Dia Mundial da Diabetes: Tipo 1 é comum entre crianças e adolescentes; saiba mais
Brasil é o terceiro país com mais pessoas com diabetes tipo 1; saiba como a tecnologia pode ajudar no tratamento
A diabetes é uma doença que afeta aproximadamente 20 milhões de pessoas no Brasil, segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Diabetes. Deste total, cerca de 5% a 10% possuem diabetes tipo 1, que é muito comum entre crianças e adolescentes. Neste Dia Mundial da Diabetes, médicos e especialistas explicam os principais sintomas, formas de tratamento e como a tecnologia pode ajudar pais e filhos a conviverem da melhor forma com a doença.
O Brasil está classificado na terceira posição do ranking mundial de diabetes tipo 1 em crianças, totalizando 92.300 crianças e adolescentes, perdendo apenas para a Índia (229.400), e os Estados Unidos (157.900).
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Apesar de ser uma doença muito comum na população brasileira, muitas pessoas não sabem que a diabetes se apresenta de duas maneiras diferentes: a diabetes tipo 1 e a diabetes tipo 2, e que também atingem públicos diferentes, conforme explica a endocrinologista pediatra Dra. Francine Magalhães.
“A diabetes tipo 1 é uma condição auto imune, onde o corpo ataca as células do pâncreas, responsável pela produção de insulina. Sem insulina, não conseguimos ter o controle do açúcar, chamado de glicose, por isso ele fica elevado no sangue. Diferente do Tipo 2, mais frequente em adultos, vem crescendo entre os jovens e adolescentes pelo aumento da obesidade e sedentarismo. Nessa situação, temos a produção de insulina, mas o corpo não usa bem essa insulina”, explica a especialista.
Caso a criança, ainda na primeira infância, apresente sintomas como aumento no volume urinário, sede e do apetite, além do emagrecimento, algumas vezes sem explicação aparente, é recomendado que os responsáveis levem a criança ao médico onde será realizado exames de sangue para detectar a doença.
“A insulina é o tratamento da criança com diabetes tipo 1. Além disso, ela precisa de atividade física regular, alimentação equilibrada com contagem de carboidrato”, explica a médica.
O tratamento pode ser realizado por meio de duas formas diferentes. “A gente tem dois tipos de insulina, que a gente chama de insulina longa e de curta duração. Mas cada tipo de insulina tem algumas apresentações, então temos, caneta, frasco, seringa”, explica a médica.
Na prática, se as recomendações médicas e a insulina forem seguidas à risca podem ajudar no bem estar e na qualidade de vida da criança, como relata Suellen Silva Bastos, de 41 anos, e mãe da pequena Sarah Bastos dos Santos, 10, que convive com a diabetes tipo 1, há dois anos.
“O esporte deixa a glicemia mais estável, por isso no momento a Sarah está fazendo futebol duas vezes na semana. As glicemias começaram a ficar mais baixas, e nos dias em que ela pratica o esporte, ela fica mais sensível à insulina, precisando de quantidades menores. Além da disposição, ela passou a ter mais energia”, relata a mãe.
A descoberta da doença foi algo impactante para a Sarah, mas que rapidamente entendeu e aprendeu como a diabetes tipo 1 age em seu corpo.
“Para mim foi meio estranho, porque eu não sabia o que era, mas agora eu já sei o que é e aprendi como lidar. Hoje eu já me acostumei em aplicar e medir a insulina e agora é normal para mim”, relata Sarah.
Com essa maturidade apresentada pela menina em relação à diabetes, tanto a família quanto a escola auxiliam para que a própria Sarah realize a aplicação da insulina, dando mais autonomia sobre seu corpo.
“As aplicações de insulina são feitas pela própria Sarah, mas sempre sob a supervisão de algum responsável, quando não é a enfermeira da escola, que somente supervisiona, e quando ela não está, são as professoras que ficam ao lado dela somente supervisionando para saber se ela está fazendo tudo direitinho”, explica a mãe da menina.
Entretanto, essa não é a realidade de muitas famílias, tornando o convívio com a diabetes tipo 1 para as crianças ainda mais difíceis, uma vez que não há suporte por parte de escolas, como aponta a médica especialista Dra. Francine.
“O tratamento não é só a mãe aprender a contar carboidratos, cozinhar, entra a escola, porque a mãe manda para a escola, que fala assim, ‘Ah aqui a gente não mede’. Com isso, a mãe me fala assim, ‘Dra, não tem como, como é que a criança não vai medir na escola?’”, relata a médica sobre casos de pacientes que já atendeu.
De que forma a tecnologia ajuda a controlar a doença?
A endócrino pediatra explica que atualmente existem inúmeras formas de alinhar a tecnologia com o controle da glicose e dos carboidratos que a criança irá ingerir, assim facilitando tanto para ela quanto para os pais o monitoramento da diabetes. Além disso, as insulinas podem ser aplicadas de formas diferentes.
Para monitorar a glicemia da criança por longos períodos, os sensores são muito utilizados para facilitar a medição e evitar diversos furos pelo corpo. Uma das vantagens desse equipamento é que a monitoração pode ser feita pelo celular, além de poder enviar seus dados para o médico.
“Em relação à tecnologia, o que temos de melhor são os sensores de glicemia, que medem a glicose intersticial em tempo real, sem precisar furar o dedo para cada aplicação de insulina. Além disso, melhora muito o controle e segurança dos pais”, fala a Dra. Francine Magalhães.
Uma das formas mais comuns são as canetas, que são práticas, podendo ser levadas em bolsas e mochilas, possibilitando o fácil transporte pelas crianças.
Outro recurso válido na aplicação do medicamento é a bomba de insulina, que impede a aplicação constante na criança. Antes das refeições, por exemplo, o instrumento fica a todo tempo acoplada ao corpo, liberando insulina no decorrer do dia, de forma fracionada, possibilitando o ajuste da insulina em resposta à quantidade de alimento ingerido pela criança.
“E para a aplicação de insulina, temos a bomba de insulina, que simula o funcionamento do pâncreas, liberando insulina de forma contínua e controlada”, diz a endócrino pediatra, fazendo uma analogia para facilitar o entendimento.
Esse recurso exige alguns cuidados por parte dos pacientes para que sua utilização alcance o efeito esperado, como a troca da bomba a cada três dias, para lugares diferentes do corpo; e a remoção no momento do banho ou em outros que a pessoas irá ter contato com a água, pois esse aparelho não é aprova d’água. Nesse breve momento em que o paciente não está com a bomba, o corpo para de receber insulina.
*Sob supervisão de Cyntia Fonseca