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Eleições 2024: OSG conversa com Dimas Gadelha, candidato à Prefeitura de São Gonçalo

Candidato do PT comenta projeto de transporte gratuito, moeda social e combate à fila do Sisreg

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de outubro de 2024 - 19:15
Primeiro turno das eleições municipais acontece no próximo domingo (06)
Primeiro turno das eleições municipais acontece no próximo domingo (06) -

No próximo dia 6 de outubro, milhares de gonçalenses vão às urnas para decidir quem vai gerir a Prefeitura Municipal pelos próximos quatro anos. A equipe de O São Gonçalo conversou, ao longo das últimas semanas, com os principais candidatos ao cargo e ouviu os projetos de cada um para gerir São Gonçalo.


Confira as entrevistas com os outros candidatos dessa cidade:

Capitão Nelson (PL)

Professor Josemar (PSOL)

Viviane Carvalho (PMN)

Jaqueline Pedroza (NOVO)

Reginaldo Afonso (PSTU)


Nossa equipe conversou com Dimas Gadelha (PT), candidato pela coligação “São Gonçalo Merece Muito Mais”, com a vice Aparecida Panisset (PDT). Médico sanitarista e deputado federal pelo Rio, Dimas já foi secretário em gestões anteriores em São Gonçalo e Maricá e falou com nossa equipe sobre seus planos nas áreas da educação, da segurança pública, do saneamento básico, entre outros assuntos. Confira a entrevista:

OSG - São Gonçalo enfrenta há vários anos problemas no transporte público de qualidade, que é basicamente realizado por ônibus e vans. Com isso, motoristas e passageiros gastam um tempo enorme em seus deslocamentos diários, num trânsito intenso nas principais vias da cidade. Quais são seus planos para melhorar o transporte público e reduzir o congestionamento nas principais vias de São Gonçalo?

Dimas Gadelha - O projeto anunciado pelo Governo do estado e pelo prefeito é um projeto vazio, é gastar dinheiro onde não vai resolver problemas. Eles criaram o Muvi, que é um sistema de Mobilidade Urbana Verde e Integrada, que de “verde” não tem nada, porque arrancaram as palmeiras da cidade, e de “integrada” muito menos, porque termina em Neves - e todo gonçalense sabe que nossos problemas de engarrafamento acontecem no gargalo entre Neves e a Ponte. Além disso, a gente também tem um problema de mobilidade interna na cidade. Hoje, a passagem é muito cara e as pessoas têm dificuldade de pagar.

A gente defende a tarifa zero, o transporte gratuito como Maricá tem, como Itaboraí já implantou. A gente sabe que é possível implantar aqui em São Gonçalo. Além disso, a gente trabalha para, junto do Governo Federal, fazer investimento no transporte de massa, seja com a possibilidade de a barca estar vindo até aqui em São Gonçalo, seja com a possibilidade de a gente conseguir recursos federais para conseguir executar a tão sonhada linha do metrô.

OSG - A violência é uma das principais preocupações da população gonçalense. Apesar de o combate à violência ser de responsabilidade direta das polícias estaduais e federais, como sua gestão pretende contribuir para enfrentar esse problema e garantir mais segurança para os moradores?

Dimas - A violência, costumo dizer, que é a ponta do iceberg. Quanto todas as outras políticas vão mal, a segurança e a saúde são as que mais param. A gente sabe que a Prefeitura tem que fazer a sua parte, seja através de investimento na Guarda Municipal para dar proteção em torno das escolas e praças municipais, seja através do monitoramento com câmeras de segurança, em parceria com o 7ºBPM.

Mas tem também a questão do dever de casa com a educação. Hoje, infelizmente, São Gonçalo está perdendo muitos jovens para a barricadas por falta de uma política de educação eficaz. Uma cidade que não tem profissionalização para os jovens, que não tem escola em tempo integral para todos os jovens da cidade, que não tem acesso a universidade, é uma cidade que vai perder, o tempo inteiro, jovens para o tráfico. Eu vejo a educação como a principal forma de a gente resolver a médio e a longo prazo a questão da violência.

