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Fechamento do acesso ao Terminal de Niterói fecha lojas e prejudica comerciantes no Centro

Passagem que liga Shopping Bay Market a Terminal João Goulart ainda não tem previsão de reabertura; lojas que ocupam corredor precisaram demitir funcionário e fechar portas

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 28 de março de 2025 - 18:57
Passagem está fechada desde o último dia 13 de março; Prefeitura alega que "não resultou em prejuízos para a operação do Terminal"
Passagem está fechada desde o último dia 13 de março; Prefeitura alega que "não resultou em prejuízos para a operação do Terminal" -

Quem passa todos os dias pelo Terminal Rodoviário João Goulart, no Centro de Niterói, provavelmente foi pego de surpresa nas últimas semanas por uma mudança no acesso ao local. Desde o dia 13 de março, o tradicional corredor de acesso que conecta o Terminal ao Shopping Bay Market está interditado para manutenção, atendendo a um pedido da Prefeitura. Para os passageiros de coletivos, a interdição provocou só uma mudança na rota de saída do Terminal; já para comerciantes e lojistas que trabalham no local, a interdição tem significado, segundo eles, um possível risco de falência.

Pelo menos dois estabelecimentos instalados no local fecharam as portas após a interdição, que foi solicitada pela Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura. Segundo um comunicado deixado pelo órgão no local, o trecho foi fechado por conta das obras de “requalificação” da Av. Visconde do Rio Branco. No entanto, nas duas semanas desde o fechamento, o corredor em si não recebeu intervenções, que acontecem apenas no entorno.

Passagem foi fechada por conta de obras na Av. Visconde do rio Branco, segundo Prefeitura
Passagem foi fechada por conta de obras na Av. Visconde do rio Branco, segundo Prefeitura |  Foto: Enzo Britto

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Enquanto isso, nas lojas que continuam abertas, o número de vendas diminuiu em pelo menos 80%, de acordo com o relato dos lojistas. Todos eles precisaram fazer cortes na folha de funcionários. A empreendedora Simone Souza, de 38 anos, conta que o impacto nos rendimentos foi tão grande que precisou demitir todos os dez funcionários que trabalhavam na loja de acessórios para eletrônicos que ela administra.

“Se a gente vendia em média, das 7h às 14h, por exemplo, uns R$ 2.000, agora nesse mesmo tempo a gente não vendeu nem R$ 200. Só eu e meu companheiro estamos aqui, lutando para manter aberto. Só aqui na loja foram dez famílias afetadas; nossos funcionários ficaram desempregados simplesmente porque, de uma hora para outra, não tínhamos condições de pagá-los”, conta Simone.

Uma funcionária de outro estabelecimento no local, que preferiu não ser identificada, explica que os comerciantes que atuam por lá não foram procurados previamente pelas autoridades. “A gente só escuta boatos. Não fomos avisados antes. Não fomos informados quando vão reabrir. Meu patrão disse que não foi informado o que ficou resolvido. Ele já diminuiu a carga horária, quantidade de funcionários... Todo mundo está reclamando, até os passageiros, que precisam dar a volta, passar pelo calor ou pela chuva para entrar no terminal”, afirma.

"Se a gente vendia em média, das 7h às 14h, por exemplo, uns R$ 2.000, agora nesse mesmo tempo a gente não vendeu nem R$ 200", conta lojista
"Se a gente vendia em média, das 7h às 14h, por exemplo, uns R$ 2.000, agora nesse mesmo tempo a gente não vendeu nem R$ 200", conta lojista |  Foto: Enzo Britto

O uso do espaço pelos estabelecimentos, apesar de regulamentado, já foi alvo de disputas judiciais com a Prefeitura. De acordo com os lojistas, o Executivo local já tentou barrar a permissão de estabelecimentos no trecho, mas o funcionamento das lojas não chegou a ser proibido legalmente. Alguns comerciantes acreditam que a interdição pode ter relação com as questões legais passadas.

“Não podemos afirmar, mas fica parecendo um pretexto para fechar o comércio local. Já teve disputa legal no passado, quando eles [Prefeitura] pediram na Justiça para tirar os lojistas daqui e a gente conseguiu entrar com uma liminar para seguir trabalhando. Agora, fica parecendo que estão usando a revitalização para tentar de novo nos tirar. Nós fazemos tudo certo; temos empresa registrada, carteiras assinadas, pagamos aluguel, luz, todas as despesas… Queremos trabalhar, mas fica difícil com a pressão de uma força maior”, conta Simone.

O caso foi levado à Câmara dos Vereadores. O vereador Michel Saad (Podemos), que é presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara, disse que levou a pauta para sessão e que pretende continuar acompanhando o caso.

“É uma covardia. A Comissão está lutando para que a gente possa reparar esse dano imediatamente, o mais rápido possível, e retirar a ordem de fechamento, tanto da lateral do Bay Market quanto da lateral do terminal. A prefeitura, em sua defesa no plenário através de vereador de base, diz que esse fechamento da lateral foi para proteger os pedestres da obra que está acontecendo, mas, na realidade, dentro do corredor não acontece obra nenhuma. E o que está acontecendo? As pessoas estão passando por fora do corredor, onde justamente existe um canteiro de obras. As pessoas estão passando no meio do cimento, de pedra, de areia”, disse o parlamentar.

Procurada, a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura da Prefeitura de Niterói disse que “o fechamento da lateral foi necessário por questões de segurança para preservar os usuários do Terminal” e que a interdição “não resultou em prejuízos para a operação do Terminal”.

“O fechamento da lateral do Terminal João Goulart ocorreu em razão da realização de melhorias nas áreas públicas previstas no projeto de revitalização da Avenida Visconde do Rio Branco. A lateral ficará fechada enquanto as obras estiverem em andamento”, afirmou o órgão, em nota.

Passagem fechada conectava Terminal João Goulart ao Shopping Bay Market
Passagem fechada conectava Terminal João Goulart ao Shopping Bay Market |  Foto: Enzo Britto

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