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Apagão em SG e Niterói: De quem é a culpa?

Serviços que podem reduzir os riscos causados por tempestades e chuva são deixados no esquecimento; escassez de reparos preocupa moradores

relogio min de leitura | Escrito por Sofia mIranda e Clarice Viana | 22 de novembro de 2023 - 11:59
Imagem ilustrativa da imagem Apagão em SG e Niterói: De quem é a culpa?

Na noite do último sábado (18), os municípios de Niterói e São Gonçalo foram atingidos por uma tempestade de ventos e raios que deixou danos estruturais em diversas localidades das duas cidades, além da falta de energia elétrica que atingiu a maioria dos bairros. Até a manhã desta quarta-feira (22), quase 100 mil famílias de Niterói e São Gonçalo continuam sem energia elétrica. Em meio ao caos já estruturado, quem são os responsáveis pela maximização dos estragos causados pelos efeitos climáticos? O que poderia ser feito para reduzir os prejuízos?


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De acordo com o técnico de controle e automação da Trendsetter Matheus Souza Ramos, de 25 anos, os problemas causados pela chuva e tempestades podem ser minimizados previamente com a atuação de medidas preventivas: ‘’É importante implementar medidas preventivas para evitar recorrências futuras. No entanto, a alocação de recursos entre essas duas abordagens depende de diversos fatores, como orçamento, regulamentações, e prioridades estratégicas da empresa.’’, explicou.

‘’Em um cenário ideal, uma combinação equilibrada de medidas preventivas e corretivas seria o mais eficaz para garantir um serviço elétrico confiável, já que em alguns casos, um problema só será resolvido quando a linha de transmissão não estiver energizada, fazendo com que essa manutenção se postergue, já que não deixarão toda a população sem luz para manutenir um fator problemático.’’, continua.

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    Rua Dr Alberto Torres, em São Gonçalo
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    Rua Visconde de Itaúna
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    Rua Visconde de Itaúna, em São Gonçalo
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    Emaranhado de fios também contribui para poluição visual
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No entanto, segundo o profissional, as companhias optam pelas manutenções corretivas, já que essas não geram custos para a empresa: ‘’As companhias de energia muitas vezes enfrentam um desafio ao tentar equilibrar investimentos em ações preventivas e corretivas. Investir em ações corretivas pode ser uma resposta imediata a problemas existentes.’’ O resultado desse tipo de serviço é o atual cenário sofrido pelas famílias de ambos municípios.

Ainda segundo o técnico, os cenários de falta de energia prolongados podem ser evitados através de uma série de ações: ‘’Para evitar cenários de falta de energia prolongada, as concessionárias de energia podem investir em manutenção preventiva da rede elétrica, atualização de equipamentos, e implementação de tecnologias de monitoramento para identificar e resolver problemas rapidamente. Além disso, a melhoria na comunicação com os consumidores sobre o status e previsões de restabelecimento também é crucial. Se a falta de luz for causada pela não produção, uma possível melhoria seria a implementação de geradores para que suprissem a demanda energética.’’, concluiu.

No entanto, a comunicação entre ENEL e comunidade é uma das medidas que vêm sendo ignoradas por parte da companhia. É o que conta a diretora escolar Rosana Paraquett, de 54 anos. Conforme a pedagoga, a escola que dirige e carrega seu nome, localizada no Rocha, em São Gonçalo, teve as aulas suspensas nos últimos dois dias por conta da falta de luz. Mesmo com os protocolos emitidos, a companhia de energia não deu nenhuma atenção ao bairro.

‘’Tivemos que cancelar o turno da manhã. Agora a gente já mandou o comunicado do cancelamento do turno da tarde. Tinha apresentação de trabalho hoje, tinha tudo pra ser feito e a gente até uma aluninha fazia aniversário hoje, mas não vai poder comemorar aqui por conta da falta de luz. Já temos oito protocolos, mas até agora eles não deram previsão de reparo e ninguém veio aqui.’’, relatou.

Por meio de um grupo de Whatsapp, a comunidade escolar e local se comunica para compartilhar informações sobre a falta ou retorno da energia: ‘’Foi a primeira vez que a gente ficou essa quantidade toda sem luz. Entendeu? Perdendo coisas na geladeira, merenda das crianças, tudo, carne de hambúrguer, tudo perdido. E os moradores também tendo que comprar gelo. Está todo mundo desesperado na rua, criança recém nascida, não tem pra onde ir, sem luz, sem nada. Todo mundo se fala, tem um grupo, né? Então a gente pergunta ‘voltou a luz aí?’’ Não, ainda continua’, tá todo mundo assim.’’, explicou.

Na Travessa Peixoto, onde a escola e as demais residências sem energia estão localizadas, um dos postes de luz está a poucos passos de cair e atingir o muro da escola, posicionada no outro lado da rua. 

Em outro bairro da cidade, no Rocha, moradores da Rua Zarlinda Custódio Nunes chama atenção para a queda de um dos postes de luz durante a tempestade do último sábado e a falta de comunicação com a companhia elétrica: ''O poste caiu aqui no sábado, durante a ventania e os moradores não conseguem entrar em contato com a Enel. Tem criança passando, carros e ninguém faz nada.'', contou um morador. 

Assim como a reparação de postes danificados ou com risco de cair, árvores que incidem sob fiações elétricas também são um dos fatores que intensificam os riscos de danos que podem ser causados por chuva e tempestades. 

Em Niterói e em São Gonçalo, diversos pontos registram problemas para a interferência nos serviços de fornecimento de energia elétrica. Na Rua Visconde de Sepetiba, próximo à Prefeitura de Niterói, os galhos de árvores não se escondem das fiações. Na Avenida Feliciano, acima do ponto de ônibus, na pista sentido São Gonçalo, os galhos e fios de luz já se mesclam e formam uma espécie de moldura perigosa. Nas ruas Visconde de Itaúna e Dr Alberto Torres, em São Gonçalo, o visual poluído e arriscado se repete.

Em nota, a Prefeitura de NIterói respondeu que: " O governo municipal oficia a concessionária sempre que há postes que apresentam risco ou podas que necessitam da sua atuação, entretanto, a Enel não dá retorno sobre os casos relatados. Desde 2021, são mais de 3700 ofícios enviados sem resposta.

As ruas Av Feliciano Sodré, Rua Visconde de Sepetiba e Rua Coronel Gomes Machado, localizadas em Niterói, já possuem diversos ofícios enviados à concessionária solicitando tanto manutenção dos postes, quanto realização de poda, sem retorno da concessionária.

Nesta segunda-feira (20), a Prefeitura de Niterói acionou a Enel na Justiça e cobrou uma logística para que a empresa restabeleça o mais rapidamente possível o fornecimento de energia".

A Prefeitura de São Gonçalo não respondeu quanto as fiscalizações. 

Questionada, a Enel não comentou sobre seu trabalho preventivo. 

Sob supervisão de Marcela Freitas 

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