Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,6788 | Euro R$ 6,1388
Search

Homem que matou a filha e a sobrinha ameaçava a ex-companheira

Após o crime, o homem ligou para a ex e disse que a filha implorou para não morrer; vítimas serão enterradas neste domingo (24)

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 24 de setembro de 2023 - 10:53
Vítimas tinham 5 e 4 anos
Vítimas tinham 5 e 4 anos -

O autor suspeito do crime de matar a marteladas e queimar os corpos da própria filha Luiza Fernanda da Silva Miranda, de 5 anos e da prima dela, Ana Beatriz da Silva Albuquerque, de 4 anos, mantinha a ex-mulher em cárcere privado e ameaçava matá-la, ou alguém da família, caso ela revelasse a situação a que estava submetida. 

As denúncias são dós familiares das vítimas que estiveram presentes no Instituto Médico Legal (IML), na manhã do último sábado (23). O enterro das vítimas esta previsto para acontecer às 15h30 deste domingo, no Cemitério de Campo Grande. 


➢ Leia mais: Polícia Civil busca suspeito de matar duas crianças com golpes de martelo

➢ Caso Plaza: Autor de feminicídio é condenado a 28 anos de prisão


O autor dos crimes, Davi Souza Miranda, que está preso, também torturou a cunhada, Natasha Maria Silva Gonçalves Albuquerque. A mulher é mãe de uma das vítimas e está internada em estado grave no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. 

Segundo os familiares, em entrevista ao 'O Dia', o casal tinha um relacionamento de nove anos que terminou há cerca de um mês após uma briga. De acordo com o tio de Natasha, Anderson Silva, Davi aparentava ser uma pessoa calma e tranquila, o que fazia com que eles não imaginassem sobre o cárcere privado. 

“Ele a ameaçava sem a gente saber: Se você falar pra alguém eu mato você ou alguém da sua família.' E ele cumpriu, matou alguém da família, não foi só um, foram três, a terceira como é minha sobrinha também, eu espero que ela melhore, mas o estado dela é grave. Sem palavras para resumir essa crueldade" contou Anderson ao O Dia. 

No IML, a tia avó das crianças, Ana Paula da Silva, esclareceu a família só teve conhecimento das ameaçadas sofridas pela mãe de Luiza após a separação dos dois. 

"A gente da família nunca imaginou que ela estava em cárcere privado, sofrendo estupro tanto por ele quanto pelo filho dele de 18 anos, porque ele nunca deixou esse fato vir à tona. A gente tinha a impressão que eles tinham um relacionamento muito saudável, ela nunca deixou transparecer até porque ele a oprimia, então ela tinha medo dele. Até que um dia ela apareceu na casa da minha mãe por volta da meia-noite de um sábado porque tinha fugido de casa", disse.

Medida protetiva 

Após esse ocorrido, a mulher foi à delegacia e entrou com um pedido de medida protetiva contra Davi, que foi aceito. Ainda segundo a tia, ela chegou a pedir para a filha também, mas foi negado, já que a criança precisava ter convívio com o pai ao menos uma vez na semana.

"Quando aconteceu dela fugir, ela foi na Delegacia da Mulher, fez exame de corpo e delito, conseguiu a medida, pediu a medida pra filha, mas não deram, falaram que ele tinha direito de ver uma vez na semana, só que aí a irmã se prontificou de fazer essa ponte, a primeira vez ele levou ela pra uma praça e foi tudo bem e a segunda aconteceu isso, nós ficamos sabendo por uma vizinha, que contou que a casa dele estava pegando fogo, mas não tínhamos ideia da gravidade", lamentou Ana Paula.

Impedida de lavar o cabelo 

A ex-companheira de Davi e mãe de uma das vítimas não teve a identidade revelada. Segundo Ana Paula, a mulher vivia uma série de privações e passou anos em cárcere privado sem revelar à família.

"Só depois da briga que ela contou o que vinha passando na vida a dois com ele, cárcere privado, privações de levar a filha na escola, de ter um celular com um chip pra ligar pra própria família, comia só o que ele queria, até o próprio cabelo dela ele que lavava, ele era um doente, um homem possessivo, ele inventava doenças que a criança não tinha pra usar como desculpa pra ela não sair", contou. No dia que fugiu, a vítima aproveitou o momento em que Davi foi tomar banho. "Ela conseguiu escapar e uma vizinha deixou o portão encostado, porque essa vizinha já tinha presenciado agressões, foi quando ela pegou um mototáxi com a filha e chegou debaixo de chuva num sábado de madrugada na casa da minha mãe", disse.

O crime

Natasha Maria Silva Gonçalves de Albuquerque, tia de Luiza e mãe de Ana Beatriz, levou a sobrinha para ver o pai, acompanhada na filha, na última sexta-feira (22).

Quando chegaram na casa, as vítimas foram abordadas por Davi. Natasha foi amarrada e torturada. Depois, ele deu marteladas nas duas meninas. Por fim, ele ateou fogo na casa e fugiu em um carro.

Natasha conseguiu se soltar e levou os corpos das crianças até o portão, quando foi socorrida por vizinhos, que acionaram a Polícia Militar.

Luiza e Natasha foram socorridas para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. A menina morreu ao dar entrada na unidade. Já Natasha, segundo a direção do hospital, tem estado de saúde grave, com diversas queimaduras. Ana Beatriz foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas chegou sem vida.

Davi Souza foi preso no último sábado (23). De acordo com a Polícia Civil, ele dirigiu do local do crime, em Senador Camará, até cair com o carro na linha férrea na altura da Mangueira, Zona Norte. Moradores da região foram ao local do acidente e viram um celular tocando no meio do mato. Uma pessoa que atendeu foi informada de que Davi havia acabado de matar duas crianças e então a polícia foi acionada.

O suspeito ainda fugiu a pé do local do acidente e foi capturado por policiais do Segurança Presente no bairro da Tijuca, na Zona Norte.

Matérias Relacionadas