União de Maricá 'pula na frente' na Série Ouro, junto com Estácio, por vaga na elite
Primeiro dia de apresentações foi marcado por altos e baixos na Sapucaí. União da Ilha e Botafogo Samba Clube, com bons desfiles, também foram destaque. Mas 8 escolas desfilam nessa noite
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O primeiro dia de apresentações de desfiles na Série Ouro, entre a noite de sexta-feira (28) e a madrugada desse sábado (1), projetou, na prática, o que se previa pela crítica especializada. Com uma apresentação grandiosa e arrebatadora, a União de Maricá mostrou fôlego e pernas de 'veterana' em busca do sonhado título e a vaga no Grupo Especial em 2026, em seu segundo desfile, nesse grupo. Pode se dizer com tranquilidade, que 'sobrou na turma', junto com a tradicional e experiente Estácio. E correndo por fora, não se deve desprezar a força da União da Ilha, além da surpreendente debutante Botafogo Samba Clube, entre os destaque nesse primeiro dia, entre as oito escolas que se apresentaram na Marquês de Sapucaí.
Resta saber agora, como será o segundo dia de desfiles, que terá nesse sábado (1), outras escolas com tradição e 'chão forte' no mundo do samba, com passagens pela 'elite', como Porto da Pedra, Império Serrano, Tradição e São Clemente. Essas agremiações, somadas à Acadêmicos de Niterói, com bons investimentos, volume de ensaios e equipes bem organizadas, projetam apresentações de qualidade, em noite que terá também a União do Parque Acari, Acadêmicos do Vigário Geral e Unidos de Bangu. Vale lembrar que a Ponte, o Império e a Bangu, que perderam fantasias em um incêndio na Máximus, na Zona Norte do Rio, no mês passado, não cairão para a Série Prata, por decisão unanime da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj). Mas também não disputarão o título.
Análise primeiro dia de desfiles
Botafogo Samba Clube - Com o enredo “Uma Gloriosa História em Preto e Branco”, a Botafogo, uma das agremiações temáticas surgidas pela iniciativa de torcedores, fez sua estreia na Sapucaí contando a história do clube alvinegro. O enredo, de autoria e desenvolvimento do carnavalesco Alex Souza, fez a escola desfilar bem, compacta e dentro do tempo estabelecido, de 55 minutos. Até o 'homem forte' do futebol, Jhon Texor, esteve presente. Mas alguns problemas podem custar décimos preciosos. A Comissão de Frente não estava trajada com as meias que compunham o figurino original. Pinturas foram feitas no lugar. O abre-alas perdeu a conexão de acoplamento já no começo do desfile e assim passou pelo primeiro módulo. Um alerta de incêndio no carro 3, fez com que a brigada acompanhasse a alegoria.
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Arranco do Engenho de Dentro - Na Avenida, cantou o enredo 'Mães que Alimentam o Sagrado', assinado pela carnavalesca Annik Salmon. Exaltou a figura feminina e, o trabalho da carnavalesca impondo sua criatividade para tirar da cabeça e do talento aquilo que o bolso não dá. E a ideia realmente deu liga. No conjunto, o Arranco fez um desfile de bom nível, compacta, porém, com canto irregular de algumas alas em relação ao carro de som. A escola teve que apressar nos minutos finais para passar no tempo limite e conseguiu, encerrando em 55 minutos, porém, a evolução irregular também deve custar décimos preciosos.
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Inocentes de Belford Roxo- Na apresentação do enredo enredo 'Ewe, a Cura Vem da Floresta', assinado pelo carnavalesco Cristiano Bara, pode se dizer que a escola da Baixada Fluminense fez uma apresentação recheada de deslizes que certamente a deixará em posições intermediárias.
Um problema na barra de direção do tripé da comissão de frente atrasou o início da apresentação. O elemento alegórico foi retirado da armação e não entrou na Avenida. Depois, um outro elemento alegórico que fazia parte do abre-alas também causou apreensão, impôs dificuldade para ser levado e teve o acoplamento solto, infringindo o regulamento do concurso. Ainda teve problemas em evolução, abrindo clarões em alguns setores e tendo de correr para concluir o tempo máximo permitido de desfile. Por alguns segundos, 12, ultrapassou os 55 minutos e perderá um décimo.
Unidos da Ponte - Por ter perdido quase todas as fantasias no incêndio na Maximus, uma dos maiores ateliês de escolas de samba, na Zona Norte do Rio, não será julgada, tendo também o direito de permanecer na Série Ouro em 2026. Com enredo sobre a relação do ser humano com a natureza, veio determinada, trazendo uma mensagem sobre os desafios ambientais e a importância do respeito aos recursos naturais. Em algumas alas, foi possível ver integrantes sem partes da fantasia. Carros também cruzaram a avenida desacoplados, o que poderia custar pontos. Nada mal para quem está, literalmente, renascendo das cinzas.

