Dia Mundial do Câncer de Ovário: 75% dos casos são descobertos em estágio avançado
Como a doença é silenciosa, é preciso que as mulheres fiquem atentas aos principais sintomas
Segundo tipo de câncer ginecológico mais comum, os tumores no ovário devem acometer 7.310 mulheres no país em 2024, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No Rio de Janeiro, a estimativa é de 710 novos diagnósticos somente este ano, representando 10% nos novos casos no Brasil. Numericamente, eles só ficam atrás do câncer do colo do útero, que tem estimativa de 17.010 novos diagnósticos em 2024. Mas, ao contrário deste, que pode ser facilmente identificável através do exame de Papanicolau, o câncer de ovário é de difícil detecção. Por isso, quando é descoberto, em 75% dos casos o tumor já está em estágio avançado.
Como a doença é silenciosa, é preciso que as mulheres fiquem atentas aos principais sintomas, diz a oncologista Carla Andrade, da Oncoclínicas Rio de Janeiro e do Hospital Marcos Moraes. Segundo ela, aumento abdominal e dores na região devem ser vistos com atenção. O sangramento vaginal, explica a médica, ocorre apenas em alguns casos.
“Os exames para detectar o câncer de ovário são a ultrassonografia transvaginal, ressonância ou tomografia de pelve. O exame de Papanicolau, que costuma ser realizado anualmente pelo ginecologista, não é capaz de detectar essa doença, somente os tumores de colo de útero. Para confirmar o diagnóstico, pode ser feita uma biópsia do tecido ovariano”, explica a especialista.
Foi justamente uma dor abdominal que levou a contadora Flavia Muniz, de 49 anos, ao médico. “Foram quatro meses de um inchaço na barriga e muita dor abdominal. Todos os meus exames estavam em dia e não acusavam nada. Quando fiz a tomografia, no entanto, foi detectado o tumor peritonial e só após o resultado da biópsia é que foi identificado a doença primária, o câncer de ovário já em estágio avançado”, relata.
Flávia fez inicialmente sessões de quimioterapia e retirou os órgãos os ovários, o útero e as trompas, e segue em tratamento. Em meio à luta contra a doença, faz um alerta para as mulheres. “Nunca despreze o que o corpo sinaliza e preste atenção em sintomas diferentes. Quando a doença foi diagnosticada, já estava em estágio avançado. Identificar precocemente um câncer aumenta nossas chances de cura. Mas tenho fé e acredito que vou ficar curada”, diz.
Segundo a oncologista, para evitar a doença, é preciso manter a alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente, duas atitudes que ajudam a prevenir a obesidade, fator considerado de risco para o câncer de ovário. Menarca precoce, menopausa tardia, idade avançada e histórico familiar positivo também aumentam as chances de desenvolver o câncer de ovário.
“Entre 20 e 25% deste tipo de tumor estão associados ao histórico familiar. Outros fatores que podem contribuir para o surgimento de câncer de ovário são genéticos, quando ocorrem mutações em genes como o BRCA1 e BRCA2, que estão relacionados também ao risco elevado de câncer de mama”, diz a oncologista.
O câncer de ovário é o segundo tumor ginecológico mais prevalente, atrás apenas dos tumores do colo de útero. Os demais, que acometem vulva, vagina, endométrio e trompas, são menos comuns.
Tratamento
Depois do diagnóstico, cada caso precisa ser analisado individualmente. Os tratamentos mais comuns são cirurgia e quimioterapia.
“Os inibidores de PARP foram adicionados ao arsenal terapêutico da doença recentemente e são indicados, principalmente, para pacientes com mutação em BRCA1 e BRCA2. O medicamento é administrado via oral e é custeado pelos planos de saúde”, finaliza Carla Andrade.
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