O comércio de presentes: gonçalenses vão às compras pensando em economizar no Natal
Na tentativa de "driblar" os preços mais altos, consumidores recorrem à tradicional "pechincha" na hora das compras de fim de ano
Com a proximidade do fim de mais um ano, é possível afirmar que a mágica do Natal tem total efeito no comércio. Com a economia brasileira em crescimento e a taxa de desemprego em queda, as expectativas para as vendas são positivas, fazendo com que milhões de pessoas presenteiem parentes e amigos com as famosas "lembrancinhas", ou até mesmo presentes mais caros, na data comemorativa mais aguardada do ano. O pagamento do décimo terceiro salário, que deve injetar cerca de R$ 300 bilhões na economia, também impulsiona a confiança dos consumidores.
De acordo com um estudo da Fecomércio, muitos dos itens mais procurados nessa época do ano tiveram um aumento pequeno ao longo de 2024, abaixo da inflação registrada até novembro, que é de 4,29%. No setor de vestuário e calçados, por exemplo, os tênis subiram 1,88%. Aparelhos telefônicos, bicicletas e aparelhos de som também estão mais em conta.
Os números também são positivos quando o assunto é o brinquedo das crianças. O estudo mostra que esses itens também ficaram mais baratos, com uma redução de quase 4,5% em relação ao Natal de 2023.
Segundo dados da pesquisa feita pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ), com 923 consumidores da Região Metropolitana do Rio, entre os dias 29 de outubro e 2 de novembro, 61% dos entrevistados pretendem presentear alguém no Natal, enquanto 31,2% disseram que não e 7,9% ainda não sabem.
Para a técnica de enfermagem Fernanda Gomes e o filho Peter, que foram às compras na Rua da Feira, em Alcântara, para aproveitar a semana que antecede o Natal, os presentes deste ano serão exclusivos para eles mesmos, que resolveram se auto-presentear. "Eu gosto e tenho o costume de me presentear com roupas, acessórios, tênis. Inclusive, hoje vim comprar um tênis pra mim", contou Peter.
"Eu não estou achando as coisas muito baratas, então tenho pesquisado bastante até encontrar algo mais em conta. Não tem jeito, né? A gente corre atrás do melhor preço, é sempre assim. E este ano, a princípio, não vou presentear mais ninguém, então vou comprar roupas pra mim, mudar um pouquinho o guarda-roupa, então tenho que pesquisar e ver o que realmente está valendo a pena", contou Fernanda Gomes.
Para a família do enfermeiro Gilmar Reges, 50 anos, o foco do presente de Natal deste ano também está dentro da própria casa: sua filha. Segundo o profissional, as buscas por roupas para a pequena são a principal razão de estarem "pechinchando" os melhores preços pelas ruas de Alcântara.
"Estamos em busca de roupa, principalmente pra nossa filha. Nosso intuito é ver presente pra ela mesma. Então, a gente vai pechinchando aqui nas lojas para encontrar alguma coisa legal, que esteja valendo a pena, que tenha custo-benefício. Minha esposa é quem está à frente dessa procura, ela é 'craque nisso' e sempre encontra os melhores preços e promoções", afirmou o consumidor.
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Incentivo para o consumo
Ainda de acordo com o Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ), o gasto médio de cada consumidor deve ficar em R$ 300,29, com movimentação financeira na economia estimada em R$ 675,28 milhões. De acordo com 61,5% dos entrevistados, as compras serão feitas em lojas físicas. Já 21,8% em lojas virtuais/online e 12,2% em ambas.
Os itens de vestuário, calçados e acessórios (50,4%) são os preferidos de quem vai presentear, seguidos por brinquedos (26,4%), lembrancinhas (12%), artigos de perfumaria (9,6%) e eletrônicos (8,8%).
Outra pesquisa feita pelo IFec RJ, com 776 consumidores da Região Metropolitana do Rio, entre os dias 25 e 28 de novembro, revelou que 50,6% já haviam recebido ou ainda iriam receber o 13º salário. Destes, 46,2% iriam quitar ou abater dívidas contraídas durante o ano, o que pode dar um estímulo ainda maior para as compras de Natal. De acordo com 64,2% dos entrevistados, as maiores dívidas estavam diretamente ligadas aos cartões de crédito.
Para a cabeleireira Luana França, de 40 anos, o principal foco no momento é trabalhar bastante, conseguir um bom retorno financeiro e, assim, posteriormente, realizar as tão esperadas compras de Natal.
"Vim comprar material pra trabalhar, mas os presentes ainda não consegui parar pra ver. A gente tem que trabalhar primeiro, pra ganhar um dinheirinho e aí depois vê o presente de Natal. Para este ano, pretendo ver algumas roupas e o melhor lugar pra encontrar é aqui em Alcântara mesmo. Você acha de tudo, opção é o que não falta aqui", afirmou Luana, que estava acompanhada da mãe e da filha.
Os "queridinhos" dos brasileiros
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, divulgada pela CNN, mostra que 48% dos brasileiros pretendem gastar mais no Natal deste ano do que em 2023. Nas classes A e B, o percentual aumenta para 55%. Nas classes D e E, cai para 36%. Outros 28% dos brasileiros devem manter os gastos e 24% querem reduzir as despesas nesta época do ano.
Roupas ocupam o topo do ranking das categorias mais desejadas. 80% dos brasileiros devem comprar roupas para si ou para presentear no Natal, segundo a pesquisa. Na sequência, estão os alimentos e bebidas, com 79%. A terceira posição do ranking divide homens e mulheres: eles preferem calçados, enquanto elas preferem cosméticos.
A pesquisa ainda revela que 77% dos brasileiros pretendem fazer compras tanto em lojas físicas quanto em lojas online.
Confira o ranking:
1 - 80% – roupas
2 - 79% – alimentos e bebidas
3 - 75% – calçados
4 - 70% – cosméticos
5 - 56% – artigos para casa e decoração
6 - 55% – artigos esportivos
7 - 54% – eletrônicos
8 - 52% – artigos infantis
9 - 45% – livros e papelaria
10 - 44% – jogos
11 - 43% – eletrodomésticos
12 - 40% – móveis
13 - 39% – turismo e viagem
14 - 36% – ferramentas
Do ponto de vista do consumidor, esse Natal vai ser marcado por uma dualidade: o desejo de celebrar e presentear de um lado, e a necessidade de controlar os gastos do outro.