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Eleições 2024: OSG conversa com Talíria Petrone (PSOL-RJ), candidata a prefeita de Niterói (RJ)

Talíria afirma estar pronta para ser a primeira mulher prefeita de Niterói, e comenta sobre os projetos de transporte gratuito, moeda social e melhoria na saúde e na educação, com incentivo na cultura

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 03 de outubro de 2024 - 15:59
Primeiro turno das eleições municipais acontece no próximo domingo (06)
Primeiro turno das eleições municipais acontece no próximo domingo (06) -

Candidata do PSOL, Talíria afirma estar pronta para ser a primeira mulher prefeita de Niterói, e comenta sobre os projetos de transporte gratuito, moeda social e melhoria na saúde e na educação, com incentivo na cultura. Deputada federal pelo Rio, Talíria é licenciada em história e mestre em serviço social e desenvolvimento social. O SÃO GONÇALO conversou, ao longo das últimas semanas, com os principais candidatos ao cargo e ouviu os projetos de cada um. Confira a entrevista:


Confira as entrevistas com os outros candidatos dessa cidade:

Bruno Lessa (Podemos)

Danielle Bornia (PSTU)


OSG - Niterói enfrenta há vários anos problemas no transporte público de qualidade, que é basicamente realizado por ônibus e vans. Com isso, motoristas e passageiros gastam um tempo enorme em seus deslocamentos diários, num trânsito intenso nas principais vias da cidade. Quais são seus planos para melhorar o transporte público e reduzir o congestionamento nas principais vias de Niterói?

Talíria - É muito triste que Niterói seja uma cidade tão rica, com uma extensão territorial tão pequena e com a passagem de ônibus, que é uma das mais caras do Brasil. E com um dos piores trânsitos do Brasil. A gente entende que a tarifa zero é um ponto fundamental para melhorar o trânsito na cidade. A gente está falando de ônibus de graça para todo mundo. Não é uma utopia. Isso é uma realidade já em mais de 117 cidades brasileiras. E aqui, isso pode ser realidade com menos de 3% do orçamento. Quem usa ônibus vai economizar pelo menos 20% da sua renda, o que retorna para a vendinha do bairro, para o comércio do bairro, movimentando a economia. Para os empresários, também é bom que vão economizar na passagem do seu funcionário, podendo investir mais no seu negócio e investir mais na própria cidade. Diminui o trânsito, porque se você tem um ônibus gerido pela prefeitura, muitas pessoas vão pegar mais ônibus e menos carros. E isso é bom também para o meio ambiente. A gente quer, inclusive, caminhar para a frota elétrica à medida que a gente consolida a tarifa zero aqui. Então esse é um ponto fundamental. O grupo político que está aí não fez porque tem relações no mínimo permissivas com os empresários de ônibus, então faltou vontade política para fazer a tarifa zero aqui. Tem candidato que quer fazer a tarifa zero mais ou menos, para uma parte da população, não dá para entender direito o que ele quer fazer na cidade. E o outro não defende, de jeito nenhum, a tarifa zero. Então a gente defende a tarifa zero para todo mundo, ônibus de graça. Isso custa menos de 3% do orçamento, gera mais renda para as famílias, movimenta a economia e diminui o trânsito. Então essa é a proposta chave. É óbvio que isso sozinho não resolve o problema do trânsito. Aliás, Niterói sozinha não resolve a questão do trânsito, é uma questão da religião metropolitana. Mas a gente também pretende ter linhas exclusivas para motos, assim como São Paulo, como a capital começou a experimentar. O VLT da Região Norte para a Região Central da cidade e a ampliação da rede de ciclovias, também da Zona Norte, para o Centro. Mas como o carro-chefe, a tarifa zero, que pode ser uma realidade aqui, basta ter vontade política.

OSG - A violência é uma das principais preocupações da população gonçalense. Apesar de o combate à violência ser de responsabilidade direta das polícias estaduais e federais, como sua gestão pretende contribuir para enfrentar esse problema e garantir mais segurança para os moradores?

