo físico ou humilhante, acarretando em sofrimento físico ou lesão. 

Bernardo vivia com o pai, a madrasta e a meia-irmã, desde a morte da mãe, em 2010
Bernardo vivia com o pai, a madrasta e a meia-irmã, desde a morte da mãe, em 2010 |  Foto: Divulgação/ Internet

Caso Henry Borel (2021)

Muito comparado com o caso Nardoni, o assassinato do menino Henry Borel, de 4 anos, revoltou o país. No dia 8 de março de 2021, Henry deu entrada no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, com os pés e mãos geladas, os olhos revirados e desacordado. Segundo o hospital, o menino já chegou morto à unidade de saúde. A causa da morte de Henry, investigada inicialmente como um acidente, uma possível queda da cama, ganhou outro rumo quando a perícia médica revelou que a criança possuía 23 lesões no corpo, e morreu, não por uma parada cardiorrespiratória, como os médicos suspeitavam, mas por ação contundente e laceração hepática. Com o laudo, as investigações se intensificaram e logo os policiais se deram conta de que a mãe da criança, a professora Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador Jairo Souza, mais conhecido como Dr. Jairinho, estavam atrapalhando as investigações, intimidando testemunhas e dando versões combinadas à polícia. O caso, que está em fase de julgamento, tem Monique e Jairo como principais suspeitos pela morte de Henry, que segundo testemunhas, já sofria agressões periódicas. Ambos estão em prisão preventiva. 

Henry Borel tinha 4 anos de idade e morreu após ser agredido
Henry Borel tinha 4 anos de idade e morreu após ser agredido |  Foto: Divulgação/ Internet

Caso Simone Resende - São Gonçalo (2017)

No dia 17 de fevereiro de 2017, uma família foi executada a tiros enquanto dormia, no Barro Vermelho, em São Gonçalo. O advogado Wagner da Silva Salgado, de 42 anos, sua esposa, Soraya Gonçalves de Resende, de 37, e a única filha do casal, Geovanna Resende Salgado, de apenas nove anos, foram assassinados a mando da irmã de Soraya, Simone Gonçalves de Resende. Além de Simone, outros 4 homens também foram acusados de envolvimento no planejamento e execução do crime, três deles sendo seus filhos, e o outro, Gabriel Botrel de Araújo Miranda, um jovem que já tinha um problema antigo com a irmã de Simone. De acordo com a polícia, a própria Simone falou que Gabriel já tinha vontade de matar Soraya, pois a mesma teria processado a mãe do criminoso. Gabriel e Matheus, filho de Simone, foram os executores do crime. Simone, que foi presa no Espírito Santo, teria mandado matar toda a família da irmã, a quem ela cultivava ódio, pela insatisfação de ter que dividir a herança de R$7 milhões deixada pelos pais, com Soraya, que era filha de um caso extraconjugal de Arildo, pai das duas.

Wagner, Soraya e Geovanna foram executados enquanto dormiam em casa
Wagner, Soraya e Geovanna foram executados enquanto dormiam em casa |  Foto: Divulgação/ Facebook

Caso Família Neves - São Gonçalo (2013)

Em 27 de agosto de 2013, um caso chocou a cidade de São Gonçalo com a morte da mãe e da sobrinha do estilista Beto Neves, dono da marca Complexo B. Linete Loback Neves, de 65 anos, Manuella Neves da Camara Coutinho Boueri, de 23, e Rafany Pinheiro Ricardo, de 24, noivo de Manuella, foram mortos a tiros na casa onde viviam no bairro Venda da Cruz, em São Gonçalo. De acordo com a polícia, o crime  teria sido executado supostamente sob o comando do advogado, como uma forma de vingança contra a ex-mulher.  O crime foi praticado por dois homens contratados, Romero Gil da Rocha e Pablo Jorge Medeiros, que foram condenados a 57 anos de prisão. O advogado também chegou a ser preso, mas em 2021, foi absolvido.

A família de Beto Neves foi morta por um desejo de vingança
A família de Beto Neves foi morta por um desejo de vingança |  Foto: Divulgação/ Facebook

Sob supervisão de Marcela Freitas*

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