OSG - A educação pública em São Gonçalo enfrenta desafios em termos de infraestrutura e qualidade do ensino. Quais são suas propostas para garantir maior qualidade na educação pública e aumentar o acesso a escolas em áreas carentes?

Dimas - A proposta é a educação entrar na pauta de investimentos da cidade. A venda da Cedae possibilitou a São Gonçalo uma capacidade de investimento nunca antes vista na história da cidade. São Gonçalo teve 30, 35 anos de capacidade de investimento em um só Governo. E esse Governo não investiu em educação.

Não custava nada nesse período tão rico da cidade a gente priorizar um pouco a educação e não gastar dinheiro só com maquiagem. Porque a maquiagem pode dar uma sensação muito boa a curto prazo, mas, a médio e longo prazo, é mais despesa, mais custo de manutenção. O asfalto novo de hoje é o buraco de amanhã e a educação não; educação é investimento.

OSG - Com relação à saúde, historicamente a população de São Gonçalo sempre enfrentou problemas com filas nos hospitais. Quais são suas propostas para melhorar o atendimento nos hospitais e unidades de saúde do município?

Dimas - A gente hoje tem uma das maiores filas do Sisreg do estado do Rio, seja para cirurgia, seja para consulta, por uma série de situações. Temos uma capacidade de ofertar serviços muito menor que a nossa demanda. Isso se resolve com investimento na saúde no que de fato tem que se investir, que são as áreas fim e não as áreas meio. Não adianta pintar o posto, melhorar a recepção da unidade, se você não ampliou a capacidade de ofertar consultas e procedimentos nessa unidade.

Tem um programa que a gente vem anunciando aqui que é o Saúde na Palma da Mão. Hoje, você pede pizza em casa por aplicativo. Por que você não pode acompanhar seu procedimento no Sisreg pelo aplicativo da saúde? Por que não você inserir, solicitar uma consulta e ajudar na regulação do município com a tecnologia que a gente tem hoje? É possível, é viável e o município tem que fazer o investimento para que isso seja feito.

OSG - Desemprego. Quais estratégias sua gestão adotará para atrair novos investimentos e gerar mais empregos na cidade?

Dimas - A gente elaborou um projeto chamado Polo dos Pequenos Reparos Navais. A gente aqui tem uma vocação muito grande para a indústria naval. Existem alguns pequenos reparos que a indústria naval hoje não tem interesse em fazer e a gente quer qualificar São Gonçalo, através de mão de obra e de alguns protocolos e procedimentos, para executar esse papel de pequenos reparos navais. Entregamos o projeto para o presidente Lula e ele gostou. É uma possibilidade de geração de emprego já a curto prazo de 15 mil vagas, visto que a indústria naval e a indústria de petróleo e gás vão voltar a ser prioridade.

Além disso, a gente acredita muito no potencial da moeda social como geradora de emprego através do comércio. Outra vocação muito viva da cidade é o comércio de bairro. Todo bairro tem um comércio, até porque a gente tem um mercado consumidor muito grande. A gente quer, através da moeda social também, incentivar o comércio local. O comércio local também tem capacidade de gerar empregos. Se o comerciante ganhar mais, ele vai dar mais empregos.

OSG - Saneamento básico ainda é um problema grave em diversas regiões de São Gonçalo, além de enchentes frequentes em épocas de chuva. Como sua administração pretende lidar com os problemas crônicos de saneamento básico e enchentes?

Dimas - Nós queremos usar muito a parceria e proximidade com o presidente Lula para trazer investimentos do PAC, para que a gente possa ampliar a nossa cobertura de saneamento básico e também resolver problemas crônicos de bairros aqui na cidade. A gente já vem colocando dinheiro [no saneamento]. Independente do prefeito ser do PL, partido de oposição ao presidente Lula, a gente já vem fazendo esses investimentos e vamos continuar fazendo. E, uma vez prefeito, esses investimentos com certeza se intensificarão, porque eu vou estar todo dia batendo na porta do presidente pedindo para que ele lembre de São Gonçalo todas as vezes que fizer anúncio e tiver dinheiro do PAC para investir. E é claro que a gente também precisa fazer o dever de casa, que a gente não vem fazendo, que é dragar os rios da cidade, né?

