João Gomes, pré-candidato a prefeito de Niterói pelo Novo, desiste de concorrer
Ele também acusa assessor de Carlos Jordy de manobra para impedir que Alexandre Ceotto tente uma vaga no Legislativo, segundo reportagem de 'O Globo'
Um dos candidatos a prefeito de Niterói, o engenheiro João Gomes, do Novo, anunciou a desistência de disputar as eleições da cidade em outubro. O pré-candidato encaminhou uma carta de renúncia ao diretório do seu partido, na última semana, explicando os motivos de sua decisão. João também acusou o assessor parlamentar Renato Quintanilha, funcionário do deputado federal Carlos Jordy (PL), de ter participado de uma manobra para impugnar a candidatura de um postulante a vereador do Novo, Alexandre Ceotto, segundo reportagem divulgadas em 'O Globo'.
Em carta enviada ao diretório do Novo, João Gomes afirma: "Na votação nominal durante a recente convenção realizada em 22 de julho, dois filiados, portadores de procurações de filiados ausentes, votaram pela impugnação da candidatura de um determinado postulante a vereador aprovado no longo processo seletivo do partido. Em ação orquestrada, os votos destes filiados, mais os votos dos ausentes (por eles representados), foram fundamentais na formação da maioria para a impugnação da referida candidatura. Mesmo operando legalmente, mas imprimindo pareceres manifestadamente pessoais na representação dos filiados ausentes, causa enorme desconforto saber que um deles, nomeado e remunerado pelo gabinete do deputado federal Carlos Jordy (PL), tenha sido um dos promotores deste movimento, não tenha se declarado impedido e ainda votado na convenção, agravando ainda mais este desconforto meu e dos filiados presentes. O deputado Carlos Jordy é o adversário do Novo na disputa municipal ao Executivo", declarou João Gomes a 'O Globo'
No documento, Gomes agradece aos envolvidos na sua pré-candidatura e enfatiza que o episódio prejudica o Novo: "Sem capacidade de articulação e resolução dos problemas internos, estas ações e atitudes não têm minha concordância. O Partido Novo em Niterói sai menor desta convenção. E um partido menor, dividido, carente de recursos, físicos e financeiros, não logrará êxito em uma disputa com outras campanhas milionárias", disse.
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Carlos Jordy, também candidato à Prefeitura de Niterói, afirmou a 'O Globo' não ter nenhuma relação com a decisão tomada pela Executiva do Partido Novo sobre suas indicações para cargos nas próximas eleições: "Minha preocupação é com a minha campanha e com as necessidades da população de Niterói. Reafirmo que não tenho qualquer influência na decisão da Executiva do Novo que, de maneira independente e legal, toma suas decisões sobre quem serão seus candidatos. Para o bem da política niteroiense, espero que o João Gomes repense sua posição. Sua presença é importante para que possamos ter um ambiente democrático e com mais representatividade na eleição. Aproveito para lembrar que a minha coligação sofreu a interferência indevida da Executiva nacional do partido Agir, que acabou com o sonho de mais de 20 candidatos a vereador. Portanto, jamais iria interferir no sonho de quem deseja se candidatar", declarou.
O pré-candidato do PL se refere à decisão do presidente nacional do Agir, Daniel Tourinho, de apoiar a candidatura de Rodrigo Neves (PDT) à prefeitura de Niterói, o que levou pré-candidatos do partido a protestarem e reforçarem suas declarações a favor de Jordy.
Assessor parlamentar de Jordy presente na votação que impugnou a candidatura de Alexandre Ceotto a vereador, Renato Quintanilha destaca que é filiado ao Novo desde 2018 e nunca esteve em outro partido. Ele ressaltou a 'O Globo' que tinha o direito de participar da votação e que outra filiada, que, segundo ele, nada tem a ver com o deputado Jordy, levou cinco procurações e também votou contra a possibilidade de Ceotto concorrer a um cargo no Legislativo de Niterói.
Quintanilha afirmou: "Gozo de meus direitos como filiado, estando apto a votar na convenção partidária. Não há qualquer vedação estatutária para que filiados trabalhem ou façam campanhas para outros políticos. O que o estatuto veda é que dirigentes, mandatários e candidatos façam campanha para outros candidatos em locais onde o Partido Novo já tenha candidatura. Todos os requisitos e exigências estatutárias foram rigorosamente atendidos para a realização da convenção partidária, com respaldo do diretório nacional para a votação por procuração. As declarações apresentadas na carta de renúncia escrita pelo João Gomes são levianas, lamentáveis e contraditórias. Se não tem as informações dos motivos que levaram cada filiado a votar pelo "não aprovo", deveria ter feito contato com as pessoas e entender suas motivações, como qualquer grande líder faria, mas preferiu abandonar a nominata dos demais candidatos, em detrimento de uma única pessoa, recém-filiada ao partido. O senhor Alexandre Ceotto, em um curto espaço de tempo, criou um ambiente muito hostil dentro do partido. Eu mesmo fui agredido e ameaçado durante a convenção pelos apoiadores do Ceotto e percebi que o medo das pessoas era real", declarou na reportagem de 'O Globo'.
Ouvido também na reportagem, Alexandre Ceotto informou que acionou a Justiça para reverter a decisão do diretório municipal do Novo e poder levar sua candidatura adiante: "Judicializei e vai caber à Justiça Eleitoral decidir o que aconteceu lá. Estamos tentando reverter por liminar e acreditamos totalmente que conseguiremos, porque não tem nenhuma jurisprudência. Nunca na história da democracia brasileira, alguém foi cassado por procuração. Já vinha alertando aos dirigentes estaduais do partido e ao próprio João que isso iria acontecer, que poderiam tentar uma manobra para cassar minha candidatura por votos. O Novo tem um processo seletivo no qual o candidato faz prova e dá todas as certidões. Eu tirei a maior nota do partido entre os postulantes. Acredito que assustei uma postulante e arrumaram um jeito de me tirar da disputa. Foi apunhalado pelas costas", enfatizou.
No domingo passado (28), o Novo divulgou uma nota em suas redes sociais para anunciar a desistência de João Gomes: "Informamos a todos os filiados, apoiadores e simpatizantes a desistência de João Gomes ao pleito majoritário em nossa cidade. O Partido Novo segue em frente com a nominata de vereadores, aprovada em recente convenção, na luta por uma Niterói melhor e na defesa de nossos princípios e valores."
Presidente do partido na cidade, Andrea Carvalho afirma que a votação feita na convenção municipal foi legítima e que lamenta a desistência de João Gomes. Ela também garantiu que o partido não apresentará outro candidato ao Executivo, pela falta de tempo hábil.