Talíria - Olha, segurança pública é, sim, responsabilidade também da prefeita. E para Niterói ser o futuro do Brasil precisa ser a cidade mais segura do Brasil. Então a gente vai substituir a Secretaria de Ordem Pública, transformando ela na Secretaria de Segurança Cidadã. Que vai ter como objetivo garantia de direitos, prevenção e uma coisa que é muito importante, que é a articulação entre os diferentes entes que prestam o serviço público de segurança: a Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, então vai ter esse órgão que vai articular as diferentes polícias. A gente vai ter uma guarda valorizada no seu plano de cargo, as carreiras e salários valorizados e que esteja distribuída em toda a cidade. Não só no Centro e na Zona Sul, ela também vai estar na Zona Norte, que hoje é uma reclamação muito grande, na Engenhoca, no Barreto, ajudando no policiamento comunitário, no policiamento de proximidade. Essa reorganização espacial das polícias e da guarda municipal, ela é muito importante também para garantir segurança em áreas onde a mancha criminal é mais alta, em especial na Zona Norte. E o ordenamento urbano, que não é um detalhe. Você transformar todas as luzes amarelas em luz de LED, isso já tem experiências no mundo inteiro, que a violência cai muito, então a gente pretende fazer isso. Além de ter uma cidade viva, né? A cidade precisa estar pulsante, com alegria, com cultura, ocupando as praças. Você vai aqui na Praça São João e ela está abandonada. Se você tiver eventos culturais regulares, luz de LED, policiamento circulando, você terá uma cidade cuidada e segura.

OSG - Com relação à Saúde, historicamente a população de Niterói sempre enfrentou problemas com filas nos hospitais. Quais são suas propostas para melhorar o atendimento nos hospitais e unidades de saúde do município?

Talíria - A saúde é uma prova de que Niterói andou pra trás. Aqui nasceu o Programa Médico de Família e hoje Niterói tem um dos piores índices da atenção básica. A cobertura do Programa Médico de Família é baixíssima, os trabalhadores são precarizados, falta tudo. Falta remédio, falta médico, falta acesso ao exame. A gente vai priorizar muito a saúde, porque essa é uma realidade muito dura na cidade. Então nós vamos garantir 100% do atendimento do Programa Médico de Família, vamos garantir atendimento para 100% da população do Programa Médico de Família e vamos criar o Super Médico de Família, que é um Médico de Família ampliado em cada região. Garantindo algumas especialidades que são necessárias naquela região, mas em especial raios X e ultrassom, para ajudar a desafogar a fila dos exames. A regulação na cidade não funciona, é uma gestão muito atrasada, não tem sequer prontuário eletrônico, então a gente vai melhorar essa regulação, ter um aplicativo para todo mundo saber em que lugar está na fila de um exame. Vamos renovar todo o parque tecnológico das policlínicas, construir mais uma policlínica na Engenhoca e reorganizar os leitos. Falta leito também em Niterói, porque se você tem um problema da atenção básica, onde falta até remédio de pressão no postinho, você também tem, quem precisa ir para o hospital e muitas vezes não consegue se internar. Nós vamos ter mais 40 leitos pediátricos no Getulinho e instituir lá um tomógrafo. Vamos construir um hospital com 400 leitos na área central da cidade e várias especialidades. E em especial, uma coisa que eu acho muito importante para uma cidade que envelhece, é um centro especializado de AVC e infarto, hoje a atenção a doenças cardiovasculares está completamente desorganizada. A gente vai ter esse centro especializado! Vamos reorganizar a atenção básica, garantindo prevenção, que é o que salva vidas. Mas vamos também melhorar nossas policlínicas com equipamentos melhores e médicos, com mais especialistas.

OSG - A Educação pública em São Gonçalo enfrenta desafios em termos de infraestrutura e qualidade do ensino. Quais são suas propostas para garantir maior qualidade na educação pública e aumentar o acesso a escolas em áreas carentes?

Talíria - Uma cidade que tem o 14º orçamento do Brasil, que tem o terceiro PIB do Estado, está entre uma das piores avaliações do IDEB, tem uma das menores redes públicas do Estado, 3 mil crianças fora da escola pública. Com o dinheiro que tem é essa realidade que pode ser mudada já no início do governo. No primeiro dia do ano letivo, com uma canetada, nós vamos abrir mil vagas no CIEP Cantagalo e no CIEP Fonseca, que são dois CIEPs municipalizados e que hoje contam com projetos sociais para a comunidade. Esses projetos vão continuar, é importante dizer isso, mas aqueles CIEPs, que são enormes, também vão, cada um, abrir 500 vagas. E a gente vai, ao longo da gestão, universalizar o acesso à creche e educação infantil integral, ou seja, toda criança com creche integral, com tempo integral, e duplicar o número de vagas de educação fundamental em tempo integral. Olha que absurdo: são mais de 7 mil pessoas não alfabetizadas em NIterói, e você tem uma redução do número de vagas de educação de jovens e adultos. Só tem vaga à noite e o trabalhador de iFood, o Uber, não podem voltar a estudar, que normalmente é um horário de noite que tem muita demanda por entregador em especial. Então vamos duplicar o número de vagas de educação de jovens e adultos, ampliar de forma muito contundente o programa de alfabetização na cidade e garantir que todo mundo tenha direito a ler e a escrever. É muito possível que a educação de Niterói seja referência para o Brasil todo. A gente vai também criar um espaço, que é o espaço coruja, em algumas creches na cidade de forma descentralizada nas regiões, a gente vai ter um espaço de cuidado e acolhimento noturno para as famílias que precisem trabalhar ou estudar durante a noite. Uma cidade que pretende ser futuro do Brasil, que eu acho que pode ser, ela cuida da educação. Brizola falava que os direitos iguais tem que ser para todo mundo, mas os privilégios são para as crianças e esse é nosso lema.

OSG - Desemprego. Quais estratégias sua gestão adotará para atrair novos investimentos e gerar mais empregos na cidade?

Talíria - Olha, primeiro que a realidade é muito difícil e especial para a juventude aqui em Niterói. A média de desemprego dos jovens aqui é maior do que a média nacional. E uma cidade, como eu disse, que é o 14º orçamento do Brasil. Então, nós vamos, em articulação com o governo federal, fortalecer a indústria Naval, reabrindo vagas que foram fechadas com a crise. Vamos ter um plano de recuperação para pequenas e médias empresas. Olha o centro da cidade, muitas lojas fechadas, e é possível você ter incentivos para as empresas a reabrirem com linhas de crédito específicas, com empréstimo de moeda da Araribóia a juros zero, como acontece lá em Maricá. E, sem dúvida, isso movimenta, aquece a economia da cidade. A moeda da Araribóia pode ser, inclusive, um motor para o desenvolvimento da cidade. Hoje, ela é usada como um instrumento para administrar a pobreza. A gente entende que ela gera renda para as famílias e, ao mesmo tempo, também gera renda para o comércio local. Porque esse dinheiro que chega nas famílias, ele é usado na cidade, na vendinha do bairro, no comércio local, ajudando a ter um ciclo virtuoso e aquecendo a economia. E nós vamos ter também uma política para garantir primeiro emprego. Vai ser o programa Primeiro Emprego, para que nenhum jovem olhe o seu futuro e não veja a perspectiva aqui na cidade de Niterói. E vamos fazer isso a partir de um banco municipal de vagas, que vai organizar as vagas na cidade, que vão ser fomentadas pelo município. Porque, veja, você tem o 14º orçamento do Brasil e com o fechamento das vagas da indústria naval, a prefeitura foi incapaz de diversificar a nossa estrutura produtiva. O turismo não funciona! Você pode investir na indústria hoteleira, investir no turismo de base comunitária, isso vai aquecer a economia, gerar mais emprego de qualidade na cidade. Então é muita falta de inventividade. Niterói tem a UFF, por que não fazer uma parceria com a UFF e virar um polo nacional de games e softwares, de economia criativa com tecnologia que já é produzida na Universidade Federal Fluminense? Por que não tem aqui uma política de encadeamento que envolve várias áreas de produção? Por que, por exemplo, as confecções da cidade não são usadas para produzir todos os uniformes da guarda municipal, das escolas? Isso movimenta a economia da cidade, isso gera emprego, isso torna as pessoas mais felizes. Porque renda e emprego geram dignidade. Então a gente vai usar o orçamento de Niterói para diversificar a nossa economia produtiva e garantir acesso ao emprego e à renda.

OSG - O saneamento básico ainda é um problema grave em diversas regiões de Niterói, além de enchentes frequentes em épocas de chuva. Como sua administração pretende lidar com os problemas crônicos de saneamento básico e enchentes?

Talíria - A gente falou um pouquinho, mas assim, esse é um tema fundamental. A emergência climática é uma realidade hoje, e Niterói, está entre os dois mil municípios, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, com risco de eventos extremos. Ou seja: de cheias, secas, tragédias com o Rio Grande do Sul são cada vez mais intensas, mais frequentes e Niterói está entre os municípios com esse risco. Aqui já aconteceu a tragédia do Bumba e, infelizmente, de lá para cá, o que foi feito? Sim, a prefeitura fez contenção de encostas. É preciso reconhecer isso! Mas é insuficiente com o dinheiro que tem e isso não se traduziu em urbanização das favelas. Sobe o Morro do Estado, do lado da prefeitura, para ver o horror que é para quem vive lá. Então, nesse sentido, a gente precisa entender que a prevenção é ordem, mas que tem que ter aqui um plano de adaptação, que entenda que as mudanças climáticas são uma realidade, que a cidade tem que estar pronta para isso, e a cidade está pronta para isso com uma moradia digna, mas também, por exemplo, ampliando coleta seletiva. Lixo é renda, sabe? E hoje a gente tem apenas 2% de coleta seletiva numa cidade rica como a nossa, inadmissível. Então vamos ter parcerias com as cooperativas para garantir que a gente amplia coleta seletiva, vamos fortalecer empregos verdes, seja para a implementação de energia solar, de teta solar, seja também relacionado ao lixo, ao plantio. A gente pode ter políticas de hortas urbanas em todas as praças da cidade. Você vai na Zona Norte e você não vê a Zona Norte Arborizada, como é a Zona Sul. A gente vai ter uma política de plantio muito intensa e especial na Zona Norte, para que a gente tenha uma cidade que está pronta pra prevenir uma tragédia. Uma cidade que tá adaptada para esse futuro que já é agora, né? A gente precisa cuidar dos nossos rios, todos os rios de Niterói são poluídos, todos! E você tem uma eco-barreira ali no João Mendes, que é da sociedade civil, que a prefeitura sequer colabora com aquela eco-barreira. Então eu tenho certeza que uma cidade que olha pro futuro, uma cidade que cuida da natureza, que cuida do meio ambiente, e a gente vai fazer isso sem menor dúvida.

OSG - Muitos moradores de Niterói vivem em áreas irregulares e em situação de risco. Há planos para ampliar projetos de habitação popular ou regularizar áreas irregulares?

Talíria - Moradia é um problema muito sério na cidade. 39% das pessoas moram em assentamentos precários, em áreas que podem cair quando chove, em áreas que não tem nenhuma acessibilidade. Na Igrejinha eu estive com uma senhora que voltou para casa, que foi condenada em 2010 na tragédia do Bumba, e a casa dela estava um barranco, que com qualquer chuva pode cair. Então a gente precisa tratar com muita seriedade a questão da habitação popular. E vamos fazer isso, garantindo urbanização dessas áreas. A gente vai tirar os riscos, onde for possível, tecnicamente com contenção de encosta, urbanização, plantio. Mas, vamos também garantir moradia popular. Como eu disse, são 27 mil imóveis vazios. Então vamos garantir moradia popular para quem não tem casa e para quem morar em lugares onde não é possível você reduzir esses riscos.

OSG - Como o senhor pretende conciliar o crescimento urbano com a preservação do meio ambiente em Niterói? Quais são suas propostas para proteger as áreas de preservação ambiental e lidar com o desmatamento e a poluição? Existe algum plano para implementar políticas de reciclagem, gestão de resíduos ou uso de energias renováveis na cidade?

Talíria - Sem dúvida, não é construindo cada vez mais prédios, subindo prédios, concreto, concreto. Niterói tem hoje 27 mil imóveis vazios que podem ser destinados, parte deles, para uso público, para uso de moradia popular. A gente já viveu aqui a tragédia do Bumba e até hoje tem gente que voltou para sua casa em risco porque nunca recebeu sequer um auxílio para moradia, sabe? Nós vamos ter o Favela Viva, que é o maior plano de urbanização que essa cidade já viu. Então olhar para as favelas e garantir urbanização com acessibilidade, o quadra para a criançada, com contenção de encosta, plantio nas áreas verdes das favelas para evitar deslizamentos, ao mesmo tempo abastecer a mesa das famílias. E vamos ter também um plano de transição energética, a partir do plano municipal de energia solar, que vai garantir energia solar em todos os estabelecimentos públicos e fomentar para que as pessoas também coloquem nas suas casas, a partir de, por exemplo, redução do IPTU e nas favelas vamos ter comunidades energéticas para garantir também energia solar. Quando você reorganiza a questão da moradia, você garante que as pessoas vivam com dignidade, isso também tem impacto muito grande no que é o tema desse direito à cidade. E vamos ter também um programa grande de macrodrenagem para que você também tenha a identificação de quais são as áreas alagáveis, para que possa ter também o escoamento dessa água e, além disso, cuidar dos nossos rios, cuidar das nossas áreas verdes. Com isso, a gente contribui para tanto enfrentar o que é esse cenário dramático de emergência climática que a gente vive, quanto também aqui no cotidiano para a cidade ser uma cidade que enche menos, uma cidade onde as pessoas têm acesso aos serviços de forma mais digna. Eu estive no Buraco Quente, lá no Boa Vista. E as pessoas ali no Buraco Quente pulam esgotos para entrar em casa. A prefeitura começou uma obra com o encanamento do esgoto que acaba no meio da comunidade. Não é possível! Niterói é o terceiro PIB do Estado e tem gente que pula esgoto para entrar em casa. Então vai ser o maior plano de urbanização que essa cidade já viu.

OSG - Quais iniciativas sua gestão planeja implementar para promover a cultura local, ampliar o acesso ao esporte e ao lazer? Há planos para revitalizar os espaços públicos, como praças e parques, e fomentar a criação de centros culturais ou esportivos?

Talíria - Olha, assim, eu acho que a cultura Niterói pulsa, mas infelizmente ela é baseada apenas nos grandes shows. Eu adoro os grandes shows, mas eles não se traduzem em renda, por exemplo, para os artistas locais. Nem renda para a cultura em áreas mais pobres. Só 2% do orçamento da cultura chega nas áreas mais vulneráveis. Só 0,02% dos empregos formais da cidade tem relação com cultura. A gente precisa, então, olhar para os nossos fazedores de cultura, para os nossos artistas, garantir políticas de fomento, para além dos editais, ter linhas via moeda Arariboia de fortalecimento dos fazedores de cultura, em especial nas áreas mais periféricas, nas comunidades, nas favelas. Os equipamentos de cultura são concentrados no Centro e na Zona Sul. Você não tem nenhum centro de cultura na Zona Norte. A Prefeitura inaugurou duas vezes a placa do Centro Cultural da Zona Norte, que nós vamos reabrir. Reabrir não, abrir, fazer dele um espaço pulsante. Vamos ter um Centro Cultural também na região oceânica, que hoje também não existe nenhum equipamento municipal de cultura lá. Uma cidade que tem uma região que tem muitos artistas, muitos músicos, artesãos, tem muita gente fazendo cultura lá. E sem dúvida essa coisa de descentralizar os equipamentos, ela é fundamental também para descentralizar o orçamento e garantir dinheiro para o artista, sabe? E por fim, o programa Escola Aberta, que é usar os equipamentos escolares. Escola tem em todo bairro, como também um elo com a comunidade, a quadra, o teatro que tiver naquela comunidade. No Pedro II, do Barreto, eu sei que é uma escola federal, mas é possível fazer uma parceria. A gente, inclusive, destinou uma emenda para terminar o teatro lá. Tem um teatro profissional. Por que você não abre esse teatro para o Barreto, pra Zona Norte, sabe? Isso é muito importante. Então, assim, tenho muito desejo de fazer a cultura de Niterói pulsar, sabe? As praças, ao invés de você ter grades, a gente quer fazer um programa que é o Niterói Banca Leitura. Em toda a praça ter uma mini-biblioteca com livros que a população pode pegar. Pegar um, deixar outro. Além da ampliação, claro, das bibliotecas comunitárias que a gente tem. Há muita coisa para se fazer e dinheiro tem, né? Falta vontade política.

OSG - A transparência na gestão pública e a participação popular são temas cada vez mais exigidos pelos eleitores. Como o senhor pretende garantir mais transparência nas contas públicas e incentivar a participação dos cidadãos nas decisões da prefeitura?

Talíria - Olha, a gestão de Niterói é muito atrasada e muito ineficiente e com nenhuma transparência. A gente tem quase 70 secretarias, mais da metade dos cargos da prefeitura são cargos de indicação política, e acabam muitas vezes estando a serviço de um prefeito de ocasião. Então a gente vai profissionalizar a gestão, torná-la mais eficiente, porque isso gera um mau uso do orçamento público. Niterói tem o 14º orçamento do Brasil, o 3º PIB do Estado e falta tudo. Falta remédio no postinho de saúde, falta vaga na escola, cresce o número de pessoas na rua. Então assim, a gente vai profissionalizar a gestão. Isso significa ter mais concurso público, ter mais transparência, significa reestruturar a administração reduzida em 30% o número de secretarias, significa informatizar a gestão. Na saúde sequer tem prontuário eletrônico. Não dá pra uma cidade rica como a nossa viver no passado, viver de cargos que são muitas vezes penduricalhos do governo, vide o escândalo da Emusa e dos funcionários fantasmas e você não ter valorização do servidor público, concurso público em áreas estratégicas. No orçamento tem uma janela de 1 bilhão para fazer concurso público, para valorizar o servidor, e a gente vai fazer isso, tornando a gestão mais eficiente.

OSG - Para finalizar nossa entrevista, gostaríamos de abrir espaço para que você deixe uma mensagem final para os eleitores de Niterói.

Talíria - Gente, essa eleição é uma escolha entre passado e futuro. A gente tem de um lado o Rodrigo Neves, que é o Axel. Ele tenta esconder o Axel da campanha dele, mas ele é Axel. A cidade falta tudo, falta saúde, falta educação. E eles olham um retrovisor! Não dá pra viver mais no até que tá bom. E no passado também, aquilo que a gente precisa tirar da política brasileira, que é o candidato que foi contra a vacina, que votou contra o dinheiro para a Bolsa Família, votando contra a PEC da Transição em Brasília. E ele não pode se criar em Niterói. E a gente pode, e vai, construir futuro. O futuro é todo mundo com casa, é ônibus de graça, é saúde para todo mundo. E eu tô pronta para ser a primeira mulher prefeita dessa cidade, para garantir que todo mundo seja cuidado. Uma cidade de cuidado, humana, sustentável e segura.

O candidato Rodrigo Neves respondeu à reportagem que não tinha agenda disponível para a entrevista; a assessoria de Carlos Jordy não respondeu às solicitações de entrevista; a candidata Alessandra Marques não foi localizada.

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