Moradora do Porto da Pedra está há três meses sem água após obra irregular da concessionária
Erro da Águas do Rio levou moradora à Justiça

Há mais de três meses, a moradora Alexandra da Matta, da Travessa Rita de Cássia, no bairro Porto da Pedra, em São Gonçalo, sofre com a interrupção no abastecimento de água em sua residência. O problema começou após a concessionária Águas do Rio realizar a troca do hidrômetro sem autorização, apresentando um documento assinado por uma pessoa já falecida. Desde então, a moradora sofre com vazamentos, mudança indevida da instalação e ausência de solução por parte da empresa, o que a levou a acionar a Justiça.

De acordo com Alexandra, de 52 anos, a situação teve início em novembro de 2024, quando funcionários da Águas do Rio instalaram o hidrômetro ao nível do chão, sem qualquer comunicação prévia. Dias depois, o abastecimento foi restabelecido e um vazamento foi identificado. A concessionária retornou ao imóvel e reinstalou o medidor no local anterior, na parede. No entanto, o ramal original já havia sido desativado, impossibilitando o fornecimento de água à residência.
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“Desde novembro de 2024, venho enfrentando dificuldades com o abastecimento de água em minha residência. O hidrômetro foi remanejado para a calçada no dia em que não havia água na rua. Dias depois, o abastecimento foi restabelecido e foi identificado um vazamento. Informei à operadora Águas do Rio sobre o problema. Técnicos vieram à minha residência e reinstalaram o medidor no local anterior (na parede), mas esse ramal já havia sido interrompido para o abastecimento”, explicou a moradora.

O trabalho de remoção do hidrômetro para a calçada, em novembro de 2024, não havia sido autorizado por Alexandra. Entretanto, a concessionária Águas do Rio alega que entregou o documento para sua irmã, falecida em julho de 2023.
“Houve uma troca de hidrômetro sem autorização, na época. Eu estava no trabalho e, quando cheguei em casa à noite, vi a calçada quebrada e o hidrômetro fora do lugar, sem prévia autorização. Encontrei uma OS na caixa de correios alegando que quem autorizou foi Lucia Helena da Matta, falecida em 27/07/2023. Eles citam o nome dela duas vezes: como quem ‘acompanhou a ocorrência’ e quem ‘entregou a notificação’, ou seja, quem teria recebido a autorização. Isso porque essa conta, anteriormente, estava em nome dela. Na casa ao lado, onde mora minha irmã, a conta também está no nome da Lucia Helena da Matta. Então eles acham que ela está viva, porque a conta da minha irmã ainda está no nome dela. Eles pegaram o nome, viram que era o hidrômetro anterior da casa térrea, e colocaram no documento”, relatou a moradora.

Ainda segundo a moradora, no terreno onde vive há três residências — térreo, sobrado e fundos —, o ramal que abastece as casas foi instalado apenas em duas, deixando a sua residência de fora.
“Foi construído um novo ramal e a companhia deixou somente a minha residência de fora. Onde moro, são três residências com o número 32”, disse a moradora, que reside no número 32, fundos, única que não é abastecida.
Alexandra relata que, no dia em que os técnicos foram à rua instalar os ramais, pediu que ligassem a tubulação para sua residência, o que não foi atendido.
“Menos de três metros de tubulação resolveriam o meu problema. Eu implorei para que colocassem a minha residência nesse ramal”, contou Alexandra.

Mesmo sem receber água, Alexandra continua recebendo mensalmente a cobrança no valor de R$ 149,50, referente ao consumo de 15 metros cúbicos. Outro ponto de insatisfação é que, segundo ela, todas as reclamações são registradas no sistema da empresa, mas nenhuma equipe técnica retorna ao local para verificar o problema. Cansada da falta de resposta, ela decidiu recorrer à Justiça.
Ela ainda relata que, no dia 14 de novembro, funcionários da Águas do Rio arrombaram o cadeado que protegia o hidrômetro, quebraram a calçada e realizaram a troca sem autorização legal. “Eles não tinham permissão para fazer isso. O meu hidrômetro era protegido por grade e cadeado. Chegaram, arrombaram e mudaram tudo, colocando como se a falecida Lucia Helena tivesse autorizado. Foi aí que decidi levar o caso à Justiça”, afirmou.
Desde então, Alexandra depende da ajuda das irmãs, que moram no mesmo terreno e têm abastecimento normal, para realizar tarefas básicas do dia a dia, como lavar roupa, beber água e limpar a casa. Enquanto isso, sua alimentação se resume a pedidos por delivery. Diante da situação, ela cogita deixar sua residência própria em busca de mais dignidade.

Procurada, a Águas do Rio informou que equipes estão atuando no local para normalizar o abastecimento e esclareceu que entrará em contato com a cliente para realizar as devidas tratativas. A concessionária reforçou que segue à disposição da população pelo número 0800 195 0 195, para ligações gratuitas ou mensagens via WhatsApp.
Sob supervisão de Marcela Freitas