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Flip 2025 confirma autor homenageado: veja quem

Evento retorna este ano ao seu período tradicional, de 30 de julho a 3 de agosto

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 27 de março de 2025 - 10:40
Paulo Leminski
Paulo Leminski -

Confirmado! Paulo Leminski será o escritor homenageado na 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), evento que retorna ao seu período tradicional, de 30 de julho a 3 de agosto. Ele é o primeiro autor nascido na região sul do Brasil a receber essa distinção. Atualmente, a Companhia das Letras publica grande parte de sua obra, enquanto editoras como Iluminuras, Arte & Letra e Editora da Unicamp também possuem seus livros em catálogo.

Desde a criação da Flip, a escolha de um autor homenageado tem sido uma tradição que incentiva novas leituras de sua produção literária. Já receberam essa honraria escritores como Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Ana Cristina Cesar, Hilda Hilst e Maria Firmina dos Reis. A trajetória e o legado do autor selecionado são explorados em profundidade no Ciclo do Autor Homenageado, evento realizado previamente em São Paulo.

Leminski foi um artista de múltiplas facetas. Autor do romance experimental Catatau, lançado nos anos 1970, também se destacou como tradutor inventivo, biógrafo meticuloso, publicitário, músico e judoca faixa preta. Apesar dessas diversas atividades, é mais lembrado por sua poesia de tom irreverente e acessível.

Mesmo em uma época sem internet, ele conseguiu estabelecer conexões e ampliar sua influência além de Curitiba (PR), sua cidade natal. Através de cartas, viagens desafiadoras e telefonemas intermináveis, Leminski se tornou uma presença marcante na cultura brasileira, atuando no mercado editorial com a editora Brasiliense e colaborando com músicos como Caetano Veloso, Moraes Moreira, Jorge Mautner, Guilherme Arantes e Itamar Assumpção.

"A poesia é uma expressão essencial para o Brasil, um país com uma forte ligação com a música. Leminski representa essa conexão como poucos, compreendendo profundamente a fusão entre essas artes para ampliar sua comunicação. Além disso, sua produção em prosa e seus textos críticos são fundamentais para entender um período da literatura brasileira, que transita entre o concretismo e a poesia marginal, a autopublicação e a democratização da escrita", afirma a curadora literária Ana Lima Cecilio, responsável pela escolha do homenageado da Flip 2025.

Vida e obra

Filho de Paulo Leminski e Áurea Pereira Mendes, Leminski tinha ascendência polonesa por parte paterna e uma herança cultural diversificada por parte materna, com raízes portuguesas, negras e indígenas. Nascido em Curitiba, estudou no Colégio Estadual do Paraná antes de passar um período no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde teve contato com latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Nos anos 1960, iniciou cursos de Direito e Letras e, em 1963, viajou a Belo Horizonte para participar da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda. Nesse evento, conheceu Haroldo de Campos, que se tornaria seu amigo e parceiro em diversos projetos, além de Augusto de Campos e Décio Pignatari, fundadores da poesia concreta.

Sua estreia literária aconteceu em 1964, com cinco poemas publicados na revista Invenção, editada por Pignatari. Em 1965, abandonou a faculdade e passou a lecionar história e redação em cursos pré-vestibulares, experiência que o inspirou a escrever seu primeiro romance, Catatau. 

O lançamento de Catatau, em 1975, consolidou sua reputação como um escritor inovador. Em 1976, publicou Quarenta clics em Curitiba, em parceria com Jack Pires, unindo poesia e fotografia. Em 1980, com o apoio de amigos, lançou Não fosse isso e era menos, não fosse tanto e era quase e, no mesmo ano, Polonaises. Até então, toda sua obra havia sido publicada de maneira independente. Esses dois livros, juntamente com outras produções posteriores, foram reunidos em Caprichos e relaxos, lançado em 1983 pela editora Brasiliense, com apoio do editor Luiz Schwarcz.

Além de sua produção autoral, Leminski se destacou como tradutor, trazendo ao público brasileiro obras como Pergunte ao pó, de John Fante. Também traduziu textos de Petrônio, James Joyce, Samuel Beckett e Yukio Mishima.

Escreveu biografias de figuras como Jesus Cristo, Matsuo Bashô (poeta japonês), Cruz e Sousa e Leon Trótski, reunidas posteriormente no volume Vida (Companhia das Letras, 2013). Outros livros de sua autoria incluem Agora é que são elas (1984), Hai Tropikais (1985), em coautoria com Alice Ruiz, e Distraídos venceremos (1987).

No universo musical, Leminski colaborou com artistas como Moraes Moreira, Itamar Assumpção, Zé Miguel Wisnik, Ivo Rodrigues, Fortuna, Edvaldo Santana, Guilherme Arantes e Marinho Galera. Suas composições foram interpretadas por nomes como Caetano Veloso, Ney Matogrosso, A Cor do Som, Paulinho Boca de Cantor, Zizi Possi, Zélia Duncan, Gilberto Gil, Ângela Maria, Ná Ozzetti, Arnaldo Antunes e Vítor Ramil.

Leminski faleceu em 7 de junho de 1989, devido a complicações causadas por uma cirrose hepática, deixando duas filhas, Áurea e Estrela Leminski.

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