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Moradora do Porto da Pedra está há três meses sem água após obra irregular da concessionária

Erro da Águas do Rio levou moradora à Justiça

relogio min de leitura | Escrito por Cristine Oliveira | 15 de abril de 2025 - 15:00
Moradora do número 32, fundos, é a única do terreno com três residências que permanece sem abastecimento
Moradora do número 32, fundos, é a única do terreno com três residências que permanece sem abastecimento -

Há mais de três meses, a moradora Alexandra da Matta, da Travessa Rita de Cássia, no bairro Porto da Pedra, em São Gonçalo, sofre com a interrupção no abastecimento de água em sua residência. O problema começou após a concessionária Águas do Rio realizar a troca do hidrômetro sem autorização, apresentando um documento assinado por uma pessoa já falecida. Desde então, a moradora sofre com vazamentos, mudança indevida da instalação e ausência de solução por parte da empresa, o que a levou a acionar a Justiça.

Sem água encanada, Alexandra depende da ajuda de familiares para tarefas básicas como lavar roupa e cozinhar
Sem água encanada, Alexandra depende da ajuda de familiares para tarefas básicas como lavar roupa e cozinhar |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

De acordo com Alexandra, de 52 anos, a situação teve início em novembro de 2024, quando funcionários da Águas do Rio instalaram o hidrômetro ao nível do chão, sem qualquer comunicação prévia. Dias depois, o abastecimento foi restabelecido e um vazamento foi identificado. A concessionária retornou ao imóvel e reinstalou o medidor no local anterior, na parede. No entanto, o ramal original já havia sido desativado, impossibilitando o fornecimento de água à residência.


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“Desde novembro de 2024, venho enfrentando dificuldades com o abastecimento de água em minha residência. O hidrômetro foi remanejado para a calçada no dia em que não havia água na rua. Dias depois, o abastecimento foi restabelecido e foi identificado um vazamento. Informei à operadora Águas do Rio sobre o problema. Técnicos vieram à minha residência e reinstalaram o medidor no local anterior (na parede), mas esse ramal já havia sido interrompido para o abastecimento”, explicou a moradora.

Hidrômetro foi instalado na calçada sem autorização da moradora
Hidrômetro foi instalado na calçada sem autorização da moradora |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

O trabalho de remoção do hidrômetro para a calçada, em novembro de 2024, não havia sido autorizado por Alexandra. Entretanto, a concessionária Águas do Rio alega que entregou o documento para sua irmã, falecida em julho de 2023.

“Houve uma troca de hidrômetro sem autorização, na época. Eu estava no trabalho e, quando cheguei em casa à noite, vi a calçada quebrada e o hidrômetro fora do lugar, sem prévia autorização. Encontrei uma OS na caixa de correios alegando que quem autorizou foi Lucia Helena da Matta, falecida em 27/07/2023. Eles citam o nome dela duas vezes: como quem ‘acompanhou a ocorrência’ e quem ‘entregou a notificação’, ou seja, quem teria recebido a autorização. Isso porque essa conta, anteriormente, estava em nome dela. Na casa ao lado, onde mora minha irmã, a conta também está no nome da Lucia Helena da Matta. Então eles acham que ela está viva, porque a conta da minha irmã ainda está no nome dela. Eles pegaram o nome, viram que era o hidrômetro anterior da casa térrea, e colocaram no documento”, relatou a moradora.

Documento apresentado pela concessionária tem assinatura de pessoa falecida em 2023, segundo a moradora
Documento apresentado pela concessionária tem assinatura de pessoa falecida em 2023, segundo a moradora |  Foto: Divulgação

Ainda segundo a moradora, no terreno onde vive há três residências — térreo, sobrado e fundos —, o ramal que abastece as casas foi instalado apenas em duas, deixando a sua residência de fora.

“Foi construído um novo ramal e a companhia deixou somente a minha residência de fora. Onde moro, são três residências com o número 32”, disse a moradora, que reside no número 32, fundos, única que não é abastecida.

Alexandra relata que, no dia em que os técnicos foram à rua instalar os ramais, pediu que ligassem a tubulação para sua residência, o que não foi atendido.

“Menos de três metros de tubulação resolveriam o meu problema. Eu implorei para que colocassem a minha residência nesse ramal”, contou Alexandra.

Após denúncia de vazamento, equipamento foi reinstalado na parede, mas ramal antigo já estava desativado
Após denúncia de vazamento, equipamento foi reinstalado na parede, mas ramal antigo já estava desativado |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

Mesmo sem receber água, Alexandra continua recebendo mensalmente a cobrança no valor de R$ 149,50, referente ao consumo de 15 metros cúbicos. Outro ponto de insatisfação é que, segundo ela, todas as reclamações são registradas no sistema da empresa, mas nenhuma equipe técnica retorna ao local para verificar o problema. Cansada da falta de resposta, ela decidiu recorrer à Justiça.

Ela ainda relata que, no dia 14 de novembro, funcionários da Águas do Rio arrombaram o cadeado que protegia o hidrômetro, quebraram a calçada e realizaram a troca sem autorização legal. “Eles não tinham permissão para fazer isso. O meu hidrômetro era protegido por grade e cadeado. Chegaram, arrombaram e mudaram tudo, colocando como se a falecida Lucia Helena tivesse autorizado. Foi aí que decidi levar o caso à Justiça”, afirmou.

Desde então, Alexandra depende da ajuda das irmãs, que moram no mesmo terreno e têm abastecimento normal, para realizar tarefas básicas do dia a dia, como lavar roupa, beber água e limpar a casa. Enquanto isso, sua alimentação se resume a pedidos por delivery. Diante da situação, ela cogita deixar sua residência própria em busca de mais dignidade.

Serviço causou vazamento e interrompeu o abastecimento
Serviço causou vazamento e interrompeu o abastecimento |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

Procurada, a Águas do Rio informou que equipes estão atuando no local para normalizar o abastecimento e esclareceu que entrará em contato com a cliente para realizar as devidas tratativas. A concessionária reforçou que segue à disposição da população pelo número 0800 195 0 195, para ligações gratuitas ou mensagens via WhatsApp.

Sob supervisão de Marcela Freitas 

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