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Gastos de fim de ano: confira dicas para fugir das dívidas

Especialista dá sugestões para driblar ‘boom’ de despesas e tentar sair ileso do período e festas

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 29 de dezembro de 2023 - 10:00
Chegada do 13° salário e aumento nos gastos tornam dezembro mês movimentado para vida financeira
Chegada do 13° salário e aumento nos gastos tornam dezembro mês movimentado para vida financeira -

O mês de dezembro chegou há algumas semanas e, para milhões de brasileiros, já começou a chegar também o tradicional ‘abalo’ na vida financeira que ele costuma trazer. Ao mesmo tempo em que é o mês do 13° salário, é também a época de uma multiplicação de gastos, que vão desde a compra dos presentes e itens da ceia de Natal à preparação para os pagamentos comuns do início do ano seguinte: IPTU, IPVA, materiais escolares, e afins.

Com isso, não é incomum que dezembro seja visto como o pontapé para uma série de dívidas, que muitas vezes acompanham o cidadão médio ao longo de todo o ano. Em um país onde oito em cada dez famílias estão endividadas - segundo dados do Instituto Locomotiva e MFM Tecnologia -, a reta final do ano é, portanto, período de bastante apreensão na vida financeira.


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Apesar disso, se não dá para sair com o bolso ileso do período de festas, é possível chegar perto disso durante a época, conforme argumentam os especialistas em educação financeira. Em conversa com OSG, a mentora financeira Gisele Fragoso, de Niterói, deu algumas recomendações para tentar controlar o bolso no último mês do ano para não passar sufoco logo na chegada de 2024.

A primeira lição é a cautela, segundo Gisele. “Decisões financeiras a gente toma com frieza. Se você age com emoção com seu dinheiro, você pode entregar de bandeja todo o seu dinheiro para qualquer loja de departamento, para qualquer dívida ou para qualquer happy hour. É preciso não só olhar para o agora, mas olhar para o que está por vir”, adianta a mentora, de 38 anos.

Adotar esse tipo de cuidado é especialmente importante nessa época, com a chegada do 13° e as ilusões de ‘riqueza’ que vêm com ele. “O 13° vem no mesmo período em que você tem que gastar com muita coisa, por conta de Natal, presentes e etc. Só que em janeiro, vêm as contas extras: matrícula de escola, IPVA, IPTU, seguro de carro. Se você não tiver o hábito da poupança, você corre o risco de apagar seu décimo terceiro da conta no próprio mês de dezembro”, alerta a especialista.

Moradora de Niterói com experiência em dívidas dá dicas para não se enrolar com o dinheiro no período de festas
Moradora de Niterói com experiência em dívidas dá dicas para não se enrolar com o dinheiro no período de festas |  Foto: Divulgação

Aí vem a segunda lição; depois da cautela, é preciso ter estratégia com o dinheiro. A dica vale, é claro, para o ano inteiro. Traçar um planejamento estratégico do dinheiro recebido por vezes é mais importante do que ganhar um salário alto. Na verdade, uma remuneração maior na conta bancária pode virar um problema sem estratégia, conforme aponta Gisele - que conhece essa realidade na pele. Antes de se formar na área, mudar de vida e se tornar educadora financeira, ela passou por um período de crise no bolso e viu uma dívida aumentar em dez vezes.

“Foi justamente quando o meu salário bateu cinco dígitos ao mês que eu comecei a me endividar muito. Quando eu vi que eu não tinha mais saída, que meu salário já não pagava tudo o que eu precisava, eu comecei a entender que certamente existia algum tipo de conhecimento que eu não estava tendo acesso que me orientaria a usar o dinheiro de uma maneira mais proativa”, ela relembra.

Esse momento mais ‘crítico’ a levou para a educação e a reorganização das finanças. Segundo ela, o aprendizado que se tornou mais fundamental em sua jornada com o dinheiro foi conhecer seus gastos. Separar gastos fixos e variáveis antes de receber é o que deve basear as movimentações na conta ao longo de todo o mês.

“A primeira coisa a se fazer antes do dinheiro chegar às mãos é listar todas as contas fixas. Quando eu digo listar é escrever mesmo todas as contas fixas, aquelas que você tem que pagar independentemente de usar ou não; como conta de luz, conta d'água, aluguel, assinaturas. É a partir das contas fixas que você vai começar a lidar com seu dinheiro e a olhar para sua vida. Depois que eu entendi quanto é o meu custo de vida, a partir do que sobra entram meus gastos variáveis - um supermercado, um barzinho, as confraternizações e festas de final de ano. Tudo que é variável; é aí que a vida acontece”, ensina Gisele.

Esclarecido o quanto se gasta de forma fixa por mês, entra uma nova etapa: a poupança. O segredo é separar uma parcela do dinheiro que sobra para os gastos mais osciláveis de cada semana e guardar nas economias para ir criando, aos poucos, o hábito de poupar.

“Poupar, no início, não tem a ver com o quanto de dinheiro você poupa, mas com o hábito de poupar. Isso não precisa ser dolorido. se quase não sobra dinheiro todos os meses, você pega nem que seja 20 reais e poupa. Aos poucos, você vai aumentando esse valor poupado. Depois que você tira um valorzinho para poupar, você começa a organizar o que sobra para seus gastos por semana” , a mentora reforça.

Daí para a frente, a missão passa a ser lidar com a grana que sobra para viver bem sem se enrolar. Para isso, é crucial estar disposto a evitar o uso impulsivo do cartão de crédito e a sacrificar certas vontades. “O trabalho é pegar o dinheiro que sobra e trabalhá-lo para que ele não acabe antes do mês. E isso vai requerer esforço, sacrifício. Se é uma pessoa que tem uma vida de custos fixos muito altos, vai precisar economizar para sobrar mais dinheiro para as variáveis. Se é alguém que gosta de ir para um happy hour dia sim dia não, vai ter que dar uma maneirada”, afirma a especialista.

"O ideal é evitar usar o 13° nos presentes", comenta especialista
"O ideal é evitar usar o 13° nos presentes", comenta especialista |  Foto: Divulgação/Karolina Grabowska - Pexels

No final do ano, tomar esse tipo de cuidado significa também ser moderado com os gastos de festas e presentes. “O mais recomendável é que presentes de Natal, por exemplo, sejam comprados dentro do que você gasta por semana. O ideal é evitar usar o 13° neles. Se forem muitos presentes mesmo e não tiver como, tire só um pequeno percentual do 13° para isso”, explica Gisele.

Por fim, retomando a primeira lição, é importante se lembrar dos gastos futuros desde já. Parcelas posteriores de grandes dívidas ou gastos mais elevados inevitáveis, como IPTU e IPVA, não podem ser subestimados no meio dos festejos natalinos. Para eles, Gisele acrescenta uma outra dica: tome cuidado com os descontos à vista para não começar o ano descapitalizado.

“Vamos supor que o IPTU custa 1 mil reais e à vista é oferecido um desconto de 10% - o que equivale a 100 reais. Concorda que 100 reais de economia não muda tanta coisa no que diz respeito às suas contas do mês? Se esse 10% não fizer tanta diferença no mês, considerando o quanto do salário vai no pagamento à vista, não vale a pena. Pagar à vista te deixa descapitalizado, então para pagar assim o desconto tem que ser muito bom. Se não houver juros no parcelamento, às vezes vale a pena parcelar para não ficar sem dinheiro agora, considerando que tem mais coisas além de IPTU e IPVA para pagar”, finaliza a especialista.

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