Da dor à luta: empresária vítima de importunação sexual visita Movimento de Mulheres de SG
Símbolo na cidade, o Movimento de Mulheres atende centenas de mulheres e crianças por ano e é referência quando se trata do assunto
Vítima de importunação sexual, a empresária Fernanda Alves, de 43 anos, visitou, na última quarta-feira (22), o Movimento de Mulheres de São Gonçalo. Para seguir transformando sua dor em luta, ela busca conhecimento e orientação para poder ajudar outras mulheres.
"Em uma conversa, eu aprendi mais do que em muitos dias de pesquisas na Internet", disse Fernanda, fazendo referência à conversa que teve com Marisa Chaves, fundadora do Movimento de Mulheres.
Marisa é formada em serviço social e luta há 35 anos para dar apoio, suporte e orientação a mulheres vítimas de violências domésticas e sexual.
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Símbolo na cidade, o Movimento de Mulheres atende centenas de mulheres e crianças por ano e é referência quando se trata do assunto.
"É muito importante quando a mulher consegue ressignificar a dor. Usar sua voz, sua força, para orientar outras mulheres. Porque não é só uma mão. Importunação sexual é crime e precisa ser de conhecimento. Não é para deixar para lá, pois quando a mulher é orientada a se calar, ela passa a ter problemas sociais, problemas para se relacionar e acaba, muitas vezes, aceitando e se calando para coisa pior. É importante denunciar, é importante buscar suporte e você familiar, amigo, namorado, se ouvir que a mulher foi vítima, ajude, oriente e valide o que ela contou", orientou Marisa, que concluiu a visita apresentando o espaço e mostrando todos os serviços oferecidos pelo Movimento de Mulheres a Fernanda.
"Eu tenho certeza de que pessoas como a Fernanda podem ajudar muitas mulheres também. Essa emoção que ela sente é porque ela encontrou a causa para ela lutar pelo coletivo. E no que precisar, eu estou aqui para ajudar", finalizou.
A empresária, por sua vez, reforçou que foi o apoio que a fez falar. "Eu recebi apoio para denunciar, e entendi que quando a gente fala, a gente ajuda no processo de ressignificar os sentimentos. Por isso, criamos a página 'Hora de Falar' (@horadefalar) onde vamos oferecer orientação e apoio para a mulher denunciar. Chega de calar, chegou a hora de falar. Eu sou só uma voz, que resolveu quebrar o ciclo e falar. E espero que meu exemplo faça outras vítimas falarem também", concluiu a empresária.
Vale lembrar que, desde 2018, importunação sexual é crime, com pena de 1 a 5 anos de reclusão. O criminoso pode ser preso em flagrante, sem direito a fiança.