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Protesto no Centro de São Gonçalo pede fim da violência nas comunidades

Caminhada reuniu diferentes movimentos sociais do município na tarde desta quarta (14)

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 14 de agosto de 2024 - 18:58
Manifestantes se reuniram no Zé Garoto e caminharam pela Rua Dr. Feliciano Sodré até a Prefeitura
Manifestantes se reuniram no Zé Garoto e caminharam pela Rua Dr. Feliciano Sodré até a Prefeitura -

Um grupo de ativistas e representantes de diferentes movimentos sociais de São Gonçalo se reuniu no Centro da cidade, na tarde desta quarta (14), para uma manifestação pedindo o fim da violência policial nas comunidades. Com cartazes, panfletos e discursos, a caminhada aconteceu entre a Praça do Zé Garoto e o prédio da Prefeitura, na Rua Dr. Feliciano Sodré.

Entre as principais motivações do protesto está o caso do adolescente João Pedro, morador do Salgueiro, de 14 anos, que morreu após ser baleado dentro de casa durante uma operação policial. Neilton da Costa Pinto, pai do menino, compareceu a manifestação e destacou a importância de atos pacíficos contra a violência nas periferias.


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"Eu e minha família somos prova de que existe violência policial dentro da comunidade e, por isso, eu vim para apoiar essa manifestação pacífica. Essa violência precisa dar um basta, porque não podemos achar normal que o Estado com sua força entre numa comunidade e tire a vida de pessoas inocentes, pessoas que não tem nada a ver com os problemas deles", disse Neilton.

Neilton da Costa Pinto, pai de João Pedro, destacou importância de se manifestar contra a violência policial
Neilton da Costa Pinto, pai de João Pedro, destacou importância de se manifestar contra a violência policial |  Foto: Felipe Galeno

Uma outra pauta destacada pela manifestação foi a forma como a Justiça lida com esses episódios de violência. Recentemente, uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio absolveu os três policiais militares acusados de envolvimento na morte do jovem. Para Sônia Jardim, de 58 anos, representante do Fórum de Desenvolvimento Sustentável e Resistência Democrática de SG (FDSRD-SG)FDSRD, essas decisões judiciais precisam ser repensadas.

"A violência policial, como matou João Pedro, tem feito outras vítimas nas comunidades. E é um absurdo maior ainda que o Poder Judiciário entenda que essas pessoas têm que ser inocentadas. Nós não aceitamos uma sentença que ratifica a violência policial nas comunidades", destacou Sônia.

Caminhada aconteceu na tarde desta quarta-feira (14)
Caminhada aconteceu na tarde desta quarta-feira (14) |  Foto: Felipe Galeno

As mortes de Durval Teófilo, assassinado por um vizinho no Colubandê, e de Jéssica Silva, morta por bala perdida durante um operação no Jardim Catarina, também foram lembradas pelos manifestantes. No mesmo dia do protesto, Catarina e Salgueiro receberam operações policiais com intensas trocas de tiro. Para Neilton, as ações desta quarta (14) se relacionam diretamente com as pautas da manifestação.

"Hoje eu já não resido mais dentro do Complexo [do Salgueiro], mas a maioria dos meus familiares mora lá ainda. Meu coração está lá dentro. Lá eu nasci, cresci e me formei como um pai de família. Tive que sair devido às lembranças do João Pedro, mas fico muito preocupado com operações como essa de hoje. Saber que outros João Pedro podem ser ceifados pelo Estado é preocupante. Hoje eu fiquei muito tenso com essa operação", conta o pai de João Pedro.

Absolvição de policiais envolvidos na morte de João Pedro também motivou protesto
Absolvição de policiais envolvidos na morte de João Pedro também motivou protesto |  Foto: Felipe Galeno

Com as ações nas comunidades em São Gonçalo, pelo menos nove escolas no Salgueiro e no Jardim Catarina tiveram suas aulas interrompidas nesta quarta (14). Diretora do núcleo gonçalense do Sindicato Estadual de Profissionais de Educação (Sepe-SG), a professora Maria Beatriz Lugão disse que a educação é uma das principais áreas afetadas pelas medidas violentas das forças policiais.

"É muito importante que educadores também se posicionem. Por quantas vezes a gente vê educadores, quando tem incursão policial, escondidos com as crianças dentro da escola no refeitório, debaixo da mesa. São situações de muita tensão e é preciso que a gente denuncie isso, exija que outras medidas sejam tomadas que não de violência indiscriminada que acaba vitimando inocentes", afirmou a diretora do Sepe-SG.

Além do Sepe e do FDSRD, participaram da manifestação representantes do Coletivo Casulo, do São Gonçalo Vai À Luta, do Por Todas Nós, do Coletivo Ela, do Cidade no Feminino, do Educação Popular, do Grupo Liberdade Santa Diversidade e do Coletivo de Coletivos.

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