Prefeitura de Niterói amplia acolhimento a pessoas em situação de rua
Relatório aponta desemprego como maior responsável pela incidência (44%); alcoolismo e drogas representa 17%
A Prefeitura de Niterói está atenta à incidência de pessoas em situação de rua na cidade e vem ampliando as ações de acolhimento. Desde outubro, diversos setores da prefeitura atuam diariamente nas ruas da cidade em ações de zeladoria. Nos últimos 15 dias, foram realizadas mais de 100 abordagens. Um relatório elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde e pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária, com dados de inscritos no CadÚnico em Niterói, apontou aumento de 27,6% de pessoas nesta situação nas ruas da cidade nos últimos dois anos. Um dos pontos da pesquisa mostra que o desemprego é o maior responsável pela permanência na rua (44%). Problemas familiares são o motivo de 41,8% das pessoas. Alcoolismo e drogas aparecem com 17%. Para contribuir com a reinserção no mercado de trabalho e ajudar as pessoas a dar a volta por cima, a Assistência Social está promovendo cursos de barbeiro entre os acolhidos.
Ao todo, 740 pessoas inscritas no CadÚnico em Niterói não possuem moradia fixa. Em setembro de 2021 eram 580 nessa situação. Segundo a publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o crescimento de pessoas em situação de rua na cidade pode estar relacionado ao impacto da pandemia de Covid-19, onde foi apontado um aumento de 38% em todo Brasil, entre 2019 e 2022 (IPEA, 2022). Em relação ao sexo e à faixa etária, as pessoas em situação de rua ainda são majoritariamente do sexo masculino (86,4%,) e adultos entre 18 e 59 anos (93,1%). O perfil identificado em Niterói é semelhante ao observado na Pesquisa Nacional sobre Pessoas em Situação de Rua, que identificou 82% do sexo masculino, majoritariamente adultos entre 18 e 55 anos.
Do grupo pesquisado que vive nas ruas de Niterói, 494 pessoas (67,12%) são nascidas em outros municípios da Região Metropolitana: 15,90% são da cidade do Rio de Janeiro; 14,81% de São Gonçalo; 2,04% de Duque de Caxias; e 2,4% de Nova Iguaçu. No que se refere ao tempo em que as pessoas se encontram em situação de rua, 237 (32%) estão há seis meses ou menos nessa condição, e 96 (13%) entre seis meses e um ano. O dado evidencia que 55% dos indivíduos se encontram nessa condição há mais de um ano. Em relação aos motivos que levaram à condição de rua, segundo a Pesquisa Nacional sobre o tema, as razões são variadas, sendo a precarização das condições de vida uma das principais.
Sobre o critério raça e cor, o levantamento de Niterói identificou que a maioria das pessoas em situação de rua se autodeclararam como pessoas pretas ou pardas (76,7%); 15% a mais da proporção de pretas e pardas autodeclaradas na pesquisa nacional. De acordo com o Censo 2022, apenas 42,5% da população residente de Niterói se autodeclaram preta ou parda (IBGE, 2023).
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Em relação aos locais de nascimento, não foi observada a presença e/ou mudanças relevantes no número de pessoas cadastradas no CadÚnico oriundas de outros países. As nações observadas foram: Chile, Peru e Venezuela. Quanto à Unidade da Federação (UF) de nascimento, 632 cadastros (85,9%) são referentes a estados da região Sudeste do país, seguido de 85 (11,5%) estados da região Nordeste. Em comparação ao relatório anterior, de setembro de 2021, foi identificado aumento de 6,3% na participação da região Sudeste e redução de 26,3% na participação da região Nordeste.