Faltou luz e o 4G caiu? Entenda o motivo disso acontecer
Relembre outras crises de energia enfrentadas no país
Por conta da falta ou instabilidade de energia que vem afetando milhares de moradores em São Gonçalo, Niterói, Maricá e região, muitos usuários relataram que também ficaram sem sinal de telefonia desde a tarde de ontem (12). É comum que, durante quedas de energia, ocorram problemas no sinal de internet móvel e essa relação, muitas vezes, é provocada por fortes tempestades que afetam fiações, torres e geradores de telecomunicação. Mas qual a ligação entre o fornecimento de energia elétrica e o sinal de celular?
Em artigo publicado no portal Minha Operadora, João José Batista Pereira, professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), explica que a telecomunicação depende fortemente da rede elétrica para funcionar. "Os sistemas de telecomunicações precisam de energia constante e de qualidade. Geralmente, utilizam a rede das concessionárias e contam com suporte de sistemas alternativos, como bancos de baterias, UPS (no-break) e grupos geradores," explica.
Quando ocorre uma queda de luz, esses sistemas alternativos entram em ação para manter o funcionamento das Estações Rádio Base (ERBs), que transmitem o sinal 4G. No entanto, nem sempre essa transição é imediata, o que pode causar uma breve interrupção no serviço.
Embora a falta de energia impacte o 4G, muitas vezes o sinal continua funcionando normalmente, pois nem todas as redes de telecomunicação estão ligadas diretamente à rede elétrica local. Mas, mesmo com sistemas de suporte, a troca entre a energia fornecida pela concessionária e a geração própria pode gerar instabilidade no sinal 4G. Durante o intervalo em que o sistema próprio está se ativando, usuários podem experimentar interrupções, e, em alguns casos, apenas tecnologias que exigem menos energia, como o 3G, ficam disponíveis até que o sinal se estabilize.
Esse comportamento explica as falhas temporárias no sinal e a demora para o 4G retornar completamente, enquanto o sistema se ajusta para manter a conectividade.
Problema histórico no país
Em São Paulo, o apagão de outubro, que causou R$ 1,65 bilhão em prejuízos ao varejo e aos serviços da cidade, não foi um caso isolado.
No início dos anos 2000, o Brasil enfrentou uma crise de energia – graças à falta de investimento na geração elétrica – que culminou na ameaça de racionamento forçado através de apagões – períodos em que determinadas áreas do país ficariam sem receber eletricidade. Devido a um grande número de fatores, em fevereiro de 2002 a distribuição de energia voltou ao normal, mas a lição foi aprendida e o país começou a investir novamente em geração elétrica.
Novamente, em 2009, várias cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro inclusive, viram-se completamente às escuras. Provavelmente causado por eventos atmosféricos, o apagão chegou a manter São Paulo na escuridão por mais de três horas.
Mas outro fenômeno que também chamou atenção durante o tempo foi o uso massivo de redes de telefonia celular durante o período sem eletricidade. Além das ligações para centrais de emergência, amigos e familiares, o Twitter – por exemplo – recebia atualizações constantes sobre a situação em diversas cidades, graças a usuários portando seus smartphones e notebooks com conexão 3G.
Como proceder
Como ligações, acessos 4G e até mesmo SMS consomem energia nas centrais telefônicas, recomenda-se evitar o uso de seu aparelho celular durante um blecaute – salvo em casos de necessidade ou emergência. Como derrubadas no fornecimento de energia normalmente são – na maioria dos casos – resultado de desastres, é essencial que as linhas de comunicação estejam disponíveis para as forças de resgate e socorro – bombeiros, polícia e defesa civil.