Chegou a hora! Viradouro disputa título com Beija Flor, Grande Rio e Imperatriz
Mundo do samba vai conhecer hoje a campeã da nova era dos desfiles na Marquês de Sapucaí

O Carnaval de 2025 fica marcado por uma nova era no Grupo Especial da Marquês de Sapucaí, em que 12 agremiações, pela primeira vez, desfilaram em três dias, e não mais em 2. E agora é chegada a hora de conhecer a grande campeã, em transmissão que será feita ao vivo, pela TV Globo, diretamente da Cidade do Samba, a partir de 15 horas.
E mais uma vez, a abertura dos envelopes deverá ter uma disputa acirrada, com diferença de décimos entre as primeiras colocadas. Pode se dizer que Beija Flor, a melhor do segundo dia, e a Viradouro, no primeiro, junto com a Grande Rio, a melhor do terceiro, fizeram a diferença. Mas não se deve desprezar a força da Imperatriz e do Salgueiro, que tem tudo para estar no Desfile das campeãs, no próximo sábado. Quem deixou a desejar foi a Unidos da Tijuca e a Paraíso do Tuiuti, apesar da tradição e da experiência no mundo do samba, deixaram a desejar em relação a novata Unidos de Padre Miguel.
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Como foram desfiles
Unidos de Padre Miguel - Voltou a desfilar entre as grandes escolas após 52 anos. Ensaiou como nunca, apostando na grandiosidade e no luxo para tentar quebrar o estigma de que quem sobe no ano anterior, desce quando se apresenta na elite.

Notou-se um trabalho digno de aplausos e carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato. A escola teve cuidados extremos na concepção das alegorias quanto nas fantasias, resultando em um conjunto visual impactante, que mereceu aplausos do público. E manteve a marca registrada de cantar alto, transformando a apresentação em algo impressionante. Pode se dizer que o 'Boi Vermelho' fez a parte dela no desfile, para tentar afastar de vez o 'fantasma' que assombra quem sobe.

Imperatriz Leopoldinense - Um desfile que mais uma vez coloca a Imperatriz na briga pelo título. Com o enredo “Ómi Tútú ao Olúfon – Água Fresca para o Senhor de Ifón”, a Imperatriz passou linda, leve e solta, em 78 minutos pela pista de desfile. E também está na briga pelo título. A cada ano, o carnavalesco Leandro Vieira parece se renovar na criatividade e ousadia em seus enredos. A beleza plástica na combinação entre fantasias e alegorias ganharam novidades, como movimento e efeito de luz nos carros. E para completar, o que já era muito bom, o canto forte forte se fez presente, em uma passagem sem sustos, que credenciam a escola da Zona da Leopoldina e brigar pelo título.

Unidos do Viradouro - A Viradouro não é o que é por acaso. A manutenção de um 'time' experiente a cada Carnaval a faz realmente diferenciada. A vermelha e branca do Barreto levou para a avenida o enredo “Malunguinho – O Mensageiro de Três Mundos”, retratando a história de João Batista, figura mítica da resistência negra em Pernambuco, conhecido como Malunguinho. Logo no início do desfile, a comissão de frente, arrebatadora e com incrível organização, fruto de muitos ensaios, levou o público ao delírio. apostou em um desfile visualmente impactante, ressaltando a conexão entre Malunguinho e Xangô, orixá da justiça, com alegorias grandiosas e fantasias impecavelmente bem acabadas. Nem é preciso dizer que a vermelha e branca, em matéria de canto, 'sobra na turma' e faz o chão 'tremer' quando passa. A única coisa que preocupa é a evolução ligeiramente irregular, ora com os componentes acelerando em alguns momentos e também ficando parados em outros. Viradouro é sempre Viradouro e certamente volta nas campeãs.
Estação Primeira de Mangueira - Outra que deixou forte impressão, ao final do primeiro dia de desfiles na apresentação do enredo “À Flor da Terra, no Rio da Negritude entre Dores e Paixões”. Passou em exatos 79 minutos, dentro do tempo regulamentar, mostrando ser outra forte candidata a voltar entre as campeãs, no próximo sábado. A passagem da escola se deu de forma muito tranquila no geral, sem apresentar buracos e o canto também se destacou, com 'paradinhas' no carro de som, mostrando canto forte e entusiasmo. A exemplo do que aconteceu com a Viradouro é que a evolução ligeiramente irregular, com algumas paradas em demasia, devem tirar décimos preciosos da agremiação.

Segundo dia
Unidos da Tijuca - Com Com o enredo “Logun-Edé – Santo Menino Que Velho Respreita”, a escola do Morro do Borel encerrou seu desfile em 77 minutos. O samba, já muito badalado, na voz de Ito Melodia, foi um dos pontos altos, também com canto forte como destaque. As fantasias também, com bom acabamento e combinação de cores de bom gosto, fizeram a diferença. Mas a organização na pista, com passagem e evolução confusas, com buracos se abrindo entre as alas, devem comprometer e deixar a escola em posições intermediárias.

