Sob nova direção, Apae Niterói tenta driblar crise e se manter ativa
Instituição de 60 anos transforma e dignifica a qualidade de vida de pessoas com deficiência intelectual e múltipla
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Niterói começa 2025 sob nova direção. Após o afastamento, por motivos de saúde, do presidente Octavio Simões, eleito no final de 2022, o seu vice, Octavio Augusto Veiga, assumiu o comando da instituição filantrópica, com o desafio de driblar a crise financeira pela qual o local passa desde janeiro de 2023, quando o Governo Federal reduziu de R$ 88 mil para R$ 43 mil o financiamento anual à associação, que é vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS) desde o início dos anos 2000 – assim como a Apada, a AFR, a Afac e a Pestalozzi, também situadas na cidade.
Fundada há 60 anos e declarada Patrimônio Imaterial do Município pela Lei 3.090/2014, a Apae de Niterói presta assistência terapêutica gratuita a pessoas com deficiência intelectual e múltipla, o que inclui síndromes e transtornos diversos. No ano passado, a instituição realizou atendimentos a preços populares para o público externo à regulação do SUS, de modo a complementar o orçamento. Presidência, Diretoria e Conselhos são voluntários nos cargos, mas o corpo técnico é remunerado.
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São hoje 38 funcionários e mais 10 prestadores de serviços, entre médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, assistente social, psicólogo e professores de apoio pedagógico, teatro e balé, dentre outros profissionais. Além das despesas com pessoal e com material administrativo e de limpeza, há ainda as contas básicas, de água, luz e telefone. O prédio é cedido pela Prefeitura.
“Apesar das dificuldades, as atividades não param. Infelizmente o nosso corpo técnico não está completo, pois não temos condições financeiras de contratar. Falta terapeuta ocupacional, o que é nossa maior perda”, relata Octavio, advogado de 51 anos, que é voluntário da Apae Niterói desde 2019. “Fui tocado pela causa e movido pela vontade de ajudar, já que poucas pessoas se interessam em dedicar parte de seu tempo a qualquer voluntariado”.
Os assistidos ainda são contemplados com aulas de capoeira e muay thai, realizados por meio de Lei de Incentivo do Governo do Estado, tendo a Enel como financiadora. Reconhecida na cidade, a Banda Marcial da Apae Niterói é sempre a mais ovacionada todo ano no desfile cívico de Sete de Setembro.
Em paralelo ao financiamento federal, a associação também recebe doações de cidadãos comuns, por meio de contribuição espontânea ou de desconto na fatura de energia elétrica, o que gira em torno de R$ 21 mil por mês. Mesmo assim, somando as fontes, a renda não cobre mais de 80 mil de gastos mensais. A Apae realiza quase seis mil atendimentos por mês, sendo mais de 300 assistidos fixos.
O alento vem em forma de emendas parlamentares, como as recebidas dos então deputados federais Benedita da Silva e Felício Laterça, além da mais recente da deputada Talíria Petrone, já autorizada e que aguarda somente a liberação da Secretaria Municipal de Saúde – seguindo o trâmite de toda verba federal para instituições filantrópicas do município.
A Apae Niterói funciona na Rua Prof. Ismael Coutinho, s/n., no Centro, e é aberta à visitação e à parceria de empresas, como o Instituto Gay Lussac, o Clube Central e outras listadas no site apaeniteroi.org.br. Na página também há informações sobre como qualquer pessoa pode ajudar a associação.