Arquiteta e urbanista 'coleciona' projetos em locais emblemáticos de Niterói; saiba quem é
Estilo inspirado em textos sagrados antigos está presente em construções tanto de ambientes tradicionais quanto contemporâneos
Quem anda pela cidade e observa edifícios e construções emblemáticas como o chafariz do Campo de São bento ou o calçadão da Praia da Icaraí, nem imagina a mente brilhante por trás de toda a arquitetura desses projetos niteroienses. Repleta de significados e símbolos impactantes, a arquitetura profética é uma que destaca-se por sua estética única e performances próprias. Este estilo, que integra formas inspiradas em textos sagrados antigos, tem ganhado visibilidade na região metropolitana do Rio de Janeiro, tanto em ambientes tradicionais quanto contemporâneos. Responsável pelo minucioso projeto da Primeira Igreja Batista do Ingá, em Niterói, a arquiteta e urbanista Celeste Carvalho colaborou também em outros projetos na cidade como o Túnel Raul da Veiga e na dragagem para alargamento das vias da Praia de São Francisco.
Para ela, a arquitetura vai muito além do que se vê. No atual contexto histórico, marcado pela pós-pandemia e conflitos, o estilo arquitetônico profético leva as pessoas a buscarem um sentido mais profundo em suas vidas. "Cada elemento é pensado para transmitir uma mensagem", diz.
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Este legado da arquitetura profética é evidente em várias construções, como a Primeira Igreja Batista de Niterói, a Igreja de São Judas Tadeu, na Praia de Icaraí, a Igreja Salesianos, em Santa Rosa, e a Igreja Porciúncula de Sant'ana. No Brasil, outras construções significativas incluem a Catedral da Fé, na Av. Suburbana, o Templo de Salomão, em São Paulo, a Catedral de Brasília e a Igreja da Pampulha, ambas projetadas por Oscar Niemeyer.
"A arquitetura profética manifesta-se através de elementos simbólicos como jardins, paredes representativas, vitrais, foyers, pisos e tetos. Tudo isso visa preservar tradições e costumes milenares com os mais nobres sentimentos", explica Carvalho.
Na Primeira Igreja Batista do Ingá (construída entre 1976 e 1982), Celeste Carvalho aliou paredes brancas ao conceito de paz e tranquilidade, enquanto o teto interno de cimento aparente simboliza a construção pessoal contínua dos membros. "A marquise côncava da porta representa proteção, e o lago remete à vida", diz a arquiteta. "O mármore do piso foi inspirado nas pegadas de um rebanho, e o amor é representado por um cálice de concreto, com a cruz como única coluna visível no templo."
Além de seu trabalho com templos, a arquiteta e urbanista Celeste Carvalho teve uma carreira prolífica em Niterói. Ela beneficiou 17 colégios municipais, seis postos de saúde, e ajudou a implementar o Projeto Vida Nova em 22 comunidades, construindo escadarias e caminhos acessíveis. Entre suas outras realizações estão o chafariz no Campo de São Bento, a construção de um canal de 1,6 km na Av. Roberto Silveira e o calçadão da Praia de Icaraí. Carvalho é autora do Projeto de Lei n° 307, de 1997, que isenta taxas de obras para templos de quaisquer cultos e para associações de moradores. Ela serviu a Prefeitura de Niterói por 46 anos.