Ex-integrantes processam Igreja Universal por assédio, perseguição e coação para cirurgia de vasectomia
A Universal nega as acusações
Ex-integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus foram até à Justiça contra a instituição religiosa por acusações de assédio moral, perseguição e até obrigação de realização de vasectomia. As informações são do portal Metrópoles.
A reportagem do portal teve acesso a processos em que ex-obreiros, ex-pastores e esposas de ex-pastores da igreja acusam a Universal de práticas abusivas. Em um dos casos, um pastor afirma que teria sido coagido a passar por uma vasectomia, um procedimento cirurgia que impede o homem de ter filhos e em alguns casos é reversível, em uma clínica clandestina localizada em Taguatinga, no Distrito Federal. O homem também diz que ele e a esposa foram obrigados a se filiar a um partido político para continuar sendo pastor.
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Neste mesmo processo, registrado no Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10), o ex-pastor da Universal cobra quase R$ 500 mil em dívidas trabalhistas. Além disso, o religioso expôs que a instituição também estabelecia metas para recolhimento de dízimos que gerariam punições caso não fossem atingidas.
Um segundo ex-pastor da mesma igreja informou ter passado pela mesma situação, sendo coagido a fazer uma vasectomia. Ele também cobra mais de R$ 3 milhões em direitos trabalhistas e o pagamento de uma cirurgia de reversão da vasectomia pela Universal.
Em uma terceira ação contra a igreja, a esposa de um ex-pastor da instituição diz ter sofrido perseguições e assédio moral, além de acusar a Universal de “beneficiar-se ilicitamente da mão de obra” dela, pois, segundo ela, as “esposas de pastores são compelidas a prestar os mais variados serviços, pelo simples fato de que têm de auxiliar o marido em todas as obrigações a ele atribuídas em prol dos interesses da igreja”.
A Universal já foi condenada em processos em que sofreu as mesmas acusações. Em 2020 e 2022, a igreja teve que pagar danos morais a pastores obrigados a passar pelo procedimento por imposição da instituição religiosa.
Procurada pelo portal Metrópoles, a Universal, por meio de uma nota, negou que obriga seus pastores a se submeterem a vasectomia e informou que "não é responsável por quaisquer decisões particulares de nenhum dos seus oficiais".
“A Igreja Universal do Reino de Deus esclarece — o que já é público — que a acusação de imposição de vasectomia é facilmente desmentida pelo fato de que muitos bispos e pastores da Universal, em todos os níveis de hierarquia da Igreja, têm filhos. São mais de 3 mil filhos naturais de membros do corpo eclesiástico da Igreja. O que a Universal estimula é o planejamento familiar, debatido de forma responsável por cada casal — como, aliás, está previsto em nossa Constituição Federal.
Quando uma pessoa opta pela vasectomia, como método contraceptivo, é algo completamente particular, entre médico e paciente/casal, não podendo ter qualquer ingerência de terceiros neste ato, ainda que fosse por motivo de credo.
Posto isto, vale lembrar que, assim como acontece com qualquer instituição neste país, seja religiosa ou não, a Universal também não é responsável por quaisquer decisões particulares de nenhum dos seus oficiais — que gozam de plena capacidade de decisão, sendo totalmente aptos para sua vida civil com absoluta autonomia", comunicou a igreja.