Moradora da Trindade vê saúde piorar enquanto espera cirurgia há 4 anos
Paciente do Into acabou desenvolvendo outros problemas de saúde por conta de demora em cirurgia de coluna
Quando a gonçalense Solange Bastos, de 57 anos, entrou na fila de espera para cirurgia de coluna no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), ela esperava ver seus problemas na cervical solucionados em breve. Quatro anos depois, no entanto, nada de cirurgia: os problemas na coluna pioraram, outras questões de saúde se desenvolveram e ela segue sem ter uma previsão de quando poderá ser operada.
A paciente operou a cervical antes da pandemia, mas voltou a ter problemas na região depois que um dispositivo espaçador instalado na operação se soltou. O problema prejudica justamente uma das regiões mais importantes do corpo, por onde passam nervos que ligam o cérebro a todo o corpo. Com a demora na cirurgia, ela não apenas sofre maiores riscos de complicações gravíssimas, como também já não tem mais paliativos que a ajudem a aguentar a dor.
Leia também:
➢ Câmera flagra torcedor do Vasco sendo assassinado por 'amigo' em SG, confira!
➢ Consumidor ganha na Justiça processo contra Apple que vendeu Iphone sem carregador
"Eu estou com um espaçador solto há 4 anos. Tomo diferentes remédios para diminuir as dores, mas nesse tempo elas pioraram muito. Chegou num ponto que o médico falou que não tem jeito, não tem mais medicação para tomar. O único jeito é fazer a cirurgia", explica. O problema é que, nesses quatro anos de fila de espera pela cirurgia, ela subiu da 45ª posição para, apenas, a 22ª posição. Caso a fila continue andando na mesma velocidade, ela pode ainda estar sem cirurgia daqui há quatro anos.
"Teve vezes que demorou quase um ano para subir uma posição na fila", desabafa Solange. A extrema lentidão na fila para o procedimento acabou a obrigando a entrar na fila para outra cirurgia, no joelho, devido a um problema desenvolvido por conta do espaçador solto na cervical. Ela também desenvolveu um grave problema na lombar e precisa fazer uso de medicamentos psiquiátricos para atenuar as complicações do quadro.
"Você vai lá e eles falam que tem muita gente que também está esperando. E é verdade, mas poxa, eu não tenho mais vida! Minha vida está parada no tempo. Eu não posso fazer nada. Se levanto, dói; se me sento, dói; se deito, dói. Não sei até quando vou ter que ficar tomando esses remédios para tantas dores ou os remédios psiquiátricos que deixam tanto efeitos ruins também", relata Solange.
Atualmente, ela já não consegue sequer transitar pela própria casa sem enfrentar com dores fortíssimas e sérios riscos. "Já ando de muleta, com um lado direito totalmente esquecido. Eu vivo perdendo o equilíbrio por isso. Já aconteceu, por exemplo, de eu tentar fazer alguma comida, perder o equilíbrio com as dores e derrubar uma panela quente", explica a paciente.
Quatro anos depois, Into segue sem previsão para cirurgia
Procurado pela redação, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia disse que irá comunicar a paciente quando houver novidades no processo de espera, mas não deu qualquer previsão para a cirurgia e não comentou a demora na fila.
Segundo o Into, Solange será "comunicada pela equipe médica do INTO na medida em que seus processos de preparação para cirurgia de joelho e coluna sejam finalizados e esteja apta" para o procedimento. "É importante destacar que o procedimento da coluna aguardado pela paciente possui alto grau de complexidade e, portanto, seu tempo de realização é maior", afirmou o Instituto, em nota.