Onda de violência no Equador tem brasileiro sequestrado e emissora de TV invadida
Thiago Allan Freitas mora no Equador há três anos e foi sequestrado, assim como sete policiais
O Equador passa por uma crise de segurança e violência que alcançou novas proporções nesta terça-feira (9), iniciada ainda em 2023, com as eleições presidenciais do país e um candidato assassinado às vésperas do evento.
Sete pessoas foram sequestradas, incluindo um brasileiro. Uma emissora de TV foi invadida por criminosos. O brasileiro, identificado como Thiago Allan Freitas, foi sequestrado durante conflitos na capital do país, Guayaquil, e os sequestradores estão solicitando um valor em dinheiro pelo resgate. Os criminosos enviaram imagens do rapaz ao lado de armas, em tom de ameaça.
"Mandaram fotos e vídeos do meu irmão, vendado, com as armas, depois com a faca no pescoço e outra arma na cabeça, falando que queria dinheiro", contou Erick Lohan Vieira, irmão de Thiago, ao Hora 1, da TV Globo.
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O brasileiro é de São Paulo e mora no Equador há três anos. A situação está sendo monitorada pelo Ministério das Relações Exteriores.
Gustavo, o filho da vítima, no dia do crime, compartilhou nas redes sociais da churrascaria do pai, La Brasa, o que tinha acontecido, e contou que, mesmo depois de levarem U$1,1 mil, ainda estavam pedindo por mais dinheiro.
Em vídeo publicado, o jovem pede doações para ajudar no resgate do pai, e informa que qualquer quantia é bem-vinda.
"Já enviamos todo o dinheiro que tínhamos. Não temos mais. Por isso recorro a vocês, que me ajudem com o que têm, com qualquer valor, é muito bem-vindo. Se é US$ 1, US$ 2. Precisamos de verdade. Estamos desesperados", pediu o menino.
Crise no Equador
A onda de violência no Equador se iniciou com as eleições presidenciais de 2023, que só deveriam acontecer em 2025. Ano passado, a eleição foi adiantada em dois anos após a dissolução da Assembleia Nacional. Em agosto, aconteceu o que daria início a crise: Fernando Villavicencio, um dos presidenciáveis, foi baleado e morto ao sair de um comício. O assassinato do candidato a presidente gerou motins em prisões do país, que, agora, se expandiram para as ruas.
No último domingo (7), o chefe de uma facção criminosa José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito fugiu da cadeia, e o governo do Equador decretou estado de exceção. Quando um país está com estado de exceção decretado, as Forças Amadas atuam nas ruas em conjunto com a polícia.
Na terça-feira (8), homens armados invadiram uma universidade e os estúdios do TC Televisión, canal de TV estatal, em Guayaquil. Ao vivo, os invasores mantiveram as pessoas reféns, e um deles chegou a encostar uma arma no pescoço de apresentador.
A Polícia Nacional do Equador anunciou duas horas depois, em seu X (antigo Twitter), que a situação já estava sob controle, e treze pessoas tinham sido apreendidas.
Com estado de exceção decretado, os residentes do Equador perdem, por 60 dias, os direitos a:
- Locomoção, com toque de recolher das 8h às 23h.
- Reunião
- Privacidade de domicílio e de correspondência (significa que a polícia pode entrar em uma residência sem necessidade de um mandado)
Previamente, o Equador já teve estado de exceção declarado, durante o governo de Guilherme Lassuo, pelo menos duas vezes, em 2021, com o aumento da atividade de grupos narcotraficantes, e em 2023, com a morte de Fernando Villavicencio.
Fito, de 44 anos, é considerado um dos criminosos mais perigosos do Equador e é um dos líderes da Los Choneros. O grupo começou como uma organização de matadores de aluguel, mas começaram a traficar drogas e cometer roubos.
De acordo com o jornal "El Universo", Fito estava cumprindo uma pena de 34 anos, acusado de roubo, posse de armas, assassinato, e participação de organização criminosa.