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Economista explica impactos do crescimento do PIB em 0,9% no terceiro trimestre de 2024

o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, segundo dados do IBGE

relogio min de leitura | Escrito por Lívia Mendonça | 03 de dezembro de 2024 - 13:20
Neste trimestre, a Indústria (0,6%) e o setor de Serviços (0,9%) tiveram altas relevantes
Neste trimestre, a Indústria (0,6%) e o setor de Serviços (0,9%) tiveram altas relevantes -

Segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, na comparação com os três meses imediatamente anteriores.

Este é o 13º resultado positivo consecutivo do indicador em bases trimestrais. O saldo vem logo após a atividade econômica brasileira crescer 1,4% no segundo trimestre.

Neste trimestre, a Indústria (0,6%) e o setor de Serviços (0,9%) tiveram altas relevantes que compensaram a queda de 0,9% da Agropecuária.

Pelo lado da demanda, todos os itens cresceram. O Consumo das famílias cresceu 1,5%, o Consumo do governo subiu 0,8%, enquanto os Investimentos tiveram ganho de 2,1% neste trimestre.


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Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 3 trilhões. Foram R$ 2,6 trilhões vindos de Valor Adicionado (VA) a preços básicos, e outros R$ 414 bilhões de Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

Com os resultados, o PIB brasileiro teve alta de 4% em relação ao mesmo trimestre de 2023. Já a alta acumulada em quatro trimestres é de 3,1%.

Para o economista Gilberto Braga, entrevistado pela reportagem de O SÃO GONÇALO, o resultado surpreendeu alguns especialistas da área.

"O resultado do PIB do terceiro trimestre veio um pouco acima da expectativa dos especialistas, que acreditavam que cresceria 0,8%. O destaque continua a ser o consumo das famílias, que por vários trimestres vem aumentando e os investimentos feitos na economia, em máquinas e equipamentos, o que ajuda a ter uma expectativa do aumento da oferta de produtos e serviços dentro da economia brasileira, o que poderá vir a aliviar a inflação, que tem crescido por conta do consumo, causando o aumento dos preços. Aumentando a oferta de produtos, a inflação pode ficar controlada por conta de maior competição, além de oferta e disponibilidade de produtos com preços mais baratos", disse o economista.

Principais destaques do PIB no 3º trimestre:

- Serviços: 0,9%

- Indústria: 0,6%

- Agropecuária: -0,9%

- Consumo das famílias: 1,5%

- Consumo do governo: 0,8%

- Investimentos: 2,1%

- Exportações: -0,6%

- Importação: 1%

PIB cresceu 0,9% contra o trimestre anterior

Ainda segundo o IBGE, a alta do PIB deste trimestre foi puxada pelo setor de Serviços (0,9%), o de maior peso do PIB. Com o crescimento nos últimos trimestres, o setor renovou mais uma vez seu maior patamar em toda a série histórica do indicador.

As principais atividades subiram no período, com destaque para Informação e comunicação (2,1%), Outras atividades de serviços (1,7%) e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%).

Também cresceram as Atividades imobiliárias (1%), Comércio (0,8%), Transporte, armazenagem e correio (0,6%) e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,5%).

A Indústria teve alta no balanço final, com ganho de 0,6% no trimestre, mas a abertura para subsetores traz resultados mistos.

As Indústrias de transformação tiveram alta de 1,3% contra o trimestre anterior. Já a Construção (-1,7%); Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,4%) e Indústrias extrativas (-0,3%) tiveram queda.

Com isso, a Indústria segue 4,7% abaixo de seu pico histórico, vindo do terceiro trimestre de 2013.

A Agropecuária teve queda de 0,9% no terceiro trimestre, com previsão da queda de produção de laranja para o ano. Segundo o economista Gilberto Braga, este foi o grande destaque negativo do resultado do PIB.

"Pelo segundo trimestre consecutivo, o agronegócio acabou encolhendo. Isso se deve à queda de safra, por contas de questões climáticas", garantiu o economista.

Já os Investimentos (ou Formação Bruta de Capital Fixo) voltaram a subir 2,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior, em que já havia registrado alta de 2,1%. Ainda que apresente boa recuperação em 2024, o setor ainda está 10,8% abaixo do seu maior patamar na série, que aconteceu no segundo trimestre de 2013.

Ainda assim, a taxa de investimento cresceu e foi de 17,6% do PIB, acima dos 16,4% registrados no terceiro trimestre de 2023.

Por fim, as Exportações de Bens e Serviços tiveram queda de 0,6% neste trimestre. As Importações de Bens e Serviços subiram 1%.

Principais destaques do PIB contra o mesmo trimestre de 2023:

- Serviços: 4,1%

- Indústria: 3,6%

- Agropecuária: -0,8%

- Consumo das famílias: 5,5%

- Consumo do governo: 1,3%

- Investimentos: 10,8%

- Exportações: 2,1%

- Importação: 17,7%

PIB cresce 4% em relação ao mesmo trimestre de 2023

O setor de Serviços avançou 4,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, com todas as suas atividades no campo positivo. Destaques para Informação e comunicação (7,8%); Outras atividades de serviços (6,4%); Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (5,1%).

Ainda com altas expressivas estão o Comércio (3,9%); Atividades imobiliárias (3,1%); Transporte, armazenagem e correio (2,5%) e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,7%).

A Indústria vem com alta de 3,6% contra o mesmo período de 2023. Mesmo com queda no resultado trimestral, a Construção tem alta de 5,7% no comparativo com o ano passado. O IBGE destaca que o resultado teve forte influência da alta da ocupação e produção dos insumos típicos dessa atividade.

Na sequência, as Indústrias de transformação tiveram alta de 4,2%, apoiadas principalmente pela fabricação de veículos automotores, outros equipamentos de transporte, móveis e produtos químicos. "São setores beneficiados pela maior demanda por bens de consumo duráveis e de bens de capital, que vem do aumento do consumo final e do investimento", diz Palis.

Houve forte expansão de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,7%), com maior consumo de eletricidade no país, seja pelo clima mais quente como pelo avanço da atividade econômica. Apenas as Indústrias extrativas (-1,0%) ficaram em campo negativo, devido à queda da extração de petróleo e gás.

Já a Agropecuária registrou queda de 0,8% contra igual período de 2023, com a queda de produção ou perda de produtividade de culturas como cana (-1,2%), milho (-11,9%) e laranja (-14,9%). Mesmo os resultados positivos do algodão (14,5%), trigo (5,3%) e café (0,3%) não foram suficientes para reverter o acumulado negativo do setor.

O Consumo das famílias continua com resultados fortes e teve alta de 5,5% em relação ao mesmo trimestre de 2023. É o 14º trimestre consecutivo de alta no setor. Já o Consumo do governo cresceu 1,3% no período.

Os Investimentos tiveram alta de 10,8% no terceiro trimestre de 2024, com elevação na importação e na produção interna de bens de capital, desenvolvimento de software e avanço da construção.

Entre as Exportações de Bens e Serviços (2,1%) destacam-se os produtos alimentícios, outros equipamentos de transporte, extração de minerais metálicos e produto químicos.

As Importações de Bens e Serviços cresceram 17,7%, com altas de produtos químicos, máquinas e materiais elétricos, máquinas e equipamentos, veículos automotores e serviços.

"O resultado consolidado para 2024 a partir deste último dado, permite uma expectativa de que a economia vai fechar o ano com crescimento entre 3,3% e 3,5% de expansão", afirmou o economista Gilberto Braga.

Governo comemora o crescimento

A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (SPE) avaliou que a economia seguiu com "ritmo robusto" de expansão no terceiro trimestre deste ano.

"O crescimento do PIB no terceiro trimestre foi superior à projeção exibida no Boletim Macrofiscal de novembro, realizada com base em indicadores coincidentes já disponíveis até 11 de novembro", informou a Secretaria de Política Econômica, por meio de nota.

Dessa maneira, a projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 3,3%, deverá ser revisada para cima, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou o resultado do PIB nesta terça-feira (3). Em uma rede social, Lula escreveu: "Continuamos com o PIB crescendo e criando mais emprego e renda na mão dos brasileiros". 

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