Escolas estaduais desativadas preocupam gonçalenses
Três unidades de ensino estão inativadas e se tornaram local de acúmulo de lixo, mato e 'abrigo" para usuários de drogas
Dois CIEPs e um colégio estadual desativados no município de São Gonçalo continuam a preocupar gonçalenses que vivem no entorno. Uma equipe de reportagem do SÃO GONÇALO esteve nos três locais, no Tenente Jardim, Paraíso e Porto do Rosa, e constatou o estado crítico do que sobrou das antigas instituições de ensino.
CIEP no Tenente Jardim
Fechado desde o fim de 2016, o CIEP 425 Professora Marlucy Salles de Almeida, no bairro Tenente Jardim, era considerado uma referência na região. Atualmente, a escola estadual está desativada e a estrutura do prédio está destruída, portas e janelas foram levadas, e o lixo e o mato tomaram conta do local. Nenhum objeto escolar restou no espaço.
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Segundo o deputado estadual Professor Josemar (PSOL-RJ), que deu aulas por 16 anos no CIEP 425 e chegou a gravar dois vídeos na unidade, um em 2020 e outro no mês passado, há um Inquérito Civil instaurado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para investigar o fechamento deste CIEP e mais quatro unidades em São Gonçalo e ele tem feito sua contribuição.
"Como deputado, estou tomando várias iniciativas tanto no âmbito legislativo como no jurídico. Enviei, mais uma vez, mensagem para o Governo do Estado solicitando informações sobre o fechamento dos CIEPs de São Gonçalo e notificando para a restauração e reabertura das escolas", comunicou.
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), devido a baixa procura por vagas na unidade, em 2017, os alunos que lá estudavam foram transferidos para o CE Conselheiro Macedo Soares, a menos de 2km de distância, e a unidade teve as atividades pedagógicas encerradas. Foi cogitada a possibilidade do imóvel abrigar o Arquivo-Geral da Seeduc, porém, o projeto foi interrompido e, em 2021, foi feita a extinção da unidade.
"Ainda em 2021, o Instituto Sustentável Alvarenga solicitou cessão do prédio para oferta de cursos. O pedido foi remetido à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - Seplag, responsável pelos imóveis do estado e que assumiu esta questão", informou a Secretaria.
CIEP no Porto do Rosa
Já o CIEP 045, no Porto do Rosa, também enfrenta uma situação de descuido parecida. A entrada da unidade, composta por uma rampa, sofre com a falta de poda e com o acúmulo de lixo. A altura do mato chega a "esconder" o prédio principal da unidade de ensino, que não possui mais portas ou janelas, nem mesmo o portão de entrada.
O local se tornou um ponto vulnerável para o acesso de traficantes e usuários de drogas. Em janeiro de 2015, funcionários foram expulsos por homens em motocicletas, que estariam cumprindo uma determinação do tráfico local. A expulsão seria uma retaliação às denúncias de que traficantes haviam montado uma ‘boca de fumo’ nas dependências da escola.
A unidade chegou a ser municipalizada em 2005, mas foi devolvida ao Estado nos primeiros meses de 2016. Segundo o Governo do Rio, atualmente, está em análise de viabilidade se a unidade será oficialmente extinta ou não, bem como a possibilidade de cessão do imóvel para atividades educativas, esportivas e culturais.
Colégio estadual no Paraíso
Funcionando atualmente no CIEP 237 Jornalista Wladmir Herzog, a cerca de 100 metros de onde funcionava anteriormente, o Colégio Estadual Coronel João Tarcisio Bueno, no Paraíso, repete o mesmo cenário visto nas outras duas escolas.
Fechado desde agosto de 2015, quando parte do telhado da biblioteca caiu, a unidade teve sua estrutura depredada e, hoje, seu pátio virou estacionamento irregular de veículos e local de acúmulo de lixo. Localizado em frente a uma praça, o antigo prédio do colégio também já não possui mais objetos escolares, portas e janelas.
Em reportagem publicada pelo SÃO GONÇALO em janeiro de 2019, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que a gestão, que havia assumido há menos de 15 dias, já estaria coletando as informações necessárias para tomar as providências cabíveis, sempre priorizando o atendimento pedagógico dos estudantes.
Em nota, nessa quarta-feira (31), a Seeduc afirmou que a migração do antigo espaço para o atual não causou prejuízos pedagógicos, "pelo contrário, diante de um espaço maior, houve aumento na oferta de vagas".
Seeduc diz não haver falta de vagas
Segundo o Censo/INEP 2022, o município de São Gonçalo possui 77 escolas estaduais. Segundo a Constituição Federal, o Ensino Médio é prioridade do governo estadual, mas ele também pode atuar, em parceria com os municípios, na oferta do Ensino Fundamental.
Conforme informações da Secretaria Estadual de Educação, as demandas para o Fundamental – Anos Finais e para o Médio são atendidas pela oferta de vagas do estado e do município de São Gonçalo, "não havendo qualquer necessidade dos citados imóveis escolares para o pleno atendimento das demandas nas suas localidades, inclusive com a existência de saldo de vagas para os referidos cursos", indicou a Seeduc.