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Jornateca faz vaquinha virtual para manter biblioteca comunitária em SG funcionando

Poda de árvore que dava sombra à banca tornou local insalubre nos horários de sol forte; com a vaquinha, responsável pelo projeto irá comprar tendas para continuar recebendo os leitores

relogio min de leitura | Escrito por Cristine Oliveira | 05 de julho de 2024 - 11:15
O projeto "Jornateca" precisa de doações para comprar tendas com o objetivo de manter a biblioteca solidária protegida do sol
O projeto "Jornateca" precisa de doações para comprar tendas com o objetivo de manter a biblioteca solidária protegida do sol -

A biblioteca social 'Jornateca', que empresta livros para os gonçalenses aos sábados, está temporariamente fechada. O motivo é a poda das árvores que faziam sombra no local, ocorrida há cerca de duas semanas. Em horário de sol forte, o local fica insalubre e isso tem afastado os leitores, além do risco de danificar os livros. Então, para continuar proporcionando lazer e cultura a todos, Bruno Policarpo, responsável pelo projeto, decidiu criar uma vaquinha virtual para arrecadar fundos e comprar duas tendas, que irão proteger os leitores. A biblioteca social fica na Rua Dr. Jurumenha, na altura do número 3126, no Barro Vermelho, em São Gonçalo e funciona todo sábado das 9h até 14h, mas o horário poderá sofrer alterações.

Conversando com amigos, Bruno recebeu a ideia de fazer a vaquinha como uma alternativa para não encerrar os trabalhos da Jornateca. No primeiro momento, o mais importante é a compra de duas tendas. Ele também estuda a possibilidade de outras melhorias, como consertar e pintar o chão, comprar mais cadeiras, entre outras ações.


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"Não temos prazo para finalizar a vaquinha. Vamos arrecadar até batermos a meta e depois finalizamos. Mas, vamos reabrir assim mesmo, com sol, com chuva, provavelmente por um período mais curto, não até às 14h, talvez até meio-dia, para não deixar nossos amigos leitores na mão. Tenho a intenção de voltar aos trabalhos no dia 20 de julho”, explica Bruno.

Bruno Policarpo, responsável pelo Jornateca
Bruno Policarpo, responsável pelo Jornateca |  Foto: Layla Mussi

A meta de arrecadação é de R$ 3 mil e até a publicação desta reportagem, havia alcançado30% do total necessário. Bruno tem esperança de alcançar o objetivo até o final deste mês.

“Precisamos das doações porque o sol vai voltar muito forte. Agora, estamos no inverno, mas no verão vai estar muito calor. E, infelizmente, sem uma cobertura, a nossa biblioteca terá que encerrar as atividades, o que vai ser triste, porque um projeto tão bacana como esse fechar as portas... Nosso projeto não vende nada, não cobra nada a ninguém, só vende sonho e esperança para a população", desabafou. Para quem desejar colaborar para manter a Jornateca viva pode doar neste link.

Mas, para quem quiser ajudar além da quantia em dinheiro, também há a possibilidade de doar trabalho voluntário e/ou a doação de livros no local ou pelo correio para o endereço Rua João Pereira da Cunha, número 35, Barro Vermelho, São Gonçalo,CEP 24415-300 para Bruno da Silva Policarpo.

Livros oferecidos pelo projeto
Livros oferecidos pelo projeto |  Foto: Layla Mussi

Sobre a Jornateca

A Jornateca é um projeto social de autoria de Bruno Policarpo, que teve a ideia de organizar uma biblioteca, em 2021. "A ideia surgiu na pandemia. Um dia parei com meu filho para assistir o filme do Pinóquio, ele começou a contar a história, então entendi que ele gostava de ler e comecei junto com ele. Outro dia, fomos à casa da minha irmã, e eu sempre dei livros de presente para a minha sobrinha, mas dessa vez a minha irmã quem deu livros para o meu filho. Ficamos com muitos livros em casa, então pensei que alguns deles podiam ir para a biblioteca. Um dia passei na biblioteca, na volta vi a banca e pensei que ficaria legal”, relembra.

Depois de três meses organizando o material, limpando e pintando a antiga banca de jornal, a Jornateca foi inaugurada no dia 27 de agosto de 2021.

Estrutura do "Jornateca"
Estrutura do "Jornateca" |  Foto: Layla Mussi

No primeiro momento, muitos não acreditaram que o projeto daria certo, pois acreditavam que o hábito da leitura havia sido perdida com o tempo. “Foi uma surpresa para os moradores de perto da Jornateca, pois todo mundo achava que ninguém lia mais nada, e depois viram a nossa biblioteca cheia de criança, adolescentes, idosos, pessoas de todas as idades. Acabou que aqui virou um ponto de acolhimento de encontro do pessoal da literatura", contou Bruno, feliz e emocionado.

Uma dessas pessoas que viram o projeto nascer hoje é apoiadora e uma das leitoras mais assíduas,  a artesã Mara Souto Maior, 60. “No início tinham até medo de chegar perto porque não sabiam exatamente o que era. Eu também não sabia o que era e via ele (Bruno) se movimentando, pensei que fosse vender o livro ou algo assim, mas ele me explicou melhor. As pessoas passavam desconfiadas, com medo de perguntar, só que um foi passando para o outro a informação com o tempo”, conta Mara.

Mara Souto uma das pessoas que ajudam e participam do projeto
Mara Souto uma das pessoas que ajudam e participam do projeto |  Foto: Layla Mussi

Com os preços elevados dos livros, a Jornateca é a possibilidade de as pessoas manterem ou começarem a criar o hábito de ler. “Aqui emprestamos muitos livros, antes eu achava que não iríamos emprestar tanto assim, pois não imaginava que tinha tanta gente que lia aqui na região. E também tem aquelas pessoas que passaram a ler depois da Jornateca porque os livros são gratuitos”, acrescenta Bruno.

A biblioteca tem eventos voltados para a cultura e diversão dentro e fora do mundo literário, como a realização de cafés literários, festas do dia das crianças e do aniversário da Jornateca. O próximo passo para oferecer ainda mais conhecimento é a implementação de uma escolinha de xadrez, que já está sendo estruturada, com a compra do tabuleiro e peças e também de um relógio.

Alguns dos exemplares da Jornateca
Alguns dos exemplares da Jornateca |  Foto: Layla Mussi

A meta social não para por aí. Também são realizadas distribuição de água e café da manhã para catadores de lixo ou quem mais estiver passando no local e precisar.

Atualmente, são 15 livros em média, emprestados a cada final de semana. Desde a inauguração, já foram 958 livros emprestados e a meta é alcançar 3 mil obras literárias até completar três anos. Vale ressaltar que no início o objetivo era de 1 por dia. O acervo está estimado em 1.400 exemplares, mas pode ultrapassar esse número pois alguns livros infantis não foram catalogados. Para facilitar o acesso das pessoas aos livros, o projeto tem seu próprio canal de comunicação, onde é divulgado o catálogo das obras literárias e também pode ser feito o pedido de prorrogação do empréstimo dos livros, pelo número 21 993219077.

*Sob supervisão de Cyntia Fonseca

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