OSG - Como o senhor pretende conciliar o crescimento urbano com a preservação do meio ambiente em São Gonçalo? Quais são suas propostas para proteger as áreas de preservação ambiental e lidar com o desmatamento e a poluição? Existe algum plano para implementar políticas de reciclagem, gestão de resíduos ou uso de energias renováveis na cidade?

Dimas - Hoje, a questão da limpeza urbana é uma das maiores despesas da cidade. São Gonçalo gasta muito dinheiro com a coleta do lixo e com o destino do lixo via aterro sanitário. Nós precisamos ser mais audaciosos no programa da reciclagem. Reciclagem é recurso. Se você anda na cidade, você não acha nenhuma latinha de refrigerante, de cerveja, porque hoje as pessoas já saem coletando esse material para vender algum ferro velho perto da sua casa. Se a gente estender isso para outros materiais, como papelão e garrafas pet, e criar um programa chamado “Meu Lixo, Minha Renda” - onde a gente possa criar galpões em vários bairros da cidade e as pessoas possam ir lá depositar o seu lixo separadamente para que vire material reciclável -, a gente pode criar um projeto de renda associado com a moeda social que a gente quer criar, o Tamoio.

OSG - Muitos moradores de São Gonçalo vivem em áreas irregulares e em situação de risco. Há planos para ampliar projetos de habitação popular ou regularizar áreas irregulares?

Dimas - A gente vive um momento agora de novo de expansão do “Minha Casa, Minha Vida”. Por que não a gente também, através de parceria com o Governo Federal, usar o “Minha Casa, Minha Vida” para fazer correção desses espaços [irregulares]? A gente teve recentemente episódios de chuva em que várias pessoas perderam a vida ou a casa por morarem em lugares de risco. Vejo que o aluguel social não foi pago e essas pessoas voltaram a morar nesses lugares. Daqui a pouco, vai chegar o verão com as chuvas de novo e cada vez vai ser pior a situação, vamos ter catástrofe maior.

OSG - Quais iniciativas sua gestão planeja implementar para promover a cultura local, ampliar o acesso ao esporte e ao lazer? Há planos para revitalizar os espaços públicos, como praças e parques, e fomentar a criação de centros culturais ou esportivos?

Dimas - Nós vemos na cultura uma possibilidade de vocação muito grande da cidade para desenvolver a cidade, não apenas socialmente como também economicamente. A cultura é, hoje, o que a gente chama de “indústria verde”, uma indústria que não polui. E a gente tem aqui em São Gonçalo vários talentos. A gente já tem alguns equipamentos como, por exemplo, o Teatro Municipal, a Lona Cultural. Precisamos ampliar isso, trazer investimentos também do Governo Federal para colocar nisso

OSG - A transparência na gestão pública e a participação popular são temas cada vez mais exigidos pelos eleitores. Como o senhor pretende garantir mais transparência nas contas públicas e incentivar a participação dos cidadãos nas decisões da prefeitura?

Dimas - O público é importante para que a gente possa amadurecer, chegar a eficácia das políticas públicas na participação. A gente quer incentivar isso, seja através de fortalecer os conselhos que já existem, como com a criação de outros conselhos. Por que não podemos ter os conselhos locais de saúde e cada unidade de saúde ter um conselho local? Por que não cada unidade de educação ter o seu conselho local e a escolha do diretor voltar a ser através de eleição?

A gente quer criar uma Secretaria de Transparência no município, onde a gente possa estar publicando todos os atos que a gente está fazendo, convocando a população para que a gente possa estar discutindo antes os investimentos da cidade. Não existe gestão perfeita sem a participação social e transparência.

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