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17 anos após crime, Justiça condena homem que matou ex-namorada com tiro na cabeça em igreja de Niterói

Felipe Motta Pereira Natal foi condenado a 22 anos de prisão pelo homicídio da psicóloga Viviane de Castro Miranda, de 24 anos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 29 de junho de 2024 - 10:48
O crime aconteceu no ano de 2007
O crime aconteceu no ano de 2007 -

A Justiça do Rio condenou, na madrugada da última quinta-feira (27), Felipe Motta Pereira Natal a 22 anos de prisão, por matar a ex-namorada, a psicóloga Viviane de Castro Miranda, com um tiro na cabeça dentro de uma igreja em Niterói. O crime aconteceu há 17 anos e o acusado respondia em liberdade desde então.

De acordo com as investigações, Felipe Motta era estudante universitário na época do crime, em 2007. Ele teria invadido uma sala da Igreja Matriz Sagrados Corações, no bairro Ponta da Areia, em Niterói, onde atirou contra Viviane. O motivo, ainda segundo as investigações, era o término do namoro, ocorrido 20 dias antes do assassinato.


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A vítima fazia um trabalho comunitário no local e estava sozinha na sala quando foi abordada por Felipe. A denúncia do Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) ainda apontou que o criminoso fugiu e comemorou o seu aniversário em um restaurante, horas depois de matar a ex-namorada.

A sentença foi decidida por jurados do 3º Tribunal de Júri de Niterói. A juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce dos Santos destacou a frieza e o menosprezo do acusado pela vida humana, visto que ele atirou em uma curta distância em direção a cabeça da vítima, sabendo que era uma região vital.

“Sua culpabilidade mostra-se acentuada, com alto grau de reprovabilidade e censurabilidade, posto que tendo ciência inequívoca da ilicitude de sua conduta, não se intimidou com o cometimento do crime, com audácia extremamente reprovável, no interior de uma Igreja, efetuou disparo de arma de fogo na cabeça da vítima, sua ex-namorada. A conduta se mostra ainda mais reprovável considerando que a vítima estava desarmada, em seu local de trabalho comunitário como psicóloga, vindo o réu a abandoná-la mortalmente ferida, sem sequer prestar ou mesmo chamar por socorro, para, em seguida, sair para comemorar seu aniversário em um restaurante, como se nada tivesse ocorrido”, escreveu a magistrada.

Nearis também citou que o feminicídio causou danos psicológicos aos familiares mais próximos de Viviane, que na época tinha 24 anos e era filha única. Além disso, o corpo da psicóloga foi localizado por uma criança, o que, segundo a juíza, evidencia mais ainda a gravidade da situação.

"De forma a evidenciar ainda mais as consequências desfavoráveis não somente que a genitora da vítima relata sofrer até hoje de enxaqueca e gastrite nervosa em razão da morte de sua filha Viviane, mas também que o corpo da vítima foi localizado por uma criança, frequentadora da Igreja, para a qual os danos psicológicos se mostram também evidentes, diante da barbárie praticada, que causou grande comoção social e inegável aumento da sensação de insegurança no seio social", completou a magistrada.

O homem foi condenado a 22 anos de prisão em regime fechado, pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por motivação torpe, consistente em uma vingança por não aceitar o fim do relacionamento, e com emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, porque sacou repentinamente um revólver e atirou contra a cabeça da psicóloga após uma conversa com ele.

Felipe respondia em liberdade há 17 anos. Com a condenação, a Justiça determinou sua prisão preventiva.

Relembre o caso

O crime aconteceu no ano de 2007. Na época, Viviane tinha 24 anos e estava trabalhando há poucos meses como psicóloga voluntária na Matriz Sagrados Corações, na Vila Pereira Carneiro, no bairro Ponta d’Areia, em Niterói. A jovem teve seus sonhos interrompidos ao ser assassinada com um tiro na cabeça na sacristia do local.

Segundo informações, ninguém ouviu nenhum barulho de tiro no local e, por isso, todos se assustaram quando acharam o corpo de Viviane. O principal suspeito do crime era o ex-namorado da jovem Felipe Motta Pereira Natal, que não teria aceitado bem o término do namoro deles. Felipe chegou a ser preso por 55 dias pelo crime, mas, logo depois, foi liberado.

Lúcia Helena e seu marido Vanderlei Miranda, pais de Viviane, viviam na angústia de que a Justiça fosse feita, e que o culpado pela morte da filha deles fosse finalmente preso. Em entrevista a O SÃO GONÇALO, em 2020, eles falaram sobre a espera.

"Ela tinha acabado de se formar na faculdade, estava super feliz. No dia em que ela foi assassinada, eu senti algo no meu coração e pedi para ela não ir trabalhar, mas ela era muito boa e disse que alguém precisava dela naquele dia e que ela iria. Eu percebi que algo estava errado quando ela não me ligou ao chegar no local. Eu estava na psicóloga, mas senti algo no meu peito e sabia que algo de ruim tinha acontecido com a minha filha. Ela era filha única, sempre expliquei tudo do certo e errado para ela. Ela foi executada. Hoje, ela e nós (pais) pagamos uma pena, a gente não pode se ver, se encontrar, ela não tem o direito de me ver no Dia das Mães, mas o culpado pelo crime continua solto. Minha filha paga por algo, mas o assassino está impune andando livremente", disse a mãe de Viviane, Lúcia Helena, há quatro anos atrás, momento em que vivia a base de calmantes, esperando por respostas do crime. Agora, finalmente, após 17 anos, o culpado foi condenado.

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