Aqui tem Nordeste: Ambulante mantém viva sua origem vendendo produtos típicos pelas ruas de Niterói
O cearense Francisco Rodrigues Borges percorre os bairros da "cidade sorriso" em sua food bike
Por ser a região com o maior número de estados do Brasil, o Nordeste acaba sendo referência por conta da diversidade em sabores, ingredientes e temperos. E é justamente isso que o cearense Francisco Rodrigues Borges, de 61 anos, procura levar, através de seus produtos, pelas ruas da cidade de Niterói, onde mora há mais de 30 anos.
Casado há 38 anos, pai de dois filhos e avô de um menino de 3 anos, Francisco considera que as vendas fazem parte de quem ele é, desde o início de sua trajetória.
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"É o que eu sou e sempre fui: um vendedor. Eu amo vender, gosto de lidar com pessoas, de trocar ideias, conversar, dividir experiências. Sempre falei para os colegas de trabalho na hora do aperto, das horas e momentos difíceis, que esse negócio de trabalhar para os outros é complicado, nunca me fez feliz", afirmou o profissional ambulante.
Esse foi um sentimento que fez parte da vida de Francisco por longos anos, dos quase 40 trabalhados em restaurantes.
"Me sinto muito mais feliz e realizado assim, hoje, vendendo pela cidade. Em relação à questão de status, eu até vivi isso um período, na época em que saí da função de garçom no restaurante e me tornei subgerente. Mas depois fui vendo que isso é bobagem. Pode ganhar bem? Beleza. Mas tem lazer? Você vive? Isso sempre tocava no meu coração, a questão da infelicidade, de não estar gostando de fazer aquilo, e mesmo assim continuar insistindo", contou.
Ao mesmo tempo em que exercia sua função nos restaurantes em que trabalhou, Francisco também conciliava seu horário com algumas vendas que fazia na época. Porém, com a chegada da pandemia e as restrições do convívio social, o vendedor foi motivado a investir e trabalhar de vez com aquilo que sempre fez seu coração bater mais forte: as vendas.
"Sempre trabalhei com algo adicional. Ia em São Paulo, Friburgo, Petrópolis, pegar roupas e também trabalhava vendendo, carregando as bolsas e realizando as vendas a pé. Era o meu plano B, mas com a pandemia, acabei pedindo o desligamento da empresa e falei com o meu ex-patrão que agora estava gerenciando o meu próprio negócio, que nesse momento já era com as vendas na bicicleta", explicou Francisco, que há três anos vive exclusivamente das vendas pela cidade de Niterói.
Vendas na food bike
Mesmo decidido a viver das vendas, o início não foi fácil para Francisco Borges, que venceu a resistência dos filhos, que tinham receio dos riscos que o pai poderia ter através das vendas andando de bicicleta pelas ruas de Niterói, e também precisou, arduamente, conquistar clientes.
"Quando iniciei nesse trabalho, meus filhos resistiram bastante, com medo que eu me machucasse, me arriscasse pelas ruas, e eu realmente já caí algumas vezes. Mas hoje em dia eles já aceitam, veem que estou afiado. Outra dificuldade foi que no início eu trabalhava praticamente o dia inteiro, buscando clientes. Chegava no estabelecimento procurando falar com os gerentes, oferecendo meus produtos. E foi uma loucura decidir viver disso. Enquanto ainda estava no último restaurante, o meu ex-patrão me deu muita força, porque muitas vezes eu não ficava com nada do meu salário, usava o dinheiro para comprar os produtos para vender, investia nisso. E ele chegou a me dar um dinheiro para que eu investisse no meu negócio, mesmo querendo que eu não saísse da empresa, que era um ótimo lugar, mas ainda não era o que eu queria. Sempre entendi que depois dos 60 eu não queria mais trabalhar em restaurantes ou para os outros. Tantas situações em que eu poderia ficar com a minha família e não fiquei porque o trabalho era árduo, finais de semana de ralação, sem lazer", afirmou o vendedor.
Norte e Nordeste
Francisco decidiu focar suas vendas em produtos típicos da sua região natal, após analisar que esses tipos de produtos não eram vendidos de forma habitual pela cidade. Foi então que o profissional intitulou sua food bike com o nome "Borges - Vendas de produtos típicos do Norte e Nordeste".
"Isso de vender produtos das regiões Norte e Nordeste foi um estalo que me deu. Naquele período pensei que era algo que não era comum de se ver vendendo nas ruas da cidade, além de remeter às minhas origens lá do Ceará. Pensei em iniciar com as vendas de produtos típicos da região, e depois, quem sabe, embutir roupas nas vendas, além de redes, mantas, tapetes, que é o que estou fazendo agora. Tenho colocado esses produtos também à venda. Não é que eu tenha um estoque imenso, mas estou começando a ter produtos mais diversos", contou.
Vendas em Niterói
Hoje Francisco vende para muitos estabelecimentos, mas também para pessoas físicas, que vão indicando, através do boca a boca, os produtos uns para os outros. Os dois carros-chefes do Borges hoje são: feijão para baião de dois e goma de tapioca (que ele mesmo hidrata). Mas ele também vende outros produtos típicos como a farinha d'água ou de puba, rapadura, biscoitos regionais da Paraíba e Ceará e doces como cocada, além de outros.
"A venda ambulante é uma venda isolada. Penso em um dia abrir uma loja, mas são muitas questões para pensar, como os encargos e funcionários. É um desejo a longo prazo, ainda não estou com a felicidade completa, mas estou no caminho. Hoje em dia é mais fácil fazer um trabalho nas redes sociais, mas eu pensei que, a princípio, gostaria de fazer um trabalho pessoal, corpo a corpo, para depois pensar nisso. Mas penso em ter uma página sim, estou me preparando, vendo a logística, para poder expor os meus produtos na internet", afirmou Francisco, que ainda não possui rede social para divulgar suas vendas.
Para fazer uma encomenda, basta entrar em contato com "Borges: Vendas de produtos típicos do Norte e Nordeste", através do número: (21) 96855-0557.