Beija-Flor de Nilópolis - A escola de Nilópolis esse ano veio 'mordida' e disposta a voltar a levantar um título que na elite do Carnaval. A apresentação do enredo “Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”, desenvolvido pelo carnavalesco João Vitor Araújo, para homenagear a figura que fez história na azul e branca e a transformou em uma potência do Carnaval, foi abraçado com entusiasmo pela comunidade, em passagem arrebatadora. Em termos de interatividade e comunicação com o público, talvez tenha sido a melhor, graças também ao conjunto da obra, com alegorias impressionantes, não apenas pela grandiosidade, mas também a combinação de cores e os efeitos de luz. E o canto, com Neguinho da Beija Flor, em tempo de despedida, puxando a massa humana com harmonia emocionante, era o 'combustível' que faltava para completar a noite perfeita para Nilópolis. É candidatíssima ao título.
Acadêmicos do Salgueiro - levou para a Sapucaí o enredo o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, encerrando o desfile com 78 minutos, sem sustos. Figurinos de extremo bom gosto do carnavalesco Jorge Silveira, aliados ao canto potente e as paradinhas da bateria foram destaques, em uma apresentação que poderia até se aproximar da perfeição, não fossem as pequenas falhas em alegorias, que em termos de grandiosidade, foram inferiores às outras escolas. É forte candidata a voltar no Desfile das Campeãs.

Vila Isabel - Em 77 minutos, passou, apresentando o enredo “O Homem que Enganou o Diabo… Virou Assombração!”, inspirado na lenda de Jack Lanterna, uma figura popular do Halloween, com 'marca registrada de Paulo Barros'. Um desfile vibrante e bem idealizado, com a comunidade do Macacos cantando forte, com o tradicional é competente carro de som liderado por 'Tinga'. A grandiosidade, e os efeitos especiais dignos dos filmes de ficção, com a 'cara' de Paulo Barros, também agradaram o público. Mas a evolução irregular e outros 'probleminhas' pontuais, como a queda do drone que compunha a comissão de frente, podem tirar décimos preciosos da Vila.
Terceiro dia
Mocidade Independente de Padre Miguel - Com o enredo "Voltando para o futuro – Não há limites para sonhar", de criado por Renato e Márcia Lage, apostava na témática que fez da escolas da zona oeste respeitada e dura adversária de ser vencida. A comissão de frente foi um dos destaques. O bom samba, rendeu na voz de Zé Paulo Sierra, sendo cantado também a plenos pulmões pela comunidade da Vila Vintém. Mas nem tudo foram flores na verde e branca, que com fantasias e alegorias mais simples que as concorrentes, apesar da beleza plástica, deve pontos nesse quesito. E o desenvolvimento do enredo também se mostrou confuso, o que deverá provocar a perda décimos preciosos.

Paraíso do Tuiuti - Da escola que está há alguns anos no Grupo Especial, chegando a conquistar um inédito vice-campeonato, no Carnaval de 2018, esperava-va se mais, na apresentação do enredo “Quem Tem Medo de Xica Manicongo?”, de Jack Vasconcelos. O tema original e que poderia ter feito a diferença, esbarrou em uma apresentação confusa, com início lento, abertura de um buraco, correria do meio para o final, e até um carro se chocando com as grades. A comunidade de São Cristóvão foi dormir preocupada com as notas que receberá hoje.

Grande Rio - No conjunto da obra, a melhor da noite, arrancando das arquibancadas o grito de campeã na apresentação do enredo “Pororocas Parawaras – As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”. Passou pela Sapucaí em 76 minutos. Mais uma vez, a dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo caprichou e mostrou porque são tão representativos no mundo do samba. Cada carro tinha composição visual tão minuciosa que era impossível desviar o olhar sem perder algum elemento. Além disso, a grandiosidade e a volumetria das alegorias ampliaram o impacto cênico da arrebatadora apresentação. Com desenvolvimento musical excepcional no carro de som, canto forte da comunidade, foi um desfile sólido, digno de quem vai, mais uma vez, disputar o título.

Portela - Foi emocionante ver a Portela homenagear um dos ícones da MPB Com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no Sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”. Passou em 76 minutos, encerrando, na madrugada dessa quarta-feira (5), os desfiles do Grupo Especial. Por causa da dificuldade de manobras com o abre-alas, abriu buracos e foi irregular, tanto na forma como passou, quanto no acabamento e apuro estético de algumas fantasias. Destaque para o bom trabalho do carro de som e também para o canto forte da comunidade de Oswaldo Cruz e Madureira. A presença nas campeãs pode não acontecer, mas na pior das hipóteses, ocupará a posições intermediárias.