Estácio de Sá - Uma das mais tradicionais escolas do Carnaval do Rio de Janeiro, veio com tudo na apresentação do enredo 'O Leão Se Engerou em Encantado Amazônico', assinado pelo carnavalesco Marcus Paulo. E dividiu com a União de Maricá, o favoritismo ao acesso à elite na primeira noite de desfiles. Através da viagem pela Amazônia, trouxe carros e fantasias luxuosos, entre alas cadenciadas em perfeita harmonia. Não é exagero dizer que a passagem da vermelha e branca, em termos de evolução, foi ligeiramente superior à escola do Leste Fluminense. No entanto, notou-se um canto irregular em alguns pontos, que podem custar décimos preciosos à escola.
União de Maricá - Nem parecia que a escola estava apenas na segunda passagem pela Sapucaí pela Série Ouro. Entregou um desfile de grande impacto visual com alegorias imponentes e bem acabadas, além de fantasia luxuosas. Além do impacto estético, a escola se destacou pela narrativa bem construída do enredo, que foi contada de forma clara e envolvente ao longo do desfile. O tema “O Cavalo de Santíssimo e a Coroa do Seu Sete”, abordou a figura de Seu Sete, um Exu da umbanda carioca, desenvolvido, por Leandro Vieira, um dos mais talentosos e criativos da nova geração do Carnaval do Rio de Janeiro. A escola tem risco de perder apenas alguns pontos em evolução, por ter ficado parada em alguns momentos, provavelmente para cumprir o plano de desfiles e passar no dentro do tempo previsto no regulamento, o que aconteceu. Desprezando as acusações feitas por escolas do grupo, de que estaria sendo favorecida ao acesso, a agremiação cumpriu seu papel. Planejando fazer bonito da Sapucaí, a escola começou os ensaios técnicos em novembro.

Em Cima da Hora - Grata surpresa, a agremiação de Cavalcanti chegou com os primeiros raios de sol do sábado de Carnaval, mantendo o bom nível de apresentações a partir da passagem do Estácio de Sá. Porém, teve problemas na reta final. O segundo carro acabou raspando nas grades na altura do Setor 10. Depois, teve dificuldades na dispersão e atrasou a saída da última alegoria. Com isso, a Em Cima da Hora estourou em mais de 2 minutos o tempo máximo permitido pelo regulamento.

União da Ilha do Governador - Uma das mais tradicionais entre as grandes escolas do Rio de Janeiro manteve a 'pegada' envolvente de desfile, com canto forte para o bom samba apresentado no enredo “Ba-der-na! Maria do Povo”, que remete à passagem de Marietta Baderna ao Rio de Janeiro no Brasil colonial. Talvez o fato de desfilar já com o dia claro tenha influído no desfile, de altos e baixos, a começar pelo canto irregular entre as alas. Apesar do bom gosto nos quesitos plásticos, ocorreram alguns problemas que devem custar décimos para escola, como um queijo tombado no Abre-Alas, que passou dessa forma em mais de um dos módulos de julgamento.