PEC da escala 6x1: população opina sobre a adesão de modelos de trabalho mais flexíveis
Até o fim dessa terça-feira (12), 134 deputados já haviam assinado a PEC, faltando agora 37 assinaturas para dar andamento à proposta
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que sugere o fim da escala de trabalho 6×1, na qual trabalhadores têm uma folga após seis dias de trabalho, ganhou impulso na Câmara dos Deputados na última segunda-feira (11), após pressão popular nas redes sociais. De autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), a PEC propõe a redução da jornada de trabalho para quatro dias na semana, com três dias de descanso, estabelecendo a escala 4×3. Para que a proposta comece a tramitar oficialmente, é necessária a assinatura mínima de 171 dos 513 deputados federais.
A lista atual de assinaturas, que abrange 134 deputados, demonstra a relevância do tema entre diferentes blocos e partidos. A maior parte dos deputados favoráveis a mudança são do PT, seguidos pelo PSOL e União Brasil. Em contrapartida, a maior resistência à PEC ocorre entre os parlamentares da direita. Se aprovada, a medida pode representar uma transformação as relações trabalhistas do país.
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Para entender de que forma a população está lidando com essa possível mudança, O SÃO GONÇALO foi às ruas para saber a opinião de populares.
"Eu sou a favor do fim da escala 6x1, porque o trabalho de mais de 40h é muito exaustivo. O trabalhador tem que ter direito ao descanso semanal. Inclusive, trabalhar no feriado também tem que ter remuneração. Muitas vezes o empresário pensa que não está sendo beneficiado, mas o trabalhador que trabalha satisfeito vai render muito mais", afirmou o biólogo Luiz Cláudio.
"Eu acho justo acabar com essa escala e acho que deveria voltar a escala anterior, de segunda à sexta, onde os trabalhos aos sábados e domingos, eram realizados com escalas remuneradas de horas extras à 50% e 100% quando necessárias. Eu acho que isso pode valorizar o trabalhador, mas ao mesmo tempo, é preciso ver de que forma isso seria viável para as empresas", afirmou Marilane Ribeiro, de 56 anos, profissional de RH e contabilidade.
"Acredito que essa escala 6x1 sobrecarregue muito a vida do trabalhador, que acaba não tendo qualidade de vida, cuidado com a família e com a própria saúde. E isso só oprime o trabalhador. Então acredito que seria um avanço reduzir a escala para 5x2, de modo a aumentar o numero de postos de trabalho. A escala 6x1 é um atraso, parece que estamos no século XIX. Não adianta ter uma extensa jornada de trabalho e não ter um trabalhador produtivo", declarou o servidor Antônio Grado.
"Relacionado à escala, eu acho viável esse fim. A gente precisa de lazer né, e acredito que isso possa contribuir com a produtividade do trabalhador, porque a pessoa descansando mais, com a mente fresca, o oxigênio no cérebro trabalha com mais qualidade", disse Alex, gerente de uma loja no Shopping.
Opiniões contrárias à PEC também foram encontradas pelas ruas, mas os entrevistados não quiseram ser identificadas.
Entenda a PECSegundo Erika Hilton (PSOL-SP), a proposta não é apenas uma resposta à demanda dos trabalhadores brasileiros por mais descanso e qualidade de vida, mas também segue uma tendência global em busca de modelos de trabalho mais flexíveis. Em sua justificativa, Hilton destaca que a PEC representa uma adaptação às novas realidades do mercado e ao movimento crescente por bem-estar e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A PEC propõe que a duração do trabalho não ultrapasse oito horas diárias e 36 horas semanais, um ajuste que se alinha aos pedidos por jornadas mais curtas. Com a escala 4×3, os trabalhadores teriam quatro dias de atividade e três dias de descanso. Atualmente, a escala 6×1, que estabelece uma folga semanal, é o padrão em diversas categorias de trabalhadores, especialmente naqueles setores que exigem operação contínua, como comércio e saúde. Essa proposta de escala reduzida gerou debates sobre sua viabilidade em setores que não podem interromper seus serviços, como o atendimento hospitalar e de segurança pública.
Produtividade e qualidade de vida
A proposta da escala 4×3 é sustentada por estudos que apontam uma ligação entre jornadas reduzidas e aumentos na produtividade. Em experimentos realizados na Islândia, por exemplo, os resultados mostraram que trabalhadores com mais dias de descanso apresentaram melhorias em termos de desempenho e bem-estar. Essa proposta também visa reduzir os índices de estresse e esgotamento entre os trabalhadores, problemas que têm se intensificado com a rotina moderna e a alta demanda de produtividade.