Morre escritor Dalton Trevisan, o 'Vampiro de Curitiba', aos 99 anos
Autor era avesso a entrevistas e vivia recluso na capital paranaense
O escritor paranaense Dalton Trevisan, conhecido como "O Vampiro de Curitiba", faleceu nesta segunda-feira (9), aos 99 anos. A notícia foi confirmada por familiares em uma publicação no Instagram do autor. A causa da morte não foi divulgada.
"Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é", declarou a família na rede social, fazendo alusão ao apelido do contista e ao título de sua obra mais famosa, O Vampiro de Curitiba (1965).
A Secretaria de Estado da Cultura do Paraná emitiu nota oficial lamentando a perda e destacando o impacto cultural do escritor: "Dalton retratou com crueza a solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados."
Famoso por sua reclusão, Dalton Trevisan raramente aparecia em público e evitava entrevistas, mantendo um ar de mistério que contribuiu para sua aura literária. Sua última entrevista foi concedida há mais de 50 anos, em 1972.
"Sua reclusão pública contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea. Dalton deixa um legado de rigor literário, criatividade e uma visão aguda e implacável sobre o ser humano", reforçou a Secretaria da Cultura do Paraná.
Trajetória literária
Nascido em 1925, Trevisan se formou em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná, onde também exerceu a advocacia por sete anos antes de dedicar-se inteiramente à literatura. Sua estreia literária foi com Sonata ao Luar (1945), obra que posteriormente renegou. Seu reconhecimento nacional veio em 1959, com Novelas Nada Exemplares, que lhe rendeu o primeiro Prêmio Jabuti.
O auge de sua popularidade aconteceu com O Vampiro de Curitiba (1965), que consolidou seu estilo minimalista e sua habilidade de expor as angústias humanas em contos curtos, mas profundos. Ao longo de sua carreira, venceu outros três Prêmios Jabuti, além do Troféu APCA e do Portugal Telecom.
Em 2012, Trevisan recebeu duas das mais importantes honrarias literárias: o Prêmio Camões, concedido a autores de língua portuguesa, e o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.