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Dia da Costureira: Artistas da linha e da agulha apostam na credibilidade para se manterem firmes na profissão

Como uma herança, elas receberam o dom da costura de suas próprias mães, e em entrevista a O SÃO GONÇALO, contaram sobre a importância desse ofício

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 25 de maio de 2024 - 10:12
As costureiras não são simples profissionais, sendo consideradas até mesmo como verdadeiras artistas
As costureiras não são simples profissionais, sendo consideradas até mesmo como verdadeiras artistas -

Um dos ofícios mais antigos da humanidade é celebrado neste sábado (25) o Dia da Costureira. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, a profissão abrange cerca de oito milhões de pessoas, que são responsáveis pela produção de mais de cinco bilhões de peças anualmente no país.

Com linha e agulha na mão, as costureiras não são simples profissionais, sendo consideradas até mesmo como verdadeiras artistas. De acordo com a Associação Brasileira de Vestuário (Abravest), o trabalho das costureiras brasileiras movimenta em média R$ 4,5 bilhões por ano.


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Há quem tenha construído sua história por meio dos tecidos, como é o caso da costureira Vera Lúcia Pimentel Damião, de 62 anos.

"Tudo começou com minha mãezinha, ela costurava muito e comecei a ver e me interessar, porque ela vestia todas as filhas iguais e eu não gostava, gostava de ser diferente e aí quis aprender. Ela me dava pano para eu fazer roupa para as bonecas e assim fui fazendo, intercalando com as aulas, porque também sou professora. Mas só comecei minha trajetória na costura profissionalmente depois de ter meus filhos, no bairro Antonina", contou Vera, que hoje mora no Zé Garoto, também em São Gonçalo.

Vera Lúcia aprendeu a costurar com a mãe e nunca mais parou
Vera Lúcia aprendeu a costurar com a mãe e nunca mais parou |  Foto: Layla Mussi
"A costureira é o pião da moda, é o principal, porque sem ela não tem roupa pronta"

Para outra gonçalense, Tânia Maria de Oliveira Fonseca, de 55 anos, a costura é uma vocação, um dom, que também foi passado de mãe para filha.

"Comecei a costurar aos 14 anos, auxiliando minha mãe, Sebastiana, que hoje está com 81 e trabalhou até a pandemia. Na época, ela já costurava para a fábrica, fazia bermudas e eu ajudava. Com 17 anos fui para escola de uma confecção grande de jeans, que treinava adolescentes para aprender costura. Aprendi a trabalhar na máquina industrial e com três dias já me colocaram na produção de jeans", iniciou Tânia Maria.

Tânia Maria e a mãe, Sebastiana, costuram juntas há muitos anos, numa herança de mãe para filha
Tânia Maria e a mãe, Sebastiana, costuram juntas há muitos anos, numa herança de mãe para filha |  Foto: Divulgação

"Trabalhei em confecção até o nascimento da minha filha, Cyntia, depois comecei a trabalhar de casa. A costura pra mim é uma vocação e eu nasci com esse dom. Hoje em dia o que mais faço são os consertos, porque após a pandemia também mudei de ramo e hoje trabalho com vendas de cosméticos e alguns alimentos. Mas a costura é o que mais gosto de fazer. "A costureira é o pião da moda, é o principal, porque sem ela não tem roupa pronta", concluiu.

Perfeccionistas num trabalho minucioso

O talento da costura se manifesta em cada ponto, cada corte e modelagem que transformam tecidos em peças únicas, repletas de identidade e beleza. O dia de hoje, além de homenagear, também reconhece e celebra o trabalho artesanal das profissionais da moda, que, em muitos casos, são autodidatas e aprenderam o ofício sem nenhum tipo de instrução profissional.

"Nunca fiz aula, fui aprendendo olhando minha mãe costurar mesmo, desde nova. Hoje costuro para a minha religião, quando me pedem para fazer algumas roupas, e vou continuar costurando até quando Deus quiser, pois faço de coração", declarou a niteroiense Sandra de Lima Nery, de 69 anos.

Sandra Lima Nery também aprendeu a costurar olhando a mãe trabalhar
Sandra Lima Nery também aprendeu a costurar olhando a mãe trabalhar |  Foto: Divulgação

Desvalorização x alta procura

Ao longo dos anos, essa profissão que faz parte da história e evolução da humanidade, foi sendo, de certa forma, desvalorizada quando se diz respeito à remuneração. É notório perceber que hoje, a profissão não é tão "unânime" entre as mulheres, que buscam por oportunidades, principalmente salariais, que as valorizem sempre mais.

"O salário foi sendo reduzido ao longo dos anos, e a profissão, desvalorizada, o que acaba desmotivando muita gente", afirmou a costureira Tânia Maria.

Ao mesmo tempo, o cenário também demonstra uma busca por profissionais de confiança, o que não é, atualmente, tão fácil de encontrar.

"Hoje é mais difícil arrumar costureira. E mesmo tendo muitos sites e vendas online, acho que uma boa costureira tem sido valorizada nos dias de hoje, porque não é mais tão comum", disse Vera Lúcia, que usa como motivação sua trajetória e boas lembranças dentro da profissão.

"Minha filha e as amigas dela sempre foram minha motivação. Eu fazia muitas roupas de festa, fantasia, roupa de festa junina, e ver as crianças felizes me deixava mais feliz ainda. Sinto muito orgulho de ser costureira, ainda mais tendo como grande inspiração a minha mãe. É uma profissão muito bonita, uma arte, mesmo hoje em dia estando mais escasso", disse.

A filha de Vera Lúcia foi uma das grandes motivações para que a costureira seguisse fazendo roupas como fantasias
A filha de Vera Lúcia foi uma das grandes motivações para que a costureira seguisse fazendo roupas como fantasias |  Foto: Layla Mussi

Passado que traz história

O ofício da costura começou na França, no período da Idade Média, pelos homens, ao contrário do que se imagina.

Eram eles os responsáveis pela alta costura, comandando os ateliês da época, sendo nomeados de 'Tailleurs de Ville'. As mulheres, até então, podiam apenas realizar pequenos reparos.

Somente no século XVII que essa realidade mudou, após as mulheres buscarem seus direitos. Em 1675 foi apresentado um manifesto em busca do direito de mulheres poderem criar roupas femininas em nome da castidade e da modéstia, garantindo que as mulheres fossem vestidas por mulheres, e não por homens.

O pedido foi acatado pelo Rei Luís XIV e assim foi permitido o trabalho feminino nas produções do mundo da moda.

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