Escritor que teve foto pendurada em placas em Niterói pede justiça; “perseguição intensa”
Homem acusa ex-colega de moradia estudantil por espalhar cartazes com preservativo colado
Um homem que teve seu retrato espalhado pelas ruas do Rio e de Niterói - em uma série de cartazes com um preservativo preso à imagem - acusa um morador de Niterói de persegui-lo. O escritor, que preferiu preservar sua identidade, moveu uma queixa-crime contra o suposto autor, que seria um ex-colega de moradia estudantil com histórico de perseguição. A Polícia Civil investiga o caso, que foi registrado como injúria.
O autor e professor conta que esta não é a primeira vez que vê seu rosto aparecer em postes e placas em bairros da Zona Sul e do Centro de Niterói. Segundo ele, o suposto autor já teria colado imagens dele pelas ruas em 2023 e voltou a fazê-lo nas últimas semanas. Os cartazes, que chamaram a atenção de moradores e internautas, trazem fotografias não identificadas da vítima, com camisinhas presas à foto. Ele afirma ter provas de que o antigo conhecido, um estudante de Economia da UFF, é responsável pelas imagens.
Leia também:
➢ Homem é filmado dirigindo 'jet ski' na Ponte Rio-Niterói; Video!
“Em 2023, eu recebi um vídeo dele colando. O vídeo é muito claro; foi gravado de dia, nas barcas, então dá para ver claramente que é ele. E esse vídeo entrou no boletim, entrou no processo”, conta a vítima, que moveu uma queixa-crime contra o suspeito na Defensoria Pública do Rio de Janeiro. A motivação não é muito clara para o escritor; segundo ele, a suposto autor teria o costume de “perseguir” pessoas por conta de desentendimentos que ele classificou como “esdrúxulos”.
“Em 2019, ele fez uma acusação em massa na Defensoria Pública, processou dezenas de pessoas, incluindo eu. Ele queria mais de 19 mil reais dessas pessoas. E os motivos eram os mais esdrúxulos possíveis. A gente nunca trocou tapa, nunca discutiu sério. Eu não sei te dizer porque dos processos. Para ter uma noção do quão esdrúxulas eram as acusações, uma vez o Ministério Público foi lá na moradia e os oficiais, quando chegaram lá, contaram: ‘a gente está vindo aqui porque ele fez uma denúncia de que sumiu uma cueca e uma frigideira aqui’”, afirmou o escritor.
Com o arquivamento dos processos - incluindo o que envolvia o escritor -, o acusado teria iniciado a perseguição com imagens em 2023, com imagens do escritor e de sua companheira. Na época, a vítima procurou autoridades policiais e da Justiça para denunciar o caso. “O pior de tudo é que a Justiça não vê isso como um crime. Eu cheguei a ir na Decradi [Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância], mas me foi dito que o caso não poderia ser considerado de injúria racial. Eu falei que houve um tempo em que pendurar negros em árvores também não era crime; agora são as fotos”, afirma o escritor.
A equipe do O São Gonçalo tentou entrar em contato com o acusado, mas não obteve sucesso. O escritor disse que também não tem contato com ele há alguns anos e que o suspeito também não tem respondido às tentativas de intimação da Polícia. “Ele se recusa a receber a intimação, não foi à delegacia. E enquanto isso os cartazes seguem aí. A minha segurança está em risco. Eu acho incrível como algumas pessoas olham para aquela imagem e não me veem como vítima. É uma perseguição intensa”, desabafa.
Procurada, a 76ª DP (Niterói), onde os casos foram registrados, informou que as investigações envolvendo os cartazes de 2023 já foram concluídas e o caso foi levado para o Juizado Especial Criminal (Jecrim), onde seguem em andamento. Já a ocorrência relativa aos cartazes espalhados nas últimas semanas segue